Guedes diz que aumento de arrecadação de R$100 bi vai compensar perda com reforma do IR
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira que não está "muito preocupado" com o potencial de perda de arrecadação de 30 bilhões de reais com a proposta de reforma do imposto de renda, ao argumentar que a medida será compensada com o retorno do PIB do país a níveis anteriores da pandemia, o que acarretará um aumento de arrecadação de 100 bilhões de reais.
A proposta de reforma do IR foi apresentada na véspera pelo relator, deputado Celso Sabino (PSDB-PA).
"Isso não está nos preocupando muito agora porque só de o PIB voltar para o patamar semelhante ao que estava antes da pandemia já veio uma arrecadação 100 bilhões (de reais) acima do previsto agora", disse.
"A arrecadação prevista para o semestre estava em torno de 640 bilhões e vieram 744 bilhões (de reais). Então esse aumento de arrecadação é estrutural, é só o nível do PIB, mesmo se o PIB crescer zero daqui para frente só essa volta do PIB até agora já significa um aumento de 100 bilhões acima do previsto", acrescentou ele.
Ao participar de live organizada pelo Valor Econômico, Guedes disse que, como liberal, prefere correr o risco para "o lado de redução de carga do que de aumento de carga tributária". Segundo ele, o efeito da reforma será neutro ou até negativo.
O ministro explicou que, conforme a proposta inicial do governo, a expectativa era que 60 bilhões de reais previstos com a arrecadação de lucros dos dividendos iriam ser usados para custear a redução do imposto de renda das empresas, na proporção de 40 bilhões de reais, e para os trabalhadores, outros 20 bilhões de reais.
Contudo, Guedes disse que houve reação a essa ideia e os cálculos foram refeitos, "cavando mais fundo".
"A coisa foi para um número maior, acabou indo para uns 100 bilhões (de reais) se você incluir a redução de subsídios setoriais", disse ele.
Na véspera, o relator da reforma anunciou a diminuição de subsídios a determinados setores da economia.
DINHEIRO
Guedes afirmou que não quer tributar empresas, mas sim os proprietários ricos que tiram dinheiro delas, e garantiu que o pacote de mudanças tributárias não aumenta a carga de impostos.
Guedes afirmou que a reforma tributária tem diretrizes muito claras e que o governo vai arrecadar mais sobre dividendos pagos aos investidores, ao mesmo tempo em que reduzirá os impostos para os trabalhadores assalariados.
O ministro disse que recebeu muito bem a reação do setor privado aos cálculos iniciais da reforma, acrescentando acreditar que ela vai sair e será aprovada. Ele disse estar confiante na aprovação do texto ainda neste ano pelo Congresso.
Guedes criticou ainda aqueles que considera negacionistas na economia, que não reconhecem os avanços e acertos da agenda econômica do governo e só o criticam.
MERCOSUL
Guedes também defendeu a modernização do Mercosul, destacando o fato de que o Brasil assumiu neste segundo semestre a presidência temporária do bloco comercial.
O ministro disse que deseja que o Brasil tenha liberdade para firmar outras parcerias comerciais e reduzir tarifas de importação sem a necessidade de aval de todos os países membros do grupo, ao destacar a oposição da Argentina. Ele afirmou ter proposto "algo generoso" ao país vizinho.
"Queremos que eles nos deixem fazer", ressaltou ele, citando o fato de que agora é a "hora certa" de o Brasil abrir um pouco mais a sua economia.
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