Fiocruz promete novo turno de produção e 1,2 milhão de vacinas por dia em abril

Publicado em 03/04/2021 17:54 e atualizado em 04/04/2021 14:20

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RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai abrir em abril mais um turno da linha de produção de vacinas contra Covid-19 na unidade de imunobiológicos de Biomanguinhos, elevando a capacidade diária de produção para 1,2 milhão de doses, afirmou o diretor da unidade, Maurício Zuma, em entrevista à Reuters.

Até o momento, Biomanguinhos vem atuando com duas linhas para a produção da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford com o laboratório AstraZeneca, mas só uma delas com dois turnos. A segunda linha ganhará um segundo turno neste mês.

“Com esse novo turno, após testes na máquina, certamente vamos passar a capacidade para algo como 1 milhão e 200 mil, fácil, ao final de abril”, disse Zuma à Reuters na quarta-feira.

“Mais à frente vamos tentar também aumentar o tamanho do lote. Hoje, cada turno produz um lote médio de cerca de 300 mil doses... aos poucos pretendemos elevar o tamanho do lote para 320 mil. Mas isso tem que ser feito com segurança, qualidade e sem aventuras.”

A Fiocruz bateu na semana passada seu recorde diário de produção do imunizante ao alcançar 900 mil doses, segundo Zuma. A inclusão de mais um turno na segunda linha poderá agregar mais 300 mil doses.

A vacina da Fiocruz é responsável atualmente por apenas 20% do total de doses aplicadas no país, enquanto a chinesa CoronaVac, envasada pelo Instituto Butantan, representa os outros 80%.

A meta da Fiocruz é entregar até julho desse ano 100,4 milhões de doses de vacinas produzidas com Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) importados da China, e depois mais 110 milhões de doses até o final do ano com o insumo produzido pela própria fundação.

Uma possível demora na entrega dos insumos, mediante a enorme procura internacional, podem afetar a produção, de acordo com Zuma.

“Estamos com receio de suprimento de insumos, tem gente dizendo que está com problema para embarcar insumos e materiais usados em produção”, disse Zuma, acrescentando, porém, que "no curto prazo não há risco de faltar”.

O atraso na chegada dos insumos no começo do ano retardou o início da produção do imunizante na Fiocruz. Os envios depois foram normalizados, garantindo toda a produção prevista para abril.

PRODUÇÃO LOCAL DE IFA

O planejamento da Fiocruz aponta para maio o início da produção local do IFA. De acordo com Zuma, o processo de produção de um lote de IFA leva em média 45 dias e são necessários mais 25 dias para ser envasado e para passar pelo controle de qualidade.

Os primeiros lotes de vacina com IFA nacional só devem estar disponíveis em meados de outubro.

“As instalações estão em fase final de adequação e em abril a gente quer ter tudo pronto para haver certificação e inspeção da Anvisa, que dever vir aqui na última semana de abril para esse trabalho e nos conceder as condições técnico-operacionais, e em maio comece a produção dos lotes de pré-validação“, afirmou Zuma.

“Só com essa autorização da Anvisa a gente pode manipular um agente biológico dentro de um laboratório... a vacina já deve estar com primeiro lote pronto em julho , mas aí entra a questão regulatória, lotes de consistência e outras regras”, adicionou.

Com o calendário apertado para entregar 110 milhões de doses no segundo semestre com IFA próprio, a Fiocruz poderá ter que importar mais vacinas prontas e novos lotes de IFA, reconheceu o diretor de Biomanguinhos. “Nosso foco é garantir 110 milhões, e como vai ser estamos trabalhando", disse.

A Fiocruz já havia antecipado à Reuters em fevereiro que antevia percalços para produzir vacinas com o IFA próprio e que tinha aberto negociação com a AstraZeneca para importar mais doses ou insumos.

