Taxas despencam e curva zera inversão após Copom; volume dispara
SÃO PAULO (Reuters) - Os DIs do chamado "miolo" da curva despencaram nesta quinta-feira, com a taxa do vencimento janeiro 2025 em queda superior a 40 pontos-base, reagindo às sinalizações do Banco Central de possível fim do ciclo de alta da Selic, enquanto a inflação implícita mostrou firme alta conforme operadores contrataram aumento adicional dos preços.
Em outro sinal de maior desconfiança de investidores sobre o caminho da inflação no futuro, a curva entre janeiro 2025 e janeiro 2027 praticamente zerou a inversão, com o spread indo ao maior patamar desde fevereiro, indicativo de que agora a estimativa média é de juros maiores nesse período devido a um cenário de inflação potencialmente mais pressionada.
"A curva está 'estirpando' (inclinando para cima), já que o efeito de engordar os cortes é muito grande", disse o profissional de uma grande gestora em São Paulo, para quem a impressão é que o BC tem se guiado por argumentos "não econômicos".
"Muita gente acha que ele (BC) tem um teto de Selic, no 'high' da Selic da (ex-presidente) Dilma, que é 14,25%. E parece que é isso mesmo", acrescentou o gestor. A Selic de 14,25% durou de julho de 2015 e outubro de 2016.
As taxas de inflação implícita saltaram. A implícita extraída da NTN-B 2025 negociada no mercado secundário chegou a subir 10 pontos-base, acima de 6,80%. As implícitas para 2023 e 2024 também aumentaram para 6,20% e 6,50%, respectivamente.
As taxas de inflação precificadas para os três vencimentos estão bem acima das metas perseguidas pelo BC para os respectivos anos: 3,25% para 2023 e 3,00% para 2024 e 2025.
O Banco Central subiu na quarta-feira a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 13,75% ao ano, maior patamar desde janeiro de 2017 e no décimo segundo ajuste consecutivo. O comunicado trouxe referências que, na avaliação de profissionais do mercado financeiro, indicaram proximidade do fim do ciclo de restrição monetária em curso.
Foi o suficiente para gerar um forte ajuste de baixa nas taxas, que projetavam Selic acima de 14% para o fim deste ano e parte de 2023.
A correção de preços foi acompanhada por forte giro, de 4,46 milhões de contratos até as 16h35 (de Brasília), 87% acima da média de um mês e já o maior número em um mês e meio.
Para a reunião do Copom de março de 2023, a precificação de corte subiu a 24,7 pontos-base, de 17,2 pontos-base na véspera. Para o encontro de maio, a curva agora mostra alívio de 35,6 pontos-base, ante 23,7 pontos-base na véspera. Para os meses seguintes, os contratos de DI embutiam reduções de cerca de 43 pontos-base, ante números pouco acima de 30 pontos-base na quarta-feira.
Com os sinais do Bacen, a estrategista de juros para o Citi Andrea Kiguel decidiu recomendar nesta quinta-feira posição vendida em DI janeiro 2025, com ponto de entrada em 12,14% ao ano.
"A taxa de um ano caiu abaixo da taxa de um dia. [...] O sinal para receber juros finalmente foi acionado com o movimento de hoje", disse Kiguel. O DI agosto 2023 estava em 13,53%, enquanto o CDI e o DI setembro 2022 rondavam 13,65%.
"Gostamos deste ponto da curva para capturar mais cortes. Os riscos para a estratégia incluem outro choque global de inflação ou inércia mais forte que a esperada --que façam o BCB ficar mais duro na política monetária em relação à expectativa-- e ruído eleitoral.
Veja as taxas de alguns dos principais contratos de DI:
Mês Ticker Taxa (% a.a.) Ajuste Variação
anterior (p.p.)
(% a.a.)
OUT/22 13,678 13,654 0,024
JAN/23 13,745 13,79 -0,045
JAN/24 13,01 13,275 -0,265
JAN/25 12,1 12,51 -0,41
JAN/26 12,005 12,4 -0,395
JAN/27 12,115 12,48 -0,365
(Por José de Castro)
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