Dólar fecha perto da estabilidade à espera de detalhes do Renda Cidadã
No encerramento, a moeda americana teve leve alta de 0,07% no mercado à vista, para R$ 5,6393. No mercado futuro, o dólar para outubro, que vence amanhã, recuava 0,34% às 17h45, cotado em R$ 5,6420.
"Ainda está tudo muito obscuro sobre o Renda Cidadã. É tudo o que o mercado não precisava neste momento de elevada incerteza", avalia a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto. Entre as principais dúvidas, ela ressalta que os investidores querem saber qual o impacto fiscal do programa e como fica o efeito nos bancos, que têm muitos precatórios em carteira. "O ideal era que ontem já fosse apresentada a proposta concreta, com os detalhes."
Na sessão desta terça-feira, como os detalhes não foram explicados, o câmbio não se distanciou do fechamento de ontem. O presidente Jair Bolsonaro disse que vender estatais para financiar o programa é uma possibilidade a ser avaliada, mas a privatização é um processo que leva tempo, ressaltou. Já o relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Pacto Federativo, senador Márcio Bittar (MDB-AC) disse que o governo não vai recuar do uso de precatórios e recursos do Fundeb, que financia a educação, para bancar o novo programa social.
O estrategista da TAG Investimentos, Dan Kawa, comenta que após a forte reação negativa, a expectativa é que parte da proposta - que inclui um "fura teto" e uma "pedalada fiscal" - seja abandonada. "Fica clara a incapacidade deste governo e do Congresso em avançar com medidas de ajuste fiscal focadas na contenção de custos." A esperança, observa Kawa, é que o ajuste fiscal prossiga, mas os sinais são preocupantes. Nesse ambiente, ele espera muita volatilidade nos mercados até o final do ano.
A piora do cenário fiscal já levou o banco americano Citi a reduzir a projeção de crescimento do Brasil em 2021 de 3,5% para 3%. O banco vê o real 15% mais depreciado do que os fundamentos sugerem e o governo rompendo o teto no ano que vem em R$ 75 bilhões. Já o grupo financeiro suíço Julius Baer avalia que a credibilidade fiscal do Brasil sofre novo golpe com o anúncio do Renda Cidadã e prevê forte venda de ativos do Brasil se o teto de gastos, principal âncora fiscal do País, for abandonado.
Após dia volátil, dólar fecha perto da estabilidade com apreensão fiscal
O dólar fechou perto da estabilidade ante o real nesta terça-feira, depois de oscilar entre altas e baixas, com o mercado mostrando indefinição diante de contínua apreensão do lado fiscal, intensificada na véspera pela proposta apresentada para financiar o Renda Cidadã.
A moeda norte-americana teve variação positiva de 0,14%, a 5.6428 reais na venda, nova máxima desde 20 de maio (5.6902 reais).
A cotação atingiu a mínima do dia ainda na primeira hora de pregão --de 5,6064 reais, queda de 0,51% -, depois ganhou força antes de voltar a recuar.
Em torno de 11h30 como compras voltaram ao mercado, e o dólar foi à máxima do dia por volta de 13h (de 5,6795 reais, valorização de 0,79%). A moeda desacelerou os ganhos até 14h31, a partir de quando se estabilizou até o fechamento.
Juros: desconforto com proposta para o Renda Cidadã mantém curva pressionada
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 3,17%, de 3,064% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 encerrou em 4,66%, de 4,545% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 6,62% (6,615% ontem) e o para janeiro de 2027, em 7,60%, de 7,624%.
"O mercado hoje é uma continuidade do que foi ontem e até que está bem comportado para o tamanho do problema", afirmou o sócio-gestor da LAIC-HFM, Vitor Carvalho. Ele explicou que por questões técnicas os vértices intermediários foram os mais penalizados. "O mercado é mais doado nesta região do janeiro de 2022 e janeiro de 2023, por isso o estrago é maior", afirmou.
Segundo o analista político da XP Investimentos, Victor Scalet, os intermediários refletiram o movimento de fundos zerando posições, principalmente nos vencimentos de janeiro de 2023 e 2025, além de algum fluxo estrangeiro. "Hoje foi um dia um pouco mais vazio. Não tem grande novidade para mexer nos preços", afirma Scalet, para quem um recuo do governo sobre o financiamento do Renda Cidadã poderia ter levado a curva a fechar e provocado alívio ao câmbio.
Pela manhã, o mercado chegou a trabalhar com a possibilidade de o governo voltar atrás ainda hoje nas propostas de uso de parte dos recursos do Fundeb e do orçamento destinado ao pagamento de precatórios, depois que o presidente Jair Bolsonaro falou em "buscar alternativas" para custear o programa. Também porque as medidas podem ser contestadas pelo Congresso e pelo Judiciário. "Alguns líderes do Congresso e o TCU já indicaram uma prévia ausência de suporte", comentaram os economistas do UBS Brasil.
Porém, ficou claro, posteriormente, que o governo pretendia levar a ideia adiante. O senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator da PEC emergencial que vai criar o Renda Cidadã e responsável pelo parecer do pacto federativo, afirmou ao Estadão/Broadcast que não vai desistir. "Não me assusto assim tão fácil", afirmou, sobre a recepção negativa do mercado e do mundo político ao modelo de financiamento.
De acordo com o Haitong Banco de Investimentos, a curva projeta 44% de probabilidade de aumento de 0,25 ponto porcentual para a taxa no Copom de outubro e entre 65% e 70% de chance de alta de 0,25 ponto no encontro de dezembro.
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