Economia do Brasil tem em 2020 maior contração desde 1996 sob impacto do coronavírus
A economia brasileira registrou em 2020 a maior contração em 24 anos sob o impacto das medidas de contenção ao coronavírus, terminando o ano com perda de força e diante de um pano de fundo de incertezas.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil despencou 4,1% em 2020, depois de crescimento de 1,4% em 2019, na maior queda desde o início da série histórica do IBGE iniciada em 1996.
O resultado informado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira interrompe três anos de crescimento, quando o PIB acumulou alta de 4,6%. Mas foi melhor que a projeção oficial do Ministério da Economia, de uma queda de 4,5% em 2020.
De acordo com o IBGE, antes de 1996 a metodologia para cálculo do PIB era outra, e se considerados esses resultados, a contração de 2020 seria a terceira pior desde 1962, atrás de 1990 e 1981.
Entretanto, o ritmo de recuperação da economia diante da pandemia mostrou perda de força no final do ano passado. No quarto trimestre, o PIB apresentou expansão de 3,2% sobre os três meses anteriores.
O desempenho foi melhor que a expectativa em pesquisa da Reuters de crescimento de 2,8%, depois de uma expansão recorde de 7,7% no terceiro trimestre.
"No ano de 2020 a economia foi completamente afetada pela pandemia e por suas consequências", disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
"O patamar do PIB no quarto trimestre é equivalente ao fim de 2018 e início de 2019. Estamos 1,2% abaixo do ritmo da economia na pré-pandemia", completou ela.
No primeiro trimestre a economia apresentou retração de 2,1%, despencando 9,2% entre abril e junho, quando as medidas de contenção contra o coronavírus paralisaram a atividade no país.
Depois de atingir o fundo do poço em abril com a quarentena, o ritmo de recuperação passou a ganhar força no final do segundo trimestre. Entretanto, novas medidas em todo o país que voltaram a fechar empresas e o número constantemente alto de casos e mortes pela Covid-19 voltaram a pesar sobre a atividade.
A lenta recuperação da pandemia fica evidente no recuo de 1,1% do PIB no quarto trimestre na comparação com o mesmo período de 2019, contra expectativa de uma queda de 1,6% nessa base de comparação.
SERVIÇOS
Em 2020, somente a Agropecuária apresentou sinal positivo, com crescimento de 2,0%, puxada pela soja (7,1%) e café (24,4%), que tiveram produções recordes na série histórica.
Ainda do lado da produção, o setor de Serviços, que tem o maior peso na economia e foi o mais afetado devido à sua dependência do contato social, teve recuo de 4,5%.
Serviços ainda é o setor que mostra mais dificuldades para retornar ao nível pré-panemia. O menor resultado no setor veio de outras atividades de serviços (-12,1%), que são os restaurantes, academias, hotéis.
Já a Indústria apresentou queda de 3,5% no ano passado, sendo que somente a construção despencou 7,0%. Somados, serviços e indústria representam 95% da economia nacional.
Do lado das despesas, os gastos das famílias sofreram as maiores perdas no ano, de 5,5%, resultado mais baixo da série histórica, diante da piora no mercado de trabalho e o distanciamento social.
As despesas do Governo caíram 4,7%, também um recorde com fechamento de escolas, universidades, museus e parques, enquanto a Formação Bruta de Capital Fixo, medida de investimento, teve queda de 0,8%
Em relação ao setor externo, as Exportações de Bens e Serviços tiveram queda de 1,8%, enquanto as Importações encolheram 10,0%
Já o quarto trimestre teve como destaques as expansões de 2,7% de Serviços e 1,9% da Indústria na comparação com os três meses anteriores. Por outro lado a Agropecuária encolheu 0,5%.
Do lado das despesas, a Formação Bruta de Capital Fixo disparou 20,0% no período, enquanto as Despesas das Famílias cresceram 3,4% e as do governo aumentaram 1,1%
0 comentário
Ações sobem após dados de inflação, mas acumulam queda na semana
Dólar cai após BC vender US$7 bi e Senado aprovar pacote fiscal
Taxas futuras de juros voltam a ceder com aprovação do pacote fiscal e comentários de Lula
Transição com Galípolo mostra que BC técnico permanece, diz Campos Neto
Ações europeias têm pior semana em mais de três meses, com queda no setor de saúde
Presidente do Fed de NY diz que BC dos EUA segue no caminho certo para cortes de juros