Bolsonaro reitera que haverá mudanças na Petrobras sem dar detalhes
O presidente Jair Bolsonaro reiterou nesta sexta-feira que mudanças serão feitas na Petrobras, um dia depois de criticar a elevação do preço dos combustíveis realizada na véspera pela estatal.
"Anuncio que teremos mudança sim na Petrobras", disse o presidente durante viagem a Sertânia, em Pernambuco, para inauguração de uma obra. Bolsonaro afirmou que "jamais" vai interferir na estatal, mas reclamou que "o povo não pode ser surpreendido" com os reajustes nos combustíveis.
"Jamais vamos interferir nessa grande empresa ou na sua política de preços, mas o povo não pode ser surpreendido com reajustes. Faça-os mas com previsibilidade. É isso que nós queremos", afirmou.
"Se lá fora aumenta o preço do barril de petróleo e aqui dentro o dólar está alto, sabemos suas repercussões no preço dos combustíveis, mas isso não vai continuar sendo segredo de Estado. Exijo e cobro transparência de todos aqueles que tenho responsabilidade de indicar."
O presidente não esclareceu quais são as mudanças que pretende fazer na empresa ou qual exatamente é a transparência que está cobrando.
No dia anterior, durante sua live semanal, Bolsonaro já havia afirmado que haveria mudanças na empresa e criticou o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, que disse não ter nada a ver com caminhoneiros.
"Você vai em cima da Petrobras, ela fala 'opa, não é obrigação minha'. Ou como disse o presidente da Petrobras, há questão de poucos dias, 'eu não tenho nada a ver com caminhoneiros, eu aumento preço aqui e não tenho nada a ver com caminhoneiro’. Foi o que ele falou, isso vai ter uma consequência, obviamente”, disse Bolsonaro.
O preço do diesel é a principal reclamação da categoria. Há mais de duas semanas o governo tenta encontrar uma forma de reduzir os preços dos combustíveis. Na semana passada, foi enviado um projeto ao Congresso propondo a mudança da forma de cobrança do ICMS, um imposto estadual. Na quinta, Bolsonaro anunciou a suspensão do PIS/Cofins sobre o diesel por dois meses.
Na quarta-feira, a Petrobras anunciou mais um aumento dos combustíveis nas refinarias, de 10% para a gasolina e 15% do diesel, o que irritou profundamente o presidente.
Apesar de querer mudanças na Petrobras, Bolsonaro não tem poder para demitir diretamente o presidente da empresa. Castello Branco teria que pedir demissão --e, segundo fontes, ele não pretende ceder à pressão do presidente-- ou o Conselho de Administração da empresa precisa decidir não renovar seu mandato.
De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, apesar de ter seus membros indicados pelo governo, o conselho agora e independente.
As falas do presidente tiveram impacto direto nas ações da Petrobras, que já abriram em queda nessa sexta-feira e influenciam o índice Bovespa.
Às 13h27 as ações preferenciais da Petrobras operavam em queda de 4,82%, ao passo que as ordinárias caíam 6,25%. No mesmo horário, o Índice Bovespa operava com variação negativa de 0,04%.
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