Poupança fecha 2022 com saque líquido recorde de R$103 bi
BRASÍLIA (Reuters) - A caderneta de poupança recebeu um depósito líquido de 6,259 bilhões de reais em dezembro, mas o investimento acumulou em 2022 um resgate de 103,2 bilhões de reais, quase o dobro da maior perda anual já registrada até então, mostraram números do Banco Central atualizados nesta quinta-feira.
As perdas da aplicação no ano ocorreram em meio à elevação da taxa de juros pelo Banco Central para controlar a inflação, o que contribuiu para reduzir a competitividade da poupança frente a investimentos em renda fixa.
No ano passado, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) registrou um saque líquido no valor de 80,9 bilhões de reais, enquanto a poupança rural acumulou uma retirada de 22,3 bilhões de reais. Os dois valores foram os maiores da série do Banco Central, com início em 1995.
Ao longo do ano o BC deu continuidade ao ciclo de aperto monetário iniciado em março de 2021, quando a taxa básica de juros estava em 2%, menor nível da história. A taxa foi elevada em 4,5 pontos percentuais no ano passado, e está atualmente em 13,75%.
Além de reduzir a disponibilidade de renda das famílias disponível para investimentos, ao encarecer o crédito e desaquecer a economia, a alta dos juros também afeta diretamente o rendimento da poupança. Com a Selic acima de 8,5% ao ano, os depósitos na poupança têm rendimento fixo de 0,5%, ou 6,17% ao ano, acrescido da taxa referencial (TR), o que deixa a remuneração mais baixa do que outros investimentos de renda fixa.
Em 2021, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chegou a afirmar que a autoridade monetária estudava alterar nas regras de correção da poupança, em meio a uma preocupação com o volume de saques, mas frisou que isso teria que ser feito de forma lenta e em etapas para não criar ruptura no financiamento. Boa parte dos recursos da poupança são obrigatoriamente destinados pelas instituições financeiras ao financiamento imobiliário.
Até então, o maior saque anual na poupança havia sido registrado em 2015, quando a Selic também estava em alta, no valor de 53,6 bilhões de reais. Em 2021, o investimento já havia sofrido uma perda expressiva, de 34,8 bilhões de reais, após ter registrado no ano anterior um depósito recorde de 125,3 bilhões de reais, em um cenário de juros baixos e de pagamentos bilionários pelo governo de auxílio emergencial em meio à pandemia da Covid-19.
(Por Isabel Versiani)
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