Histórico do PIB indica que piso para crescimento em 2022 é de 0,83%, diz Ministério da Economia

Publicado em 24/03/2022 15:53

Logotipo Reuters

Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) - Análise de dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos últimos anos sinaliza que o piso para o crescimento da atividade no Brasil em 2022 é de 0,83%, patamar mais alto que as projeções do mercado, aponta levantamento da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia, que estima um teto de 1,70% no cenário mais otimista.

A avaliação considerou a projeção para o PIB no primeiro trimestre deste ano em três cenários distintos, além das médias históricas para os três últimos trimestres.

“Usando as projeções de mercado para o primeiro trimestre e voltando para a média histórica recente, o crescimento para este ano parece estar limitado, no pior cenário, em torno de 0,8%”, disse à Reuters o subsecretário de Política Macroeconômica do Ministério da Economia, Fausto Vieira.

A última pesquisa Focus, que capta expectativas do mercado para indicadores econômicos, estimou a alta do PIB de 2022 em 0,5%. A estimativa oficial do governo é de 1,5%. O Banco Central, por sua vez, manteve sua estimativa de alta de 1% do PIB neste ano.

Vieira explicou que a conta partiu das estimativas para o PIB do primeiro trimestre em três cenários. O primeiro considera a mediana prevista pelo mercado na pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central esta semana, que aponta para uma alta de 0,2% do PIB nos três primeiros meses do ano. O segundo, com mediana de 0,4%, foi captado em consulta a 26 bancos e casas de investimentos. O terceiro considera o crescimento médio do primeiro trimestre após 2016, de 0,5%.

Em seguida, foi feita uma análise da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para estimar o movimento dos três trimestres seguintes.

Em cenário conservador que considera anos sem recessão no país, o Brasil tem um crescimento que varia entre 0,3% e 0,6% para os três trimestres finais do ano.

Considerando essas premissas, a SPE projetou os crescimentos mínimos e máximos em cada cenário.

A conclusão é que o crescimento do PIB de 2022, no cenário que parte das projeções do Focus, fica entre 0,83% e 1,24%. Na hipótese que usa os dados das instituições de maior porte, o resultado fica entre 1,12% e 1,52%. O terceiro cenário, que usa a média desde 2016, se traduz em uma alta entre 1,24% e 1,70% no ano.

Em todos os cenários, portanto, o piso do crescimento fica acima do patamar projetado atualmente pelos agentes de mercado. A estimativa oficial do governo, por sua vez, fica dentro da margem nos dois cenários mais otimistas.

O subsecretário explicou que esse é um exercício hipotético usando dados históricos e que a metodologia usada pela SPE para fazer projeções é diferente.

Segundo ele, parte da explicação para a estimativa oficial ser mais alta é que o governo espera uma elevação de 0,5% no PIB do primeiro trimestre. Além disso, a equipe econômica aposta na retomada do emprego e dos investimentos privados como impulsionadores da atividade.

Nos últimos meses, o ministro da Economia, Paulo Guedes, vem criticando analistas que, segundo ele, erram projeções para a atividade do país e para resultados fiscais. Vieira ponderou que o objetivo do levantamento não é sugerir uma divergência entre governo e mercado.

Análise feita anteriormente pela SPE, porém, mostra que projeções feitas pelo mercado em meses de março estimando o PIB no encerramento do ano corrente ficam próximas ao dado concretizado em apenas 14% dos casos, com os erros se dando tanto para mais como para menos.

Questionado sobre o alto nível de incerteza no atual cenário de conflito na Ucrânia, Vieira disse que há possibilidade de o PIB variar mais do que os cenários do levantamento, mas afirmou que prognósticos indicam efeito relativamente baixo da guerra no PIB brasileiro.

“Nossos modelos de equilíbrio geral mostram que o impacto é marginalmente negativo por causa das restrições em condições financeiras e no crescimento global, mas há impacto positivo em termos de troca”, disse.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário