Relação dívida/PIB cai a menor patamar em 11 meses em maio, sob impacto de PIB, câmbio e inflação
Por Isabel Versiani e Camila Moreira
BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - A dívida bruta do país recuou em maio para 84,5% do PIB, menor patamar em 11 meses, em movimento favorecido pela revisão para cima dos dados nominais do PIB e pela valorização do câmbio, mostraram dados do Banco Central nesta quarta-feira.
O recuo da dívida, que estava em 85,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em abril, segundo dado revisado, se deu a despeito de as contas do setor público consolidado terem voltado a registrar déficit primário no mês, de 15,541 bilhões de reais, rombo menor do que o esperado por analistas.
Quando computadas as despesas com juros, o déficit (nominal) foi de 37,439 bilhões de reais em maio.
O efeito negativo do déficit fiscal sobre a dívida em maio foi parcialmente compensado pela valorização do câmbio no mês, de 3,2%, que contribuiu para reduzir o valor em reais da dívida do setor público indexada ao câmbio.
Mas a principal explicação para a queda da dívida como proporção do PIB foi a revisão do dado estimado para o valor nominal do PIB mensal.
Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, essa revisão se deu diante da projeção de maior crescimento real --após o IBGE anunciar uma alta maior do que a esperada para o PIB do primeiro trimestre do ano-- mas também refletiu a alta da inflação. Isso porque o dado do PIB usado para mensurar o nível de endividamento do país é o valor nominal, ajustado pela inflação corrente da economia.
Em entrevista à imprensa, Rocha ponderou que, ainda que esses movimentos do câmbio e do PIB possam impactar a dívida por vários meses, eles não afetam a tendência de mais longo prazo da dívida, que depende de um ajuste nas contas públicas.
"Isso não altera os objetivos ou desafios da política fiscal", disse Rocha.
Em números absolutos, a dívida bruta atingiu 6,696 trilhões de reais em maio, ante 6,665 trilhões de reais em abril. A dívida líquida do país passou a 59,7% do PIB, de 59,8% do PIB.
ROMBO ABAIXO DAS EXPECTATIVAS
O déficit primário de maio veio abaixo do estimado por analistas, de 23,7 bilhões de reais, segundo pesquisa da Reuters.
No mês, o governo central registrou déficit primário 20,924 bilhões de reais, enquanto os governos regionais e as empresas estatais apresentaram superávits respectivamente de 5,248 bilhões de reais e 134 milhões de reais.
"Conforme ilustrados também nos resultados de ontem (do Tesouro Nacional), a receita deve continuar a ser a âncora das contas públicas neste ano, tanto a nível federal quanto regional", disse o economista-chefe da XP, Caio Megale.
As receitas do governo central aumentaram 93,4% em maio em termos reais sobre o mesmo mês de 2020, segundo dados divulgados na terça-feira pelo Tesouro, enquanto as despesas caíram 31,4% no mesmo período.
O déficit primário acumulado em 12 meses caiu para 5,41% do PIB em maio, ante 6,99% no mês anterior. A queda se deu com a retirada da estatística do mês de maio de 2020, quando o governo promovia despesas massivas para o enfrentamento da crise da pandemia da Covid-19.
0 comentário
Ações sobem após dados de inflação, mas acumulam queda na semana
Dólar cai após BC vender US$7 bi e Senado aprovar pacote fiscal
Taxas futuras de juros voltam a ceder com aprovação do pacote fiscal e comentários de Lula
Transição com Galípolo mostra que BC técnico permanece, diz Campos Neto
Ações europeias têm pior semana em mais de três meses, com queda no setor de saúde
Presidente do Fed de NY diz que BC dos EUA segue no caminho certo para cortes de juros