Trabalho de resgate após terremoto na Turquia e na Síria avança lentamente; número de mortos passa de 5.000
Por Ece Toksabay e Huseyin Hayatsever
ANTÁQUIA, Turquia (Reuters) - Equipes de resgate sobrecarregadas trabalhavam para salvar pessoas presas sob os escombros enquanto o número de mortos em um terremoto devastador na Turquia e na Síria passou de 5.000 nesta terça-feira, com o desespero aumentando e a escala do desastre dificultando os esforços de socorro.
O terremoto de magnitude 7,8 --o mais mortal na Turquia desde 1999-- ocorreu na manhã de segunda-feira, derrubando milhares de edifícios, incluindo muitos blocos de apartamentos, destruindo hospitais e deixando milhares de pessoas feridas ou desabrigadas em cidades turcas e sírias.
Na cidade turca de Antáquia, perto da fronteira com a Síria, onde prédios de 10 andares desmoronaram nas ruas, jornalistas da Reuters viram o trabalho de resgate sendo conduzido entre dezenas de montes de escombros.
A temperatura estava quase congelando em meio à chuva e não havia eletricidade ou combustível na cidade.
Autoridades turcas dizem que cerca de 13,5 milhões de pessoas foram afetadas em uma área de aproximadamente 450 km, de Adana, no oeste, a Diyarbakir, no leste, e 300 km de Malatya, no norte, até Hatay, no sul. Na Síria, as autoridades relataram mortes no extremo sul até Hama, a cerca de 100 km do epicentro.
Na Turquia, o número de mortos subiu para 3.419 pessoas, disse o vice-presidente Fuat Oktay, acrescentando que o clima severo está dificultando o envio de ajuda às regiões.
Na Síria, onde o terremoto causou mais danos à infraestrutura já devastada por 11 anos de guerra, o número de mortos é de pouco mais de 1.600, segundo o governo e um serviço de resgate no noroeste controlado por rebeldes.
O clima gelado do inverno dificultava os esforços de busca durante a noite. A voz de uma mulher foi ouvida pedindo ajuda sob uma pilha de escombros na província de Hatay, no sul da Turquia. Perto dali, o corpo de uma criança pequena jazia sem vida.
Chorando na chuva, um morador que se identificou como Deniz apertava as mãos em desespero.
"Eles estão fazendo barulho, mas ninguém está vindo", disse ele. "Estamos devastados, estamos devastados. Meu Deus... Eles estão gritando. Eles estão dizendo: 'Salve-nos', mas não podemos salvá-los. Como vamos salvá-los?"
As famílias dormiam em carros enfileirados nas ruas.
Ancara declarou um "alarme de nível 4" que pede assistência internacional, mas não um estado de emergência que levaria à mobilização em massa dos militares.
A Autoridade de Gerenciamento de Emergências e Desastres da Turquia (Afad) disse que 5.775 prédios foram destruídos no terremoto, que foi seguido por 285 tremores secundários, e que 20.426 pessoas ficaram feridas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está especialmente preocupada com as áreas da Turquia e da Síria onde nenhuma informação surgiu desde o terremoto.
"Agora é uma corrida contra o tempo", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. "A cada minuto, a cada hora que passa, as chances de encontrar sobreviventes diminuem."
Na cidade síria de Hama, Abdallah al Dahan contou que os funerais de várias famílias que morreram estavam ocorrendo nesta terça-feira.
"É uma cena assustadora em todos os sentidos", disse Dahan, contatado por telefone.
"Em toda a minha vida nunca vi nada assim, apesar de tudo o que nos aconteceu", acrescentou. Mesquitas abriram suas portas para famílias cujas casas foram danificadas.
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