Dólar avança ante real após mudança na Lei das Estatais
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar avançava frente ao real nesta quarta-feira, depois que a Câmara aprovou na véspera uma mudança na Lei das Estatais que reduz para apenas um mês a quarentena obrigatória para que pessoas vinculadas à estrutura decisória de partidos políticos ou de campanhas eleitorais assumam cargos em empresas estatais.
A proposta, que segue agora para o Senado, foi aprovada no mesmo dia em que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou o ex-senador e ex-ministro Aloizio Mercadante como futuro presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), num movimento que desagradou o mercado financeiro.
Às 10:06 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,72%, a 5,3482 reais na venda. No pico do dia, a moeda chegou a saltar 1,20%, a 5,3737 reais.
Na B3, às 10:06 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,94%, a 5,3645 reais.
"O principal destaque negativo do noticiário noturno foi a aprovação repentina da Lei das Estatais, que diminui a quarentena de políticos indicados a ocupar cargos nas empresas públicas", disse a Guide Investimentos em nota a clientes. "A 'Emenda Mercadante' vem para permitir a nomeação do ex-ministro ao BNDES, mas abre espaço para mais indicações políticas."
Segundo participantes do mercado, a nomeação de Mercadante para ocupar o comando de uma estatal sinaliza uma política econômica mais desenvolvimentista do governo eleito, com expansão do gasto público para impulsionar o crescimento.
Enquanto isso, o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, depois de confirmar na véspera que o economista Gabriel Galípolo será seu secretário-executivo, anunciou o economista Bernard Appy como secretário especial para a reforma tributária. Esse é um tema que o ex-prefeito de São Paulo colocou como prioritário para sua gestão e que deverá caminhar junto com a reformulação do arcabouço fiscal.
No geral, o nome de Appy foi bem recebido pelos mercados, embora Galípolo seja visto como mais alinhado à visão desenvolvimentista de Haddad.
No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de moedas fortes caía ligeiramente, ainda refletindo dados norte-americanos de inflação da véspera mais fracos do que o esperado, que reforçaram a expectativa de que o Federal Reserve, banco central dos EUA, desacelerará o ritmo de seu aperto monetário na reunião que se encerra nesta quarta-feira.
"Esses números reforçam cenário de uma redução no ritmo das altas... e provavelmente facilitará a orientação futura no comunicado pós-reunião, sugerindo que as taxas de juros estão próximas de níveis suficientemente altos para esfriar a demanda agregada e garantir a convergência da inflação de volta à meta", disse a XP Investimentos em nota.
O Fed provavelmente elevará os juros em 0,50 ponto percentual ao fim de sua reunião nesta tarde, após promover altas de 0,75 ponto em cada um de seus últimos três encontros.
Na véspera, a moeda norte-americana à vista fechou com variação negativa de 0,04%, a 5,3098 reais na venda.
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