Telefonema entre Vladimir Putin e Joe Biden foi inconclusivo e perigo de invasão segue iminente

Publicado em 12/02/2022 19:32 e atualizado em 12/02/2022 20:12

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Como esperado e noticiado na sexta-feira (11), o presidente russo, Vladimir Putin, e  o americano, Joe Biden, falaram ao telefone neste sábado (12) sobre a possibilidade da Rússia invadir a Ucrânia a qualquer momento nos próximos dias, porém, a ligação foi inconclusiva, segundo a agência de notícias Bloomberg. Biden teria tentado impor uma espécie de ultimato sobre Putin e sobre as consequências que o país poderia enfrentar caso siga com a ação militar, porém, sem sucesso. 

Tanto a Casa Branca, quanto o Kremlin, porém, afirmaram que seus representantes continuarão em contato nos próximos dias. 

Do mesmo modo, Putin acusou os EUA de não fornecer garantias das quais a Rússia e seu governante precisam para recuar, a maior parte delas ligadas às próximas ações que poderiam ser tomadas pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). 

O presidente americano afirmou ainda que os Estados Unidos permanecem prontos para buscar uma solução diplomática para o conflito Rússia x Ucrânia que já dura anos. Além disso, ainda afirmaram que pediram aos americanos que deixem o território ucraniano e que não enviarão tropas. 

"As conversas ocorreram em uma atmosfera de histeria sem precedentes de autoridades americanas sobre a invasão supostamente iminente da Rússia à Ucrânia", disse a repórteres internacionais o assessor de política externa do Kremlin, Yuri Ushakov, noticiado pela Bloomberg.

Representantes de Washington também afirmaram que não são verdadeiras as informações de que um submarino americano teria realizado operações em águas russas neste sábado. “Não há verdade nas alegações russas de nossas operações em suas águas territoriais”, disse por e-mail o capitão da Marinha Kyle Raines, porta-voz do comando do Indo-Pacífico dos EUA.

Mais cedo, a imprensa internacional havia noticiado que a Rússia teria afugentado o submarino dos EUA de suas águas no Extremo Oriente. 

"O ministério russo chamou o adido de Defesa dos EUA depois de reclamar que o submarino havia entrado em suas águas, informou a agência de notícias RIA. As tensões entre Moscou e Washington já estão altas devido a uma escalada militar russa perto da Ucrânia.

O submarino foi visto perto das ilhas Curilas no início do sábado, enquanto a Rússia estava realizando exercícios navais com sua frota do Pacífico e recebeu ordens para emergir imediatamente, segundo o ministério russo", informou a Reuters.

Ainda neste sábado, quem também falou com Vladimir Putin ao telefone foi o presidente da França, Emmanuel Macron. Segundo fontes ligadas ao governo francês, o líder russo não deu indicações de que estaria preparando uma invasão. 

"Não vemos nenhuma indicação no que o presidente Putin diz que vai partir para a ofensiva", disse a autoridade a repórteres depois que Macron e Putin falaram ao telefone por quase 90 minutos. "No entanto, estamos extremamente vigilantes e alertas à postura russa (militar) para evitar o pior".

As preocupações crescem diante da possibilidade da invasão se dar antes do encerramento dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, na China. 

“O que podemos dizer é que há uma perspectiva crível de que uma ação militar russa ocorra mesmo antes do final das Olimpíadas. Nossa opinião é que não acreditamos que ele tenha tomado qualquer tipo de decisão final, ou não sabemos se ele tomou alguma decisão final", disse o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, durante uma coletiva da Casa Branca nesta sexta. 

Sobre os mais de 100 mil soldados russos que estão próximos à fronteira da Ucrânia, Putin afirmou se tratar da proteção de seu próprio território. 

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Imagem: Bloomberg

De acordo com a agência internacional de notícias Bloomberg, o ataque russo poderia começar com bombardeios aéreos e ataques com mísseis que causariam baixas civis generalizadas. 

“Como eu disse antes, pode assumir uma variedade de formas. Poderia ser mais limitado, poderia ser mais expansivo, mas há possibilidades muito reais de envolver a apreensão de uma quantidade significativa de território na Ucrânia e a apreensão de grandes cidades, incluindo a capital", complementou o conselheiro. 

A Bloomberg informou ainda que as ações da Rússia podem incluir provocar uma provocação na região de Donbas, onde militares da Ucrânia lutam há anos contra separatistas apoiados por Moscou, ou atacar a capital do país, Kiev, disseram autoridades familiarizadas com o assunto, pedindo para não serem identificadas falando sobre um tema tão delicado. Eles disseram que qualquer ação pode começar já na terça-feira.

Especialistas afirmam que qualquer ação dentro da Ucrânia corre o risco de desencadear o maior conflito em território europeu desde a Segunda Guerra Mundial. As tensões atuais ocorrem oito anos depois que a Rússia anexou a península da Crimeia, no sul da Ucrânia. Desde então, os militares ucranianos estão presos em uma guerra com rebeldes apoiados pela Rússia em áreas do leste perto das fronteiras russa. 