Brasil tem 30 milhões de doses de vacinas contra Covid asseguradas em abril, diz ministro

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(Reuters) - O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou neste sábado que o Brasil tem 30 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 asseguradas para abril que serão fornecidas pelo Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o que permitirá ao país cumprir a meta de vacinar 1 milhão de pessoas por dia.

Queiroga havia afirmado na quarta-feira que Butantan e Fiocruz entregariam um número menor de vacinas este mês devido a atrasos, mas os dois fabricantes de imunizantes negaram problemas no cronograma para abril.

Neste sábado, o ministro confirmou o número de 30 milhões e reiterou a meta de vacinar 1 milhão de pessoas por dia.

"Primeiro objetivo é que em abril consigamos prosseguir todos os dias com esse 1 milhão de doses. Para tanto, notemos que a Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Butantan nos asseguram 30 milhões de doses no mês de abril", disse Queiroga a repórteres, após participar de reunião virtual com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

"Trinta milhões de doses já temos certas, isso garante que a meta de 1 milhão de pessoas por dia será cumprida", acrescentou.

O ministro citou levantamento de um consórcio de veículos de imprensa que apontou que o Brasil vacinou mais de 1 milhão de pessoas na quinta-feira, totalizando mais de 18,8 milhões de pessoas vacinadas com a primeira dose no país -- o equivalente a 8,9% da população.

Os dados oficiais do ministério, que sofrem com um atraso no registro dos municípios, apontam que 16,1 milhões de pessoas receberam a primeira dose, o que equivale a 7,6 da população.

O ministro disse que a reunião com a OMS tratou sobre a possibilidade de antecipação do envio de doses de vacinas ao Brasil por meio do consórcio Covax, que é coliderado pela OMS.

Apesar de ter 30 milhões de doses asseguradas este mês, o número é inferior ao que havia sido prometido pelo governo, uma vez que a Anvisa recusou pedido do ministério para importar 8 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, após o fabricante Bharat Biotech não ter obtido certificado de boas práticas de fabricação da agência reguladora. O ministério havia incluído a vacina nos cálculos, mesmo sem nenhuma garantia de aprovação regulatória.

Queiroga também reiterou a importação das medidas que evitam a circulação do vírus, ao contrário do defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, que voltou a criticar neste sábado o fechamento de atividades econômicas por governadores.

Queiroga diz que evitar lockdown é “ordem”, mas população precisa colaborar

Ministro falou com jornalistas; Anunciou acordo para kits; País comprou medicamentos e testes (Poder360)

O ministro Marcelo Queiroga (Saúde) em conversa com jornalistas na porta da pasta, em Brasília. (Hamilton Ferrari/Poder360)

O ministro Marcelo Queiroga (Saúde) disse que evitar lockdown é a “ordem” do presidente Jair Bolsonaro, mas que a população precisa fazer o dever de casa: não aglomerar, usar máscara e cumprir o isolamento social. Ele conversou com jornalistas neste sábado (3.abr.2021).

“Nós precisamos nos organizar para que evitemos medidas extremas e consigamos garantir que as pessoas continuem trabalhando, ganhando o seu salário, renda, e a economia funcione, deixando essas situações extremas para o último caso. Então, evitar lockdown é a ordem, mas temos que fazer o nosso dever de casa. E o dever não é só do governo federal, do Estado e do município, é de cada um dos cidadãos”, disse.

Ele chamou os jornalistas para falar sobre um acordo do Brasil com a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) para aquisição de kits usados para a intubação de pacientes. O ministro teve reunião com a diretora da entidade internacional no Brasil, Socorro Gross, e o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghereyesus.

De acordo com ele, Tedros esteve empenhado em ajudar o Brasil a sair da pandemia de covid-19, e não em fazer críticas ao trabalho do governo Jair Bolsonaro no combate à crise sanitária.

Queiroga afirmou que o Brasil é um dos focos da doença e está “perdendo todos os dias muitos brasileiros”. “Isso decorre da pressão sobre o nosso sistema de saúde e da incapacidade plena que temos de assistência à população. É necessário reforçar as medidas que evitam a circulação do vírus”, disse.

