Dólar recua pelo 3° pregão seguido com commodities sustentando real antes de decisão do Fed
O dólar perdia terreno frente ao real pelo terceiro dia consecutivo nesta quarta-feira, com nova alta nos preços de commodities importantes sustentando o apetite por risco de investidores, que trabalhavam em modo de espera antes da decisão de política monetária do banco central dos Estados Unidos.
A expectativa da maioria dos mercados é de que o Federal Reserve aumentará os custos dos empréstimos em 0,75 ponto percentual ao final de sua reunião de dois dias, mas uma pequena parcela dos operadores aposta em ajuste ainda maior, de 1 ponto completo. Na esteira da decisão, a ser divulgada às 15h (de Brasília), o chair do banco central, Jerome Powell, participará de entrevista coletiva.
"O mais importante a observar, seja no comunicado, seja na coletiva de Powell, será algum indicativo de para onde irá a taxa na próxima reunião do Fed, em setembro", avaliou em relatório a equipe econômica da Guide Investimentos.
Os especialistas disseram que uma série de balanços corporativos positivos nos EUA e na Europa ajudava a sustentar uma menor aversão a risco global antes da decisão do Fed, dada a resiliência das empresas no cenário internacional mais adverso --em meio a temores de que um aperto monetário agressivo demais leve as principais economias à recessão.
Às 10:22 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,61%, a 5,3194 reais na venda, em linha com a queda de 0,10% do índice da moeda norte-americana contra uma cesta de rivais fortes.
Na B3, às 10:22 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,66%, a 5,3225 reais.
Bruno Mori, economista e planejador financeiro pela Planejar, disse à Reuters que a desvalorização recente do dólar --que caía pelo terceiro pregão consecutivo frente ao real-- também refletia movimento de alta no preço de algumas commodities importantes, como petróleo e minério de ferro.
Além do real, outras moedas sensíveis às commodities, como pesos chileno e colombiano e rand sul-africano, apresentavam ganhos frente ao dólar nesta quarta-feira.
Apesar da desvalorização recente, o dólar ainda está bem acima das mínimas de 2022, depois de ter passado boa parte do primeiro semestre do ano abaixo da marca psicológica de 5 reais. Em julho, a divisa acumula alta de 1,7%, depois de ter disparado mais de 10% no mês passado.
Mori disse esperar que a moeda norte-americana continue rondando os níveis atuais até que passe a incerteza sobre qual será a trajetória de aperto monetário nos Estados Unidos, enquanto a tendência de aumento da volatilidade no mercado local antes das eleições presidenciais de outubro representa obstáculo adicional para o real.
Passados esses desafios, no entanto, ele enxerga espaço para alguma valorização mais expressiva da divisa brasileira, dentro de seis a 12 meses.
Participantes do mercado alertavam para a perspectiva de instabilidade nas negociações cambiais desta semana, devido à formação da Ptax referencial de julho, que acontecerá na sexta-feira.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para liquidação de derivativos. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar, o que geralmente eleva a volatilidade.
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