EFEITOS SOBRE O AGRONEGÓCIO

Os efeitos sobre as commodities, em especial as agrícolas, podem ser bastante agressivos. A região do Mar Negro é bastante importante do ponto de vista logístico para o comércio internacional de grãos, além de um conflito travado entre ambos os países poderia ainda comprometer o abastecimento de petróleo, gás natural e fertilizantes. 

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GRÃOS EM ALTA LIDERADOS PELO TRIGO

A Rússia é a maior exportadora global de trigo e a Ucrânia está entre os seis maiores. Também por isso, os futuros do cereal lideraram as altas entre as commodities agrícolas no último pregão nas bolsas internacionais, acumulando ganhos de mais de 3% somente na Bolsa de Chicago. O milho subiu na carona do trigo, mas também porque ambas as nações são importantes player no quadro global do grão. 

No complexo soja, atenção se deu sobre o óleo, que acompanhando altas do petróleo - que chegaram a superar os 6% - fechou o dia na CBOT com ganhos de mais de 2% entre as posições mais negociadas. A soja em grão e o farelo também subiram, acompanhando os mercados vizinhos, mas também atentos aos seus próprios fundamentos, que são agora bastante fortes diante da quebra da safra 2021/22 na América do Sul. 

Os desdobramentos dos efeitos de um possível conflito terão de ser acompanhados de perto e monitorado diariamente nas próximas horas. 

Como explicou o consultor de mercado Aaron Edwards, da Roach AgMarketing, um cenário de guerra é uma incógnita, pois pode afastar especuladores por conta do risco - pressionando as cotações - ou estimular demanda com restrição da oferta de alguns grãos, o que poderia ser combustível para a continuidade do movimento de altas.

MERCADO DE FERTILIZANTES PODE SER UM DOS MAIS AFETADOS

O mercado de fertilizantes pode ser um dos mais afetados diante da efetivação do conflito entre Rússia e Ucrânia, porém, devemos entender melhor quais serão estes efeitos na próxima semana. 

"Podemos ter impactos no curto prazo para a cadeia de fertilizantes, sobretudo nitrogenados. Entretanto, apostar em um colapso do setor também não acredito que acontecerá. Mas sem dúvida, o momento de compra exige ainda mais atenção! O cenário já não estava favorável desde meados do ano passado, com essa notícia mais dúvidas são levantadas", explica o analista de fertilizantes Jeferson Souza, da Agrinvest Commodities. 

Souza afirma ainda que em um momento como este é preciso acompanhar cada notícia de perto, mas manter a cautela, evitando as informações "terroristas" e muito exageradas. No ano passado, 23% das importações brasileiras de fertilizantes vieram da Rússia. 

MERCADO DO AÇÚCAR NO CAMINHO CONTRÁRIO

Por Jhonatas Simião

Contrariando a alta de outras commodities com suporte do petróleo, o açúcar fechou esta sexta-feira (11) com queda nas bolsas de Nova York e Londres, inclusive com acumulado semanal negativo de mais de 1%.

As melhores expectativas diante da nova safra do Centro-Sul do Brasil ofuscaram as tensões geopolíticas que dão suporte ao petróleo.

As origens asiáticas também estão em foco. "Negociantes observaram que as exportações indianas de açúcar estão aumentando e que, com 2022/23 sendo visto em um pequeno superávit, o lado positivo provavelmente é limitado no momento", disse a Reuters.

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MERCADO DO CAFÉ AINDA NÃO CONTABILIZA O CONFLITO

Por Virgínia Alves

Segundo Haroldo Bonfá, analista da Pharos Consultoria, o pregão desta sexta-feira (11) foi marcado por realização nos preços e o mercado futuro do café arábica ainda não reagiu aos impasses políticos entre Rússia e Ucrânia. Para segunda-feira, no entanto, as cotações podem abrir a semana com valorização, acompanhando os impasses entre as duas nações. 

Entre as principais preocupações para o setor cafeeiro é justamente com a logística - que já afeta todo o setor e é um dos suportes para preços firmes neste momento, que podem avançar ainda mais caso a tensão se confirme nos próximos dias. 

MERCADO DE PROTEÍNAS ANIMAIS PODE SOFRER IMPACTOS INDIRETOS

Por Letícia Guimarães

De acordo com o analista da SAFRAS & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, para o mercado de exportação de proteínas animais do Brasil não deve haver novidades por enquanto, de maneira direta. Ele explica que os impactos podem ser indiretos, uma vez que Ucrânia e Rússia são importantes players em outras áreas, como trigo, petróleo, fertilizantes, entre outros.

Iglesias relembra ainda que a Ucrânia e Rússia já foram grandes importadores de carne suína brasileira no início da década, tendo ainda a Ucrânia como importadora e vendedora da proteína para a Rússia. Entretanto, com a tensão em relação à Crimeia ocorrida em 2014, quando a Rússia e a Ucrânia disputavam a dominação sobre este território autônomo, as relações comerciais ficaram bagunçadas. Em 2016, houve uma crise que deixou a suinocultura brasileira "em parafuso", com embargos destes países à proteína brasileira.

"Pensando pelo viés do Brasil, pode ser que, inicialmente, este conflito não afete muito, já que os dois países já não importam mais tanta carne brasileira,d e forma geral. Mas temos que nos preocupar com os outros mercados que Rússia e Ucrânia dominam, como trigo e petróleo, por exemplo", disse.

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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