Ibovespa cai pressionado por Petrobras e após ata do Copom mais dura
Por Andre Romani
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa brasileira recuava nesta terça-feira, com peso da queda do preço do petróleo e após ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) mostrar tom mais duro contra a inflação, ainda que a autoridade monetária não tenha indicado a magnitude da próxima alta de juros no país.
Papéis da Petrobras eram a maior contribuição negativa ao índice, enquanto as ações de JBS estavam na ponta oposta.
Às 10:14, o Ibovespa caía 0,68%, a 111.233,58 pontos, o que seria a segunda baixa consecutiva. O volume financeiro era de 6 bilhões de reais.
Investidores digeriam a ata do Copom, interpretada por parte do mercado como de tom mais duro quanto à inflação.
Para Caio Megale, economista-chefe da XP, a ata adotou tom “hawkish” (mais austero e favorável a patamares mais elevados de juros). Ele vê um “viés inequívoco de alta” para a Selic terminal, que deve ficar em 11,75%, na avaliação da instituição.
A curva de juros precificava 73% de chance de um aumento na Selic para 11,75% em março, quando ocorre a próxima reunião do Copom.
Segundo a ata, dada a incerteza sobre preços de importantes ativos e commodities, assim como o estágio do ciclo, o Copom decidiu, neste momento, "não sinalizar a magnitude dos seus próximos ajustes".
Na reunião de política monetária da semana passada, o BC aumentou a taxa básica de juros em 1,50 ponto percentual, ao patamar de 10,75% ao ano, mas indicou uma redução no ritmo de ajuste.
O mercado também monitora discussões do Executivo e no Congresso sobre um possível corte de tributos que incidem sobre os combustíveis, algo que pode gerar perda fiscal superior a 50 bilhões de reais ao ano.
O Congresso terá sua primeira sessão do ano nesta terça-feira, tendo na pauta a análise de vetos presidenciais.
O mercado reage também a mais uma leva de balanços trimestrais no país, enquanto aguarda dado de inflação a ser divulgado na quinta-feira, que pode trazer pistas sobre o aumento de juros esperado no país para os próximos meses.
Os principais índices de ações operavam sem direção comum nos Estados Unidos, com Nasdaq Composite e S&P 500 próximos da estabilidade e Dow Jones em alta.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN e ON caíam 1,4% e 1,7%, respectivamente, com o preço do petróleo estendendo queda. O mercado ainda reage ao avanço das negociações entre EUA e Irã, o que pode culminar em retirada de sanções nortes-americanas sobre o país, incluindo restrições de exportações da commodity. 3R PETROLEUM ON cedia 3,7% e PETRORIO ON recuava 2%.
- BANCO PAN PN subia 2,8%, após divulgar lucro líquido de 190,4 milhões de reais no quarto trimestre, alta de cerca de 11% em comparação anual. O banco também apurou crescimento de 21% na carteira de crédito total, embora provisões e índice de inadimplência acima de 90 dias tenham subido.
- MARFRIG ON subia 4,3% e JBS ON tinha alta de 3%, enquanto MINERVA ON ganhava 0,5%. As três ações caminham para a terceira alta seguida.
- VALE ON caía 0,1%, enquanto GERDAU PN cedia 2% e METALÚRGICA GERDAU PN recuava 2,4%, mesmo com a alta dos futuros do minério de ferro na Ásia. Os contratos das matérias-primas siderúrgicas também avançaram.
- AMERICANAS ON caía 3,3%, VIA ON recuava 0,7%, enquanto MAGAZINE LUIZA ON tinha alta de 0,2%. No setor de vestuário, LOJAS RENNER ON caía 2% e GRUPO SOMA ON apontava para queda de 2,5%.
- INTERMÉDICA ON e HAPVIDA ON caíam 2,1% e 1,6%, respectivamente, ampliando queda da véspera, quando divulgaram estimativas de sinergias com a combinação de seus negócios.
- ENEVA ON subia 1,8%, em dia de encontro dos executivos da empresa com analistas e acionistas. O presidente da companhia, Pedro Zinner, disse que a empresa prevê um volume inferior de despacho termelétrico para o primeiro semestre, em relação à expectativa anterior, após volume de chuvas ter aliviado a crise hídrica do país.
- EQUATORIAL ON caía 0,9%, em dia de definição de preço por ação de seu follow-on.
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