PT e partidos radicais se posicionam contra pedido de impeachment de Bolsonaro, diz Estadão
As acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, dividiram os partidos de oposição. Diante das revelações de Moro, cada sigla decidiu agir por conta própria, disputando protagonismo no pedido de impeachment. A proposta de um processo conjunto de impedimento do presidente fracassou.
Parlamentares e dirigentes de PDT, PSB e Rede entraram cada um com o seu próprio pedido.
Uma parte da bancada do PSOL já havia feito o mesmo semanas atrás.
O PT pisou no freio, por orientação do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.
Em reunião com a presidente do partido, a deputada federal Gleisi Hoffmann, o ex-presidenciável Fernando Haddad, o ex-ministro Aloisio Mercadante e os líderes das bancadas na Câmara e no Senado, Lula orientou o partido a ter cautela diante das revelações de Moro.
Anteontem, o ex-juiz da Lava Jato anunciou sua demissão com um pronunciamento em que acusou Bolsonaro de interferir politicamente na indicação de nomes para chefia da Polícia Federal (PF).
Horas depois, Lula participou de uma reunião com a executiva nacional do partido e outras lideranças na qual ficou decidido que a legenda não entraria isoladamente com um pedido de impeachment. Por outro lado, os petistas não vão se opor à ação e, caso a Câmara abra o processo, vão votar em bloco contra Bolsonaro.
Críticas
Ao longo do dia, o PT dividiu o foco das críticas entre Bolsonaro e Moro, responsável pela sentença que levou o petista a passar um ano e meio preso em Curitiba, no processo do triplex do Guarujá, em que Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.
Em suas redes sociais, Gleisi comparou a fala de Moro a uma "delação". Vídeo distribuído por lideranças do partido no início da noite de sexta-feira destacava o "elogio" de Moro a Lula e à ex-presidente Dilma Rousseff.
Em seu discurso de demissão, o ex-ministro da Justiça disse que "apesar dos problemas" de corrupção, os governos petistas mantiveram a autonomia da PF nas investigações.
A falta de unidade entre os partidos de oposição fez naufragar uma iniciativa da direção do PSOL, que tentou articular um pedido de impeachment que seria assinado por juristas, intelectuais e entidades representativas da sociedade civil.
A ideia foi lançada no início da tarde e levada por cada partido para discussões internas. A decisão deveria acontecer na reunião dos presidentes dos partidos, anteontem, mas PDT e PSB sequer participaram da conversa, o PT tirou o pé do acelerador e o PCdoB também.
O PCdoB ainda tentou articular uma ação conjunta, mas também fracassou. Não houve unidade nem sequer para a redação de uma nota conjunta.
"O PSOL apoia todas as formas constitucionais para afastar Bolsonaro, inclusive o impeachment. Passamos o dia buscando costurar um pedido amplo, envolvendo entidades e partidos. Mas, infelizmente, alguns partidos preferiram a inação", disse o presidente do PSOL, Juliano Medeiros.
(As informações acima são do jornal O Estado de S. Paulo).
Bolsonaro e Moro trocam farpas no Twitter; cresce a hashtag "MoroTraidor", diz Reuters
BRASÍLIA (Reuters) - Depois do ex-ministro Sergio Moro expor conversas para comprovar as acusações que fez, o presidente Jair Bolsonaro usou sua conta no Twitter para lembrar que apoiou Moro durante o período mais crítico do episódio conhecido como "Vaza Jato", marcado pelo vazamento de trocas de mensagens entre o então juiz e membros da força tarefa da operação Lava Jato.
"A Vaza Jato começou em junho de 2019. Foram vazamentos sistemáticos de conversas de Sergio Moro com membros do MPF. Buscavam anular processos e acabar com a reputação do ex-juiz. Em julho, PT e PDT pediram prisão dele. Em setembro, cobravam o STF. Bolsonaro no desfile do dia 7 fez isso", diz o texto.
Embaixo, uma foto de Bolsonaro com a mão no ombro do ex-ministro. Na ocasião, o presidente desceu do palanque presidencial em um intervalo do desfile e chamou Moro e empresários que estavam presentes para caminhar com ele e cumprimentar as pessoas nas arquibancadas.
Moro respondeu, em seguida, também pelo Twitter:
"Sobre reclamação na rede social do sr. presidente quanto à suposta ingratidão: também apoiei o PR quando ele foi injustamente atacado. Mas preservar a PF de interferência política é uma questão institucional, de Estado de Direito, não de relacionamento pessoal."
