Dólar cai mais de 1% frente ao real com continuação de ajuste e acenos do governo Lula
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava mais de 1% frente ao real nesta quinta-feira, conforme investidores continuavam ajustando posições na esteira de disparada da moeda no início da semana, reverberando ainda acenos do novo governo à manutenção de reformas e outras medidas de gestões anteriores.
Às 10:21 (de Brasília), o dólar à vista recuava 1,04%, a 5,3947 reais na venda, depois de ter saltado mais de 3% no acumulado das duas primeiras sessões da semana. Na véspera, a divisa norte-americana já havia interrompido o rali recente ao fechar com variação negativa de 0,04%, a 5,4513 reais na venda.
Na B3, às 10:21 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,66%, a 5,4245 reais.
Segundo Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, os ativos brasileiros ganharam fôlego "após membros do governo reverterem diversos discursos de posse que tanto influenciaram as reações negativas dos investidores".
Ele destacou a fala do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que disse não haver nenhuma proposta sendo pensada nesse momento para revisão de reformas, incluindo a da Previdência. Mais cedo nesta semana, críticas do novo ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, à reforma da Previdência do governo Jair Bolsonaro haviam azedado o humor dos investidores.
Além disso, o senador Jean Paul Prates (PT-RN), indicado pelo novo governo para comandar a Petrobras, disse que não haverá intervenção nos preços dos combustíveis.
"No ano passado, o PT fez uma série de 'balões de ensaio' com o mercado financeiro, como fazia no passado, testando nomes, propostas e números e, aparentemente, continua a atuar em tal expediente... Quando (o mercado) reage negativamente a tais discursos desastrados e propostas fora da realidade e afetando os ativos, ocorrem os recuos como o observados ontem", escreveu Vieira.
Após divergências públicas entre ministros, Lula marcou para sexta-feira sua primeira reunião ministerial, onde pretende iniciar a articulação do governo. Agentes do mercado enxergam o encontro como uma tentativa do presidente de "colocar ordem na casa", e devem ficar atentos a qual será o tom das autoridades após o alinhamento desta semana.
"O mercado local segue afetado pelos discursos políticos e sinalizações sobre os próximos passos do novo governo", disse o Banco Inter em nota, chamando a atenção para um cenário misto no exterior.
Os futuros de Wall Street tinham pouca alteração nesta manhã, enquanto o índice do dólar contra uma cesta de seis pares fortes operava em leve alta, um dia depois de o Federal Reserve divulgar a ata de sua última reunião de política monetária.
O documento mostrou que todas as autoridades presentes na reunião de política monetária de 13 e 14 de dezembro concordaram que o banco central dos Estados Unidos deveria diminuir o ritmo de seus aumentos agressivos da taxa básica de juros, permitindo que o custo do crédito continue a ser elevado para controlar a inflação, mas de maneira gradual para limitar riscos ao crescimento econômico.
Segundo o Inter, houve uma "releitura" da ata do Fed de que o banco central "segue preocupado com inflação, mas deve reduzir o ritmo (de aperto) e não prejudicar tanto a economia".
0 comentário
Lula diz que pretende assinar acordo Mercosul-UE ainda este ano, mesmo sem apoio da França
Para manter jovens no campo, CRA aprova programa e crédito para agricultores
Comissão de Educação do Senado debaterá 'viés político e ideológico' contra agronegócio em livros didáticos
Senadores reagem a deputado francês que comparou carne do Brasil a lixo
Rússia diz que corte de apoio militar à Ucrânia por Trump seria “sentença de morte” para militares ucranianos
Petróleo fica estável após aumento surpreendente nos estoques de gasolina dos EUA