Dólar se aproxima de R$5,50 com mercado digerindo aperto monetário do BCE
O dólar passava a subir nesta quinta-feira e chegou a se aproximar da marca de 5,50 reais em meio a negociações voláteis, com participantes do mercado digerindo a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que aumentou suas taxas de juros pela primeira vez em mais de uma década.
Às 11:41 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,57%, a 5,4914 reais na venda. A moeda norte-americano chegou a subir 0,63% no pico da sessão, a 5,4950 reais, depois de ter caído 0,56% na mínima, a 5,4297 reais.
O comportamento do real estava em linha com uma piora no desempenho de outras moedas de países emergentes ou exportadores de commodities, como dólar australiano, peso mexicano e peso chileno.
Na B3, às 11:41 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,31%, a 5,5035 reais.
A taxa de depósito do BCE foi elevada em 0,50 ponto percentual, para 0%, num esforço para conter a inflação recorde na zona do euro. Até poucos dias atrás, o cenário precificado pelo mercado --baseado em indicações anteriores do próprio BCE-- era de alta de juros de apenas 0,25 ponto percentual.
Na esteira da decisão, o euro chegou a subir acentuadamente, a 1,0278 dólar, mas logo devolveu seus ganhos, após a presidente do BCE, Christine Lagarde, ter dito que a instituição estava acelerando sua saída do território de taxas de juros negativas, mas não alterando o ponto de chegada.
Por volta de 11h30 (de Brasília), a divisa única rondava a estabilidade, a 1,0176 dólar.
Os breves ganhos do euro chegaram a desencadear forte desvalorização do índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes, mas a moeda norte-americana se recuperou e tinha pouca alteração por volta de 11h30, em meio a negociações voláteis.
Num geral, quanto mais altos os custos dos empréstimos em determinada economia, mais sua moeda tende a se beneficiar, já que juros elevados impulsionam os retornos da renda fixa local, atraindo investimentos estrangeiros. Por outro lado, condições monetárias mais apertadas levantam a ameaça de desaceleração do crescimento econômico, o que eventualmente pode pesar no sentimento dos mercados globais.
"O receio é de aprofundar o continente em um processo recessivo, que já sofre com o desaquecimento da economia e uma escalada de preços de energia pelo conflito na Ucrânia", disseram estrategistas da Levante Investimentos em relatório.
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, por outro lado, avaliou a decisão do BCE como correta, diante da disparada da inflação na zona do euro. "É bom apertar as condições monetárias agora, onde a atividade não dá sinais tão claros assim de desaceleração, e o mercado de trabalho está bem aquecido."
Passado o efeito do encontro de política monetária do BCE, investidores devem voltar as atenções para o próximo encontro do Federal Reserve, na semana que vem. A expectativa dos mercados é de que o Fed repita aumento de juros de 0,75 ponto percentual na ocasião, e qualquer sinalização mais dura da instituição pode jogar a favor do dólar.
Com o desempenho desta manhã, o dólar ficava a valorização de apenas 1,5% de zerar completamente suas perdas frente ao real em 2022.
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