Evergrande perde prazo para pagamento e Kaisa amplia crise em setor imobiliário da China

Publicado em 07/12/2021 10:13

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Por Clare Jim e Scott Murdoch e Andrew Galbraith

HONG KONG/XANGAI (Reuters) - Alguns credores internacionais do grupo imobiliário chinês Evergrande não receberam o pagamento do cupom de seus títulos até o final do período de carência de 30 dias, afirmaram cinco fontes com conhecimento do assunto, o que deixou a companhia mais perto de um calote formal.

Ampliando uma crise de liquidez no antes efervescente mercado imobiliário chinês, a Kaisa Group Holdings, de menor porte que a Evergrande, também parecia sem condições de cumprir compromisso de dívida de 400 milhões de dólares que vence nesta terça-feira, afirmou uma fonte com conhecimento direto do assunto.

O não pagamento de 82,5 milhões de dólares em juros por parte da Evergrande no mês passado pode disparar um processo de defaults em 19 bilhões de dólares em títulos internacionais e colocar a companhia em risco de se tornar a empresa chinesa a dar o maior calote, possibilidade que tem assombrado a segunda maior economia do mundo há meses.

O não pagamento do título de 6,5% pela Kaisa, segunda maior devedora de títulos internacionais entre empresas do setor de construção da China depois da Evergrande, vai deixar a companhia em situação de calote técnico, disparando vencimento de outras dívidas que somam quase 12 bilhões de dólares.

Representantes da Evergrande não comentaram o assunto. A Kaisa, que se tornou em 2015 a primeira empresa do setor de construção da China a não pagar um título de dívida internacional, não se manifestou.

A Evergrande já foi a maior empresa do setor imobiliário da China, com mais de 1.300 projetos estatais na carteira. A empresa tem compromissos de 300 bilhões de dólares e está no centro da crise da indústria da construção da China.

A não Evergrande não fez qualquer comunicação aos credores sobre o não pagamento do cupom, disse uma das fontes. A companhia tinha informado na segunda-feira a criação de um comitê de gestão de risco, que incluiu autoridades chinesas para ajudar o grupo a "mitigar e eliminar riscos futuros".

Isso ocorreu depois que a empresa afirmou que credores exigiram 260 milhões de dólares, mas o grupo não tinha fundos garantidos para pagar a dívida. Autoridades então convocaram o presidente do conselho de administração da companhia e garantiram aos mercados que um risco mais amplo seria contido.

A agência de classificação de risco Standard & Poor's afirmou nesta terça-feira que a cobrança dos 260 milhões de dólares mostra que a liquidez da Evergrande continua "extremamente fraca", com um calote parecendo inevitável diante de vencimentos que somam 3,5 bilhões de dólares em março e abril de 2022.

Até agora, a crise na Evergrande tem sido em grande parte restrita à China. Com autoridades do país se mostrando mais vocais e os mercados mais informados sobre o problema, as consequências da crise da companhia têm visto menos chance de se espalharem, afirmaram observadores do mercado.

Criada em 1996, a Evergrande foi o ápice de uma era de crédito farto que impulsionou o mercado imobiliário chinês. Mas o modelo de negócio da empresa foi colocado em xeque pela entrada em vigor de centenas de novas regras criadas para conter o endividamento das empresas do setor e promover habitação acessível no país.

Uma série de empresas do setor imobiliário chinês têm enfrentado dificuldades para levantar recursos, com muitas optando por venda de ações e ativos.

Shimao Group e Logan Group anunciaram nesta terça-feira operações de aumento de capital para levantarem cada uma 150 milhões de dólares, enquanto a Guangzhou R&F Properties anunciou acordo para vender 30% de participação em um parque logístico em Guangzhou.

Para a Kaisa, o risco de calote cresceu depois que a empresa não conseguiu realizar uma operação de troca de dívida com credores na semana passada.

Fontes afirmaram anteriormente que credores tinham oferecido à Kaisa 2 bilhões de dólares em financiamento no mês passado, mas as negociações não avançaram.

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Fonte:
Reuters

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