Moro abasteceu JN com conversas sigilosas
Na noite de sexta-feira, depois de pedir demissão e acusar Bolsonaro de ter admitido querer interferir politicamente na PF, pedir acesso a relatórios de inteligência e investigações, Moro repassou ao Jornal Nacional imagens de duas conversas, uma com o próprio Bolsonaro, e outra com a deputada Carla Zambelli (PSL-SP).
Em uma das conversas, Bolsonaro manda o link de uma matéria cujo título apontava investigações da PF contra 12 deputados bolsonaristas, e acrescenta: "mais um motivo para troca", referindo-se à mudança do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. A conversa teria sido na manhã de quinta-feira.
Em seguida, em uma audiência, Bolsonaro informa Moro que Valeixo seria trocado e Moro então avisa que se essa alteração realmente ocorresse, deixaria o governo.
Em outra troca de mensagens, Moro responde a acusação feita por Bolsonaro, em seu pronunciamento, de que o ex-ministro teria aceitado a troca se acontecesse em novembro, e ele fosse então indicado ao Supremo Tribunal Federal.
Zambelli diz a ele que aceite a mudança proposta pelo presidente e vá em setembro para o STF. Moro, que foi padrinho de casamento da deputada, responde: "prezada, não estou à venda".
Deveria ter disputado eleição
Nesta sexta-feira, em um pronunciamento de cerca de 40 minutos, o presidente Jair Bolsonaro rebateu o ex-ministro Sérgio Moro que, ao pedir demissão, o acusou de tentar interferir na Polícia Federal.
Na fala, no entanto, Bolsonaro reconheceu que quer um contato mais direto com o diretor-geral da instituição e evidenciou ter interesse pessoal em investigações da PF, como o caso da facada que sofreu em 2018.
Bolsonaro disse que, se Moro queria independência para fazer nomeações, deveria ter disputado a eleição à Presidência.
O Twitter do presidente alimentou a hashtag "MoroTraidor", que vem crescendo nas mídias sociais em resposta das redes bolsonaristas à saída do ex-ministro do governo.
Lula e Rodrigo Maia
A cúpula do PT, por sua vez, iniciou a campanha do "Fora Bolsonaro". Em post publicado no Twitter, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que foi condenado por Moro e ficou 580 dias preso - disse não saber como as instituições ainda não reagiram a Bolsonaro. "É preciso começar o Fora Bolsonaro porque não é possível a gente permitir que ele destrua a democracia", afirmou o petista.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, (DEM-RJ), não pretende autorizar agora um processo de impeachment contra Bolsonaro. Apesar da pressão sofrida por líderes de vários partidos, Maia disse a interlocutores com quem conversou na sexta-feira que é preciso cautela.
A avaliação é de que, embora haja uma grave deterioração do governo Bolsonaro, a pandemia do coronavírus no Brasil deve adiar qualquer decisão sobre impeachment neste momento.
Há na cúpula do Congresso e até do Supremo a percepção de que é preciso aguardar os próximos capítulos da crise. O argumento é o de que não há impeachment sem povo na rua - o que não deve ocorrer nos próximos dias, por causa da covid-19 - e sem o desmoronamento da economia. Mesmo assim, políticos observam que tudo pode mudar a qualquer instante.
Frase de Moro 'Prezada não estou à venda' foi calculada, diz Carla Zambelli
A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) disse neste sábado, 25, em entrevista à rede CNN, que a frase do ex-ministro Sergio Moro "Prezada, não estou à venda", dirigida a ela em mensagem por WhatsApp quando questionou o ex-juiz sobre sua ida ao Supremo, não foi natural, mas sim "muito calculada".
"Eu estava completamente desarmada e ele aí armado", disse a parlamentar, ao falar das conversas relevadas na sexta-feira, 24, pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
Carla Zambelli acusa o ex-ministro de ter planos de vazar as conversas muito antes da noite de sexta.
"Não é novidade nenhuma a vontade de Moro ir para o Supremo", disse Carla Zambelli.
Segundo ela, a conversa existe desde que ele foi para o ministério, seja na imprensa ou nos corredores de Brasília. "Não era só eu, mas todo mundo esperava Moro no Supremo", afirmou.
A parlamentar disse ainda que Bolsonaro "nunca abriu pra gente" se ele levaria ou não Moro ao STF: "Isso é assunto de segurança nacional."
