Reuters: Projeto de Orçamento de 2023 não atende promessas de Bolsonaro, mas prevê desoneração de combustíveis
Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - O projeto de Orçamento para 2023 enviado pelo governo Jair Bolsonaro ao Congresso nesta quarta-feira não atende a promessas de campanha feitas pelo presidente, que tenta a reeleição, como a manutenção do Auxílio Brasil turbinado e a correção da tabela do Imposto de Renda, mas prevê a manutenção de desonerações tributárias para combustíveis.
O projeto, que tinha prazo legal para ser enviado ao Legislativo até esta quarta-feira, prevê que o governo central terá um déficit de 63,7 bilhões de reais em 2023, equivalente a 0,6% do PIB, retornando ao vermelho após o provável superávit a ser observado este ano. A meta fiscal estabelecida para o ano pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), já aprovada pelo Congresso, é de 65,91 bilhões de reais.
A estimativa de rombo só não foi maior porque, sem espaço nas contas, o Ministério da Economia apresentou o projeto estabelecendo que o benefício do Auxílio Brasil cairá para 400 reais a partir de janeiro.
A regra vigente, que se baseou em um estado de emergência aprovado pelo Congresso e amparado nos efeitos da guerra na Ucrânia para aumentar o auxílio a 600 reais, com os gastos extras excluídos da regra do teto, tem validade até dezembro.
Bolsonaro, porém, tem afirmado que pretende manter o benefício em 600 reais ano que vem e que as contas serão alteradas posteriormente para prever o benefício, que tem custo adicional estimado em cerca de 50 bilhões de reais no ano.
A verba prevista para o programa no projeto orçamentário é de 105,7 bilhões de reais, suficiente para bancar um benefício mensal médio de 405,21 reais por família.
Na mensagem presidencial que acompanha o projeto, o governo afirmou que reconhece a relevância do programa, argumentando que fará esforços “em busca de soluções jurídicas e de medidas orçamentárias que permitam a manutenção do referido valor no exercício de 2023”.
O programa de governo de Bolsonaro em caso de eventual reeleição traz promessa de correção da tabela do Imposto de Renda em 31%, isentando inicialmente trabalhadores com salários de até 2.500 reais, com objetivo de ampliar essa isenção ao término de eventual segundo mandato. O reajuste já havia sido prometido por Bolsonaro na campanha de 2018, mas não foi cumprido.
O benefício, entretanto, também não está previsto no Orçamento apresentado pelo governo. O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem argumentado que o Executivo trabalhará para aprovar a reforma do Imposto de Renda logo após as eleições, o que permitiria a correção da tabela e, com a taxação de dividendos, abriria espaço para bancar o adicional do Auxílio Brasil.
“Se buscará construir consenso com o Parlamento e a sociedade para efetivação da reforma e a respectiva correção da tabela do Imposto de Renda”, prometeu o presidente na mensagem apresentada nesta quarta.
Em outro ponto que sofre com as restrições, a peça orçamentária prevê uma reserva de 11,6 bilhões de reais para reajustes salariais de servidores públicos do Executivo, valor suficiente para aumentar as remunerações do funcionalismo em menos de 4%, bem abaixo da inflação corrente e menor do que os 5% já sinalizados pelo governo anteriormente. Se somado o impacto para Legislativo e Judiciário, a previsão no Orçamento ficou em 14,2 bilhões de reais.
Um ponto que atende compromisso feito pelo presidente é a manutenção da desoneração de tributos federais em 2023. A regra atual tem vigência até dezembro e as cobranças retornariam em janeiro, mas o Orçamento apresentado nesta quarta-feira já prevê a manutenção do benefício e a renúncia correspondente de receita.
Pela proposta, há previsão de 80,2 bilhões de reais adicionais em incentivos e desonerações, incluindo as de tributos federais sobre combustíveis. Somente a prorrogação do benefício sobre gasolina, etanol, diesel e gás somará uma renúncia de 52,9 bilhões de reais.
A medida ainda atualizou o valor do salário mínimo para 2023 para 1.302 reais, ante 1.294 previstos anteriormente. O valor final será conhecido apenas no encerramento do ano e dependerá da variação da inflação.
0 comentário
Presidente do Fed de Chicago diz que pode ser necessário diminuir ritmo de cortes de juros
À espera de tarifas de Trump, líder chinês faz ofensiva diplomática em cúpulas globais
Arrecadação federal em outubro fecha com maior resultado em 30 anos
Ibovespa cai pressionado por Vale enquanto mercado aguarda pacote fiscal
Agricultores bloqueiam acesso ao porto de Bordeaux para elevar pressão sobre governo francês
Dólar tem leve alta na abertura em meio à escalada de tensões entre Ucrânia e Rússia