Autoridades do Fed veem mais altas de juros à frente
Por Ann Saphir e Lindsay Dunsmuir
(Reuters) - Autoridades do Federal Reserve reiteraram nesta terça-feira seu apoio a mais aumentos nas taxas de juros para conter a inflação, com o influente chefe do Fed de Nova York dizendo que o banco central provavelmente precisará levar sua taxa básica "um pouco acima" de 3,5% e aí mantê-la até o fim de 2023.
"Vejo que precisamos manter uma postura de política monetária --empurrando a inflação para baixo, alinhando demanda e oferta. Vai demorar mais, vai continuar no próximo ano", disse o presidente do Fed de Nova York, John Williams, ao Wall Street Journal. "Com base no que estou vendo nos dados de inflação e no que estou vendo na economia, levará algum tempo até que eu espere ver ajustes nas taxas para baixo."
Williams, que como vice-presidente do comitê de definição de juros do Fed (Fomc) desempenha um papel fundamental na condução da política monetária, disse que a decisão do banco central de entregar um terceiro aumento consecutivo de 75 pontos-base no próximo mês ou um de 50 pontos-base dependerá dos dados recebidos, que incluem o relatório mensal de empregos (na sexta-feira) e a leitura do índice de preços ao consumidor, este poucos dias antes da reunião de 20 e 21 de setembro.
Mas a decisão de setembro também dependerá, disse Williams, das opiniões dos formuladores de política monetária sobre em que patamar as autoridades acham que as taxas de juros precisarão estar até o fim do ano.
"Se, com base nos dados, estiver claro que precisamos aumentar significativamente as taxas de juros até o fim do ano, obviamente isso informa uma decisão em qualquer reunião", disse Williams.
"Vamos precisar ter uma política restritiva por algum tempo --isso não é algo que vamos fazer por um período muito curto e depois mudar de rumo; é realmente mais sobre como levar a política monetária ao lugar certo para conduzir a inflação para baixo e mantê-la nessa posição" para cumprir a meta de inflação de 2% do Fed.
A faixa atual da meta do Fed para a taxa de referência de juros é de 2,25 a 2,50%.
"Acho que não terminamos de apertar. A inflação continua muito alta", escreveu o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, em um ensaio publicado nesta terça-feira no site do banco regional.
"Dito isso, os dados recebidos -se mostrarem claramente que a inflação começou a desacelerar- podem nos dar motivos para voltar atrás... Teremos que ver como esses dados chegam."
Bostic chamou o quadro geral de "difuso" e disse que, embora focado na trajetória da inflação, ele também foi sensível ao fato de que agir de forma muito dura para aumentar as taxas de juros também traz riscos.
"Mover-se de forma muito agressiva ou muito tímida tem desvantagens", escreveu Bostic, com uma inflação mais alta arraigada se aproximando se o Fed não a expurgar da economia, além de crescimento perdido e desemprego mais alto como resultado de "aperto severo da política (monetária)".
Para o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, está claro que o Fed precisa aumentar as taxas de juros, embora a magnitude do movimento do próximo mês dependa dos próximos dados de emprego e de inflação.
"Não vou prejulgar isso", disse Barkin ao Yahoo Finance, acrescentando que o Fed precisa colocar as taxas "em território restritivo" para reduzir a inflação.
(Por Ann Saphir, Lindsay Dunsmuir e Howard Schneider)
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