Em outra parte da entrevista, Zambelli afirmou que o nome de Moro já é há algum tempo o mais ventilado para a vaga do Supremo.
entendimento
Para a deputada federal, havia uma falta de entendimento entre o presidente Jair Bolsonaro e Moro, "uma conversa que não andava". "Faltava uma conversa para os dois sentarem e se entenderem", disse ela, que em novos trechos da conversa com o Moro divulgadas pela própria parlamentar propõe um almoço ou um café da manhã de Moro com o presidente.
Carla Zambelli disse que se falasse com Bolsonaro sobre esse encontro, "a grande probabilidade" era de que ele aceitasse.
Sobre o vazamento das mensagens por Moro, Zambelli considerou um "traição".
Questionada sobre a forma como Moro a tratou algumas vezes nas conversas, chamando a parlamentar de "prezada", ela disse que o ex-juiz é formal e trata assim todo mundo. "Não é nem raiva, nem nada, é só uma decepção."
Ela ressaltou que trocou as mensagens de forma "ingênua".
Moro era pilar do governo, mas pilar quando cai pode ser substituído, diz Carla Zambelli
A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) afirmou neste sábado, 25, em entrevista à rede de televisão CNN, que o ex-ministro Sergio Moro, "era um pilar do governo, mas quando cai, pode ser substituído".
Ao contrário dos outros ministros, Moro vivia uma "esfera de frieza" na relação com Jair Bolsonaro, segundo ela. Enquanto isso, os demais ministros têm uma relação "amistosa" com Bolsonaro. "Ministros chegam no Planalto entram e batem na porta; Moro acha que precisava de um convite, existia uma esfera de frieza na relação dos dois. Não existia liga, algo que os conectasse", disse.
Na entrevista à CNN, ela acusou diversas vezes o ex-juiz de ter premeditado o vazamento das conversas, reveladas ontem no Jornal Nacional, da TV Globo: "Ele estava preparando para atacar."
Para tentar melhorar o relacionamento de Moro com o presidente, Zambelli disse ter falado com esposa do presidente, Michelle Bolsonaro.
O objetivo era organizar um jantar ou almoço no próximo domingo. Na conversa com Moro pelo WhatsApp, a parlamentar chega a comentar sobre a possibilidade e ele responde que Rosângela, sua esposa, está em Curitiba. "Tire esta sexta e vá para a casa, domingo a gente almoça com o presidente", afirmou a parlamentar, em mensagem a Moro.
Ela disse ainda que tem muitos conhecidos na Polícia Federal e havia uma avaliação de que o então diretor geral da instituição e braço direito de Moro, Maurício Valeixo, "não estava agradando a tropa".
Bolsonaro diz que tem o Brasil a zelar, enquanto Moro está preocupado com o próprio ego
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro rebateu o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, nesta sexta-feira, e afirmou que o ex-auxiliar está mais preocupado com seu próprio ego, enquanto ele tem o Brasil a zelar.
"Sabia que não seria fácil, uma coisa é você admirar uma pessoa, outra é conviver com ela, trabalhar com ela", disse o presidente em pronunciamento no Palácio do Planalto, horas depois de Moro apresentar sua renúncia ao cargo de ministro da Justiça.
O presidente disse que pela manhã conversou com parlamentares durante café da manhã nesta sexta-feira e afirmou: "Hoje vocês conhecerão aquela pessoa que tem compromisso consigo próprio, com seu ego, e não com o Brasil."
Bolsonaro negou ainda que tenha buscado interferir na Polícia Federal e disse que a lei lhe garante trocar o diretor-geral da corporação e o ministro sem precisar pedir autorização a ninguém.
"Dizer ao prezado ex-ministro Sergio Moro, como o senhor disse na sua coletiva que tinha uma biografia a zelar, eu tenho o Brasil para zelar", afirmou.
Deputado diz que teve conversa particular com Bolsonaro 'sobre o futuro'
Uma das visitas recebidas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, na manhã deste sábado, 25, o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ) disse ao Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que foi chamado para uma conversa particular "sobre o futuro". "Foi só um café da manhã com o presidente. Falamos sobre o futuro e sobre os próximos passos. Foi só um papo mesmo", comentou.
De Paula não revelou outros detalhes do bate-papo.
Ele confirmou a presença do ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Jorge Antônio de Oliveira Francisco, no Alvorada na manhã deste sábado, mas disse não saber o motivo da visita de Jorge ao presidente nesta manhã.
