Governo corta projeção de superávit comercial em 2022 com gasto maior com fertilizante e combustível
Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - O Ministério da Economia revisou para baixo a projeção para o resultado da balança comercial brasileira no encerramento de 2022, diante de um salto na estimativa para as importações.
De acordo com a nova previsão da pasta, apresentada nesta sexta-feira, o saldo comercial do ano deve ficar positivo em 81,5 bilhões de dólares, ante projeção de 111,6 bilhões de dólares feita em março.
De acordo com o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, a revisão foi causada principalmente pela alta nos preços de fertilizantes e combustíveis, produtos dos quais o Brasil depende de produtores internacionais.
"Revisão é consequência de uma despesa maior (com importados) por conta de preços crescentes, em razão do conflito entre Rússia e Ucrânia e de todas as disrupções que observamos nas cadeias de suprimentos", disse.
Mesmo com a revisão, se confirmado, o saldo será 32,7% maior do que o observado em 2021, quando ficou positivo em 61,4 bilhões de dólares, resultado anual recorde.
A mudança no cálculo foi impulsionada por um forte aumento na projeção para as importações, estimadas agora pelo governo em 268,0 bilhões de dólares, ante previsão de 237,2 bilhões de dólares previstos em março.
Pelo lado das exportações, foi feita uma mudança sutil na conta, com a projeção passando de 348,8 bilhões de dólares para 349,4 bilhões de dólares no ano.
SALDO DE JUNHO
De acordo com os dados do ministério, a balança comercial brasileira registrou superávit de 8,814 bilhões de dólares em junho. O dado veio abaixo da expectativa de mercado, que apontava saldo positivo de 9,994 bilhões de dólares para o período, segundo pesquisa Reuters.
Ainda assim, o resultado foi o segundo melhor para o mês da série histórica iniciada em 1989, perdendo apenas para junho do ano passado (+10,4 bilhões de dólares). O número do mês passado é resultado de 32,675 bilhões de dólares em exportações --uma alta de 15,6% na comparação com período equivalente de 2021 e o melhor desempenho para todos os meses da série histórica-- e 23,861 bilhões de dólares em importações, crescimento de 33,7%.
No recorte dos fatores que influenciam o saldo, segue pesando nos resultados o forte aumento nos preços dos produtos, na comparação com o mesmo mês de 2021.
Os dados mostram que a quantidade exportada cresceu 0,1% no mês, enquanto a importada caiu 1,8%. Ao mesmo tempo, os preços dos produtos vendidos ao exterior tiveram alta de 14,6%, ao passo que os preços dos importados saltaram 34,6%.
Em relação ao desempenho por setor, o valor total das exportações agropecuárias cresceu 30,4% em junho, enquanto as vendas da indústria de transformação subiram 38,5%. As vendas da indústria extrativa, por sua vez, recuaram 24,3% no período.
No acumulado do primeiro semestre, o Brasil teve saldo positivo de 34,2 bilhões de dólares, ante 37,0 no mesmo período de 2021. O resultado é fruto de 164,1 bilhões de dólares em exportações (+19,5%) e 129,8 bilhões de dólares em importações (29,8%).
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