QUEIROGA: FIQUE EM CASA NA PÁSCOA

O ministro da Saúde pediu para que a população fique em casa durante o feriado de Páscoa. Ele citou que os brasileiros têm que colaborar para evitar a transmissão do vírus para não sobrecarregar ainda mais o SUS (Sistema Único de Saúde).

“Aproveitem esse feriado pascal para não fazer aglomerações. Nós assistimos muitas vezes a população fazendo festas sem máscaras. Isso não é adequado. Nós sabemos disso. Então, precisamos que cada um colabore. Se todos juntos unirmos esforços, nós vamos conseguir vencer essa pandemia e o nosso país seguir o grande destino que tem”, declarou.

De acordo com ele, o uso da máscara é fundamental, assim como a higienização das mãos e o distanciamento social, mas é necessário que haja adesão da população.

VACINAÇÃO

Queiroga anunciou um acordo de colaboração técnica com a Opas para assegurar mais vacinas nos próximos 3 meses. As negociações são para ampliar a produção no Brasil. Se tratou sobre a utilização de parques industriais que produzem vacinas animais para adaptação dos mecanismos para aumentar o estoque de doses para humanos.

Autoridades sanitárias brasileiras e da OMS vão verificar a adequação das unidades para verificar a viabilidade do uso para a produção de vacinas contra a covid-19.

“Não só para abastecer o mercado interno e ampliar a nossa capacidade de vacinação, mas também para que o Brasil, na sua condição de líder mundial e líder da América Latina [em programa de vacinação] possa oferecer em um futuro próximo, se tudo ocorrer com o que nós programamos, sobretudo com bases técnicas muito próprias, oferecer vacinas para os outros países da América Latina e para o mundo”, afirmou o ministro.

Ele ressaltou, porém, que as medidas terão efeitos no médio prazo.

A OMS e a Opas também vão vender insumos estratégicos para o Brasil, como os kits de intubação, medicação, sedativos, bloqueadores neuromusculares e outros. São 22 itens que estão na cesta de compras do Brasil, sendo 8 urgentes. A maior parte deve chegar de 2 a 4 semanas.

“O Ministério da Saúde tem acompanhado dia a dia a oferta desses bloqueadores neuromusculares para Estados e municípios e colaboramos agora com a Opas para conseguir repor os nossos estoques reguladores, de tal sorte que essa operação diária que existe de fazer aporte desses insumos para Estados e municípios seja menos sofrida para nós no Ministério da Saúde e que crie menos ansiedade na população brasileira”, disse.

Ele disse que o problema de carência de doses não é único do Brasil, mas citou que o país tem duas indústrias com capacidade de produção: o Instituto Butantan e a Fiocruz. O Ministério da Saúde trabalha com uma meta de vacinar 1 milhão de pessoas por dia neste mês, com 30 milhões de doses produzidas no país.

FORÇAS ARMADAS E VACINAÇÃO

Queiroga conversou com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Braga Netto (Defesa) sobre a ampliação da atuação das Forças Armadas no trabalho de logística e operacional na campanha de vacinação. O pedido foi do chefe do Executivo.

“O governo tem uma interlocução forte por determinação do nosso presidente da República, que está pessoalmente empenhado em aumentar a cobertura vacinal do país. Nós teremos o apoio das Forças Armadas, seja nas logísticas de distribuição de vacinas, seja através do corpo técnico da área da saúde ajudando Estados e municípios a vacinar a população brasileira de uma maneira muito efetiva”, declarou.

Ele disse que o presidente não falou se irá vacinar neste sábado. É um assunto “pessoal” de Bolsonaro, segundo ele.
O plano ainda não está detalhado. Há 37 mil salas de vacinação no Brasil e, segundo Queiroga, há capacidade de vacinar toda a população.

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Fonte:
Reuters

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