Indústria do Brasil fica estagnada em dezembro e fecha 2022 com perdas de 0,7%
Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A produção industrial brasileira registrou estagnação em dezembro e encerrou 2022 com queda acumulada no ano, indicando que deve seguir patinando em 2023 diante dos juros elevados, das incertezas econômicas e do crescimento global fraco.
O resultado de dezembro ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters, e deixa o setor 2,2% abaixo do patamar pré-pandemia da Covid-19 (fevereiro de 2020) e 18,5% abaixo do nível recorde da série, de maio de 2011.
Os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram ainda que, em relação ao mesmo mês do ano anterior, o setor apresentou recuo de 1,3% na produção, contra expectativa de retração de 1,1%.
Assim, o setor, que vem apresentando mais dificuldade de recuperação, fechou o ano com perdas acumuladas de 0,7%, depois de avançar 3,9% em 2021 e de contrair 1,1% em 2019 e 4,5% em 2020 (-4,5%).
O gerente da pesquisa, André Macedo, destaca que a indústria tem comportamento predominantemente negativo nos últimos anos, lembrando que o crescimento de 2021 tem relação direta com a queda significativa de 2020 por conta do início da pandemia.
Depois de alguns resultados positivos no início do ano com ajuda de incentivos do governo ao setor e à renda, a indústria passou a mostrar fraqueza no segundo semestre, passando a sentir com mais intensidade o aperto monetário que tirou a taxa básica de juros Selic de 2% para os atuais 13,75%.
“Também há influência do aumento nas taxas de inadimplência e de endividamento. E o mercado de trabalho, que embora tenha mostrado clara recuperação ao longo do ano, ainda se caracteriza pela precarização dos postos de trabalhos gerados”, afirmou Macedo.
O cenário para 2023, além dos custos de empréstimos elevados, inclui ainda a perspectiva de crescimento global mais fraco, e incertezas ao menos por enquanto sobre a condução da política econômica.
Em dezembro, as influências positivas de maior destaque vieram de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,4%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (9,1%). Por outro lado, apresentaram queda produtos alimentícios (-2,6%) e metalurgia (-5,1%).
Entre as categorias econômicas, somente a fabricação de Bens Intermediários recuou, a uma taxa de 2,1%, enquanto Bens de Capital avançaram 1,8% e Bens de Consumo tiveram ganho de 2,2%.
Já no ano de 2022 o recuo teve como maior influência as perdas de 3,2% do setor de indústrias extrativas, puxado pelo minério de ferro.
Todas as grandes categorias econômicas tiveram resultados negativos no acumulado do ano passado: Bens Intermediários de 0,7%, Bens de Capital de 0,3% e Bens de Consumo de 0,8%.
0 comentário
![Taxas de juros futuros voltam a subir com alta do dólar e dos rendimentos dos Treasuries](https://cdn.noticiasagricolas.com.br/dbimagens/thumbs/400x200-ar/juros-bzsmB.png)
Taxas de juros futuros voltam a subir com alta do dólar e dos rendimentos dos Treasuries
![Receita do setor de mineração do Brasil cresce 8% no 1º semestre](https://cdn.noticiasagricolas.com.br/dbimagens/thumbs/400x200-ar/veiculos-nao-tripulados-removem-rejeitos-de-minera-H3YP4.jpg)
Receita do setor de mineração do Brasil cresce 8% no 1º semestre
![Brasil tem fluxo cambial negativo de US$834 milhões em julho até dia 19, diz BC](https://cdn.noticiasagricolas.com.br/dbimagens/thumbs/400x200-ar/3640bc475216984128e021aa8f593876.jpg)
Brasil tem fluxo cambial negativo de US$834 milhões em julho até dia 19, diz BC
![Índices de ações na Europa terminam em baixa após balanços decepcionantes](https://cdn.noticiasagricolas.com.br/dbimagens/thumbs/400x200-ar/borsa-europa-2-yY9eW.jpg)
Índices de ações na Europa terminam em baixa após balanços decepcionantes
![Prejuízos por enchentes no Rio Grande do Sul superam US$ 2 Bilhões, aponta Aon](https://cdn.noticiasagricolas.com.br/dbimagens/thumbs/400x200-ar/32cca2df3756c079a14d7ba530cd299a.jpg)
Prejuízos por enchentes no Rio Grande do Sul superam US$ 2 Bilhões, aponta Aon
![Banco Central não quer acabar com papel-moeda, diz Campos Neto](https://cdn.noticiasagricolas.com.br/dbimagens/thumbs/400x200-ar/f5a5d83e27f2027e0e488a05a91be69b.jpg)
Banco Central não quer acabar com papel-moeda, diz Campos Neto