Dólar oscila em meio a especulações sobre economia no pós-eleição

Publicado em 30/09/2022 16:49

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(Reuters) - O dólar ainda tinha leve queda na tarde desta sexta-feira, depois de cair mais de 1% após notícias sobre ida do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles a um eventual futuro governo Lula amenizarem preocupações de investidores sobre os rumos da política macrofiscal em caso de vitória do petista nas eleições.

Os relatos, contudo, foram negados por Meirelles posteriormente, o que fez o dólar cortar muito das perdas.

Às 16:34 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,22%, a 5,3816 reais na venda. Na mínima, caiu a 5,329 reais, baixa de 1,20%, momento em que a moeda brasileira ocupou o topo da lista de ganhos nos mercados globais de câmbio.

Na máxima intradiária, a cotação subiu 0,65%, a 5,4287 reais.

O site da revista Veja publicou nesta sexta-feira que importantes membros da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dão como certa a nomeação de Meirelles como ministro da Fazenda em caso de êxito petista no pleito. O anúncio seria feito nas próximas semanas, independentemente do resultado do primeiro turno.

Em entrevista nesta tarde à TC Rádio, do Traders Club, uma plataforma de investidores, Meirelles negou ter recebido convite direto para participar do governo Lula.

"Meirelles seria uma belíssima escolha, mas ainda há muito a ser definido", disse Joaquim Kokudai, gestor na JPP Capital, chamando atenção para a imagem de credibilidade e austeridade fiscal passada pelo ex-ministro ao mercado financeiro.

"Mas o mercado tem aquela dinâmica de ser meio exagerado também. Eu já achava que com a eleição chegando os preços deveriam estar melhores, porque de toda forma de quem vencer não se espera uma guinada no fiscal", completou.

Há dez dias, Meirelles disse não ter sido sondado para voltar ao governo em caso de vitória de Lula nas eleições de outubro, mas deixou a porta aberta para tanto ao ressaltar ter excelentes relações com ele.

O rumo da política fiscal no próximo ano é um dos pontos que mais centralizam os debates entre investidores, cuja confiança já foi abalada por sucessivas flexibilizações do teto de gastos --instrumento tido como âncora fiscal e de autoria do próprio Meirelles durante o governo Temer--, pelo aumento de despesas sociais e, sobretudo, pela perspectiva de que esses gastos adicionais, previstos para serem temporários, se tornem permanentes.

"(Meirelles) daria para o Lula a credibilidade de que ele precisa para gastar mais ano que vem", disse um gestor de uma grande asset em São Paulo, ponderando, contudo, que a austeridade fiscal de Meirelles entra em colisão com os discursos mais recentes do petista sobre ser contra o teto de gastos e gastar mais com social.

"A dúvida que fica é se vão conseguir se encontrar no meio do caminho ou em alguma ponta."

O mercado já havia repercutido positivamente dias atrás a declaração de apoio de Meirelles a Lula, uma vez que o petista segue líder nas pesquisas de intenção de voto e com chances de liquidar a fatura já no próximo domingo.

Kokudai, gestor na JPP Capital, ressalva que um segundo turno poderia dar ainda mais fôlego ao mercado, uma vez que investidores poderiam esperar mais chances de o atual presidente, Jair Bolsonaro, tomar a dianteira.

Pesquisa da BGC feita entre 28 e 29 de setembro com 212 investidores institucionais mostrou expectativa de valorização do dólar e queda do Ibovespa em caso de vitória de Lula no primeiro turno. Com um segundo turno, mas o petista à frente na primeira etapa, a mediana das respostas apontou variação praticamente nula dos ativos.

Mas em caso de ida ao segundo turno com Bolsonaro tomando a dianteira nos resultados deste domingo, o dólar poderia cair 2% e a bolsa subir 5%.

(Por José de Castro)

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Fonte:
Reuters

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