Dólar fecha na máxima em 6 meses e fica a 1,4% de zerar perdas do ano
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar fechou numa nova máxima em seis meses nesta quinta-feira, chegando a superar a barreira psicológica dos 5,50 reais, em meio à exibição de força da moeda norte-americana sobretudo em relação a pares emergentes, que têm sentido a pressão do aperto monetário em economias centrais.
O dólar à vista subiu 0,66%, para 5,4966 reais, maior valor desde 24 de janeiro (5,5070 reais).
Na máxima do dia, a cotação foi a 5,5160 reais, alta de 1,02%. Espelhando o vaivém, recuou 0,56% na mínima, para 5,4297 reais.
Com a valorização desta quinta, basta um aumento de 1,40% para o dólar zerar as perdas de 2022. Em 4 de abril, quando estava em 4,6075 reais, a divisa chegou a acumular queda de 17,33% no ano.
Desde então, disparou 19,30%, o que deixa o real com desvalorização alinhada à vista em moedas como peso colombiano, peso chileno, lira turca e rand sul-africano, alguns dos pares mais próximos da moeda brasileira. No mesmo intervalo, o dólar subiu 7,7% ante uma cesta de rivais de mercados desenvolvidos.
Os mercados emergentes em bloco têm sentido o baque do aperto monetário em economias como Estados Unidos, Reino Unido e, agora depois de 11 anos, zona do euro. Por isso, estão também em processo de elevação dos juros --África do Sul, México e Chile, por exemplo.
O Brasil, por outro lado, caminha para o fim do ciclo, o que pode deixar o real mais vulnerável.
"Sem dúvida a concorrência para o real aumenta", disse o gestor de um hedge fund em Nova York.
Embora concorde que o dólar possa estar "taticamente" em posição de venda contra o real --depois do rali recente e levando-se em conta os fundamentos externos do Brasil--, o profissional se mostra cético com uma recuperação sustentada da taxa de câmbio.
"Outros países estão com juros em alta e com problemas parecidos com os do Brasil, mas em magnitude menor, como a inflação. Ou seja, o retorno real deles é maior", disse o gestor.
Para ele, o risco político está na conta, mas ainda pode haver mais por vir. "O ambiente está polarizado e os riscos político-fiscais estão na conta, mas sabemos o histórico de impacto de ano eleitoral sobre a taxa de câmbio, então honestamente acho que essa aversão a risco tende a piorar."
(Edição de Bernardo Caram)
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