Jorge é um dos cotados para assumir a cadeira deixada por Sergio Moro no Ministério da Justiça e Segurança Pública.
De Paula disse que é provável que ele seja mesmo o novo chefe da pasta. "Ele é alguém da altíssima confiança do presidente e seria um ótimo quadro. Torcemos para que seja ele", comentou o deputado.
O filho do presidente senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) também esteve no Alvorada no período da manhã. O deputado Hélio Bolsonaro (PSL-RJ) também chegou ainda antes do meio-dia.
Mais cedo entraram também o secretário de assuntos fundiários do Ministério da Agricultura, Nabhan Garcia, o secretário Especial de Comunicação Social, Fábio Wajngarten, e o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
"Moro me disse que eu poderia trocar comando da PF após indicá-lo ao STF", diz Bolsonaro em discurso na sexta-feira
BRASÍLIA (Reuters) - Cercado por seus ministros, o presidente Jair Bolsonaro rebateu nesta sexta-feira as acusações do agora ex-ministro da Justiça Sergio Moro de que deseja interferir politicamente na Polícia Federal, e afirmou que o ex-juiz tentou negociar a troca no comando da PF por sua própria indicação a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Mais de uma vez o senhor Sergio Moro disse para mim: 'Você pode trocar o (Maurício) Valeixo, mas em novembro, depois que você me indicar para o Supremo Tribunal Federal'", disse Bolsonaro em pronunciamento com 45 minutos de duração, no Palácio do Planalto, citando o agora ex-diretor-geral da PF.
Bolsonaro decidiu no início da tarde responder à fala de Moro depois de discutir o assunto com seus ministros mais próximos. O ex-juiz da Lava Jato pediu demissão pela manhã e acusou o ex-chefe de tentar interferir na PF e em inquéritos que tramitam no Supremo ao exonerar Valeixo.
O presidente assistiu ao pedido de demissão de Moro em seu gabinete com os ministros palacianos Walter Braga Neto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), e se manteve reunido com eles, de acordo com uma fonte, até a hora de fazer seu próprio pronunciamento.
Inicialmente previstos para se reunirem no Planalto para discutir o programa Pró-Brasil, os demais ministros, além do vice-presidente Hamilton Mourão, foram convocados para comparecer ao pronunciamento com Bolsonaro. Só não estavam presentes Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo.
Três deputados também compareceram para prestar apoio ao presidente: Eduardo Bolsonaro, Carla Zambelli e Helio Lopes, todos da ala do PSL ainda aliada a Bolsonaro.
Em seu pronunciamento, Bolsonaro negou ter a intenção de interferir na PF, mas reconheceu que solicitou informações a respeito de determinadas investigações, incluindo os inquéritos sobre a morte da vereadora Marielle Franco e da facada que ele próprio sofreu durante a campanha presidencial de 2018.
O presidente admitiu que pediu à PF que interrogasse um ex-sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro acusado de envolvimento no assassinato de Marielle, cuja filha teria namorado seu filho mais novo, Jair Renan, e revelou ter consigo uma cópia do depoimento.
"Eu fiz um pedido para a Polícia Federal, quase com um por favor: chegue em Mossoró e interrogue o ex-sargento. Foram lá, a PF fez o seu trabalho, interrogou e está comigo a cópia do interrogatório", disse o presidente. "Mas eu é que tenho que correr atrás disso? Ou é o ministro? Não é a Polícia Federal que tem que se interessar?".
ACUSAÇÃO MAIS GRAVE
Em sua fala, Bolsonaro também tentou desqualificar o trabalho de Moro à frente ao Ministério da Justiça, afirmando mais de uma vez que teve de pedir "por favor" para a que a PF investigasse a facada que levou durante a campanha.
Disse ainda que Moro tinha posições políticas diversas das dele, como, por exemplo, ser desarmamentista, e resistia a pedidos feitos por ele.
"Aquilo que eu defendi durante a campanha os ministros têm obrigação de estar comigo", reclamou.
Bolsonaro também rebateu afirmações de Moro a respeito da saída de Valeixo do comando da PF, dizendo que a lei lhe garante trocar o diretor-geral da corporação e até mesmo o ministro, sem precisar pedir autorização a ninguém.
"Eu e o doutor Valeixo conversamos por telefone e ele concordou com a exoneração a pedido. Desculpe