Dólar tem ajuste e fecha em queda, mas segue acima de R$5,20 com mensagem dura de BCs
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar caiu em sessão marcada por instabilidade nesta quinta-feira, num ajuste após a disparada da sessão anterior, mas permaneceu acima dos 5,20 reais, com sinalizações duras de autoridades dos principais bancos centrais do mundo ainda no radar de investidores.
Depois de oscilar entre 5,1788 e 5,2396 reais (queda de 1,16% e estabilidade, respectivamente), o dólar à vista fechou em baixa de 0,63%, a 5,2066 reais na venda.
Na B3, às 17:29 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,46%, a 5,2390 reais.
Vários participantes do mercado atribuíram esse enfraquecimento a correção técnica, depois de rali do dólar na última sessão, na terça-feira, e a ajuste ao bom humor visto nos mercados internacionais na quarta-feira, quando os mercados brasileiros permaneceram fechados devido ao feriado de 7 de Setembro.
Ainda assim, a queda desta sessão não compensou o salto de 1,67% registrado na terça, quando a moeda norte-americana foi a a 5,2395 reais, seu maior patamar para encerramento desde 3 de agosto (5,2781 reais), na valorização diária mais acentuada desde o último dia 31 (+1,735%).
O movimento cambial desta quinta-feira veio na contramão do observado no exterior, onde o índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes passou boa parte do pregão oscilando entre estabilidade e alta, apoiado em comentários de autoridades do Federal Reserve, entre elas o chair Jerome Powell, que reforçaram o compromisso do banco central norte-americano de combater a inflação.
O Fed já subiu os juros em 2,25 pontos percentuais desde março deste ano e deve promover novo ajuste de 0,75 ponto em sua reunião deste mês, nos dias 20 e 21. No geral, quanto mais altos os custos dos empréstimos nos EUA, mais o dólar se beneficia.
Apesar da queda da moeda norte-americana nesta quinta-feira, a moeda fechou o dia longe das mínimas do dia, e o cenário externo continua sendo uma preocupação para investidores brasileiros, com a perspectiva de juros mais altos nas principais economias levando a temores de recessão --principalmente na zona do euro, onde o Banco Central Europeu (BCE) elevou os juros em 0,75 ponto percentual nesta quinta, mesmo com o bloco enfrentando uma crise energética.
"Temos um contexto geopolítico complexo, com muitos fatores afetando o mercado e atraindo atenção dos investidores, passando pela crise do gás na Europa e pelo cenário doméstico eleitoral", disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da assessoria de câmbio FB Capital, chamando a atenção para a alta volatilidade nos mercados diante de tantos pontos de atenção.
Mas há quem acredite na resiliência do real, caso do Bank of America, que destacou em relatório a moeda brasileira e outros dois pares latino-americanos --sol peruano e peso mexicano-- como menos vulneráveis a choques globais, destacando seu "carrego" (retorno) elevado e a situação comparativamente boa das contas correntes de seus respectivos países como fatores que explicam sua performance melhor neste ano em relação a outras moedas de países emergentes.
O BofA espera que tanto o real quanto o peso mexicano continuem tendo desempenho superior a rivais latino-americanos à frente, embora, no caso da moeda brasileira, tenha alertado para volatilidade à medida que as eleições se aproximam.
(Por Luana Maria Benedito; edição de José de Castro)
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