Dólar sobe nesta 3ª, mas se mantém abaixo de R$ 5 e caminha para maior queda trimestral em 12 anos
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta moderada contra o real nesta terça-feira, depois de oscilar entre ganhos e perdas, com a força da moeda norte-americana no exterior dando respaldo às compras locais em meio a operações típicas de fim de mês e de trimestre.
O dólar à vista subiu 0,29%, a 4,9431 reais na venda. A cotação variou entre 4,972 reais (+0,88%) e 4,9217 reais (-0,14%).
A moeda teve forte impulso logo após as 11h e cerca de 20 minutos depois cravou a máxima da sessão, na esteira de dados nos EUA que mostraram disparada na confiança do consumidor do país. O número mais robusto pode sinalizar mais gastos à frente que deixariam a economia mais dinâmica, o que poderia jogar combustível na inflação e o debate sobre redução de estímulos nos EUA.
Contra uma cesta de moedas fortes, o dólar subia 0,2% no fim da tarde, nas máximas em uma semana.
Posteriormente, a divisa perdeu força aqui, indo às mínimas no meio da tarde, já com a Ptax desta terça-feira definida. A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo BC e que serve de referência para liquidação de derivativos.
No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcionar a Ptax para níveis mais convenientes a suas posições, o que pode gerar aumento de volatilidade.
Profissionais da área de câmbio têm chamado atenção para alguma dificuldade da moeda de deixar para trás os 4,90 reais, mas destacado também que o ativo segue abaixo da linha psicológica dos 5 reais.
Na pesquisa Focus do Banco Central, analistas de mercado esperam dólar de 5,05 reais nos próximos meses e de 5,10 reais ao fim do ano. Mas alguns players veem cenário mais benigno.
Gustavo Arruda, chefe de pesquisa para a América Latina do BNP Paribas, projeta taxa de câmbio de 4,75 reais ao término de 2021, descendo a 4,50 reais no segundo trimestre de 2022. A última vez que a cotação oscilou em torno de 4,50 reais foi no começo de março de 2020, às vésperas de o mercado global sofrer um sacolejo com o início da crise da pandemia de Covid-19.
"Com a política monetária voltando a se ajustar, a ter um pouco mais de equilíbrio, a gente acha que o câmbio tem chances, tem espaço para se valorizar", afirmou Arruda, citando ainda o benefício derivado também dos preços valorizados das commodities.
O Banco Central elevou a Selic de 2% em março para 4,25% neste mês, e a expectativa do mercado é que a taxa supere 6% até dezembro.
Helena Veronese, economista-chefe na Azimut Brasil Wealth Management, vê o juro em patamar ainda mais alto, de 6,5%, contra taxas perto de zero nos EUA e na Europa. Com os retornos nominais mais elevados, o dólar deverá ficar entre 4,80 reais e 4,90 reais ao fim do ano, calcula a economista.
Segundo Veronese, mais recentemente o ambiente doméstico teve mais peso na formação do preço da taxa de câmbio, num contexto em que a agenda reformista prossegue a despeito de ruídos políticos oriundos em parte da CPI da Covid-19 no Senado. "Para o mercado é mais importante que as reformas andem", disse.
A uma sessão do fechamento do mês, o dólar cai 5,40% em junho --a caminho da maior queda mensal desde novembro de 2020 (-6,82%).
No trimestre, a moeda acumula recuo de 12,21%, o mais intenso desde o segundo trimestre de 2009 (-15,80%), quando os mercados domésticos e globais começavam a se recuperar da chacoalhada decorrente da crise financeira que havia estourado no ano anterior.
Em 2021, o dólar cai 4,78%, depois de subir 11,58% até 9 de março, quando estava em 5,7927 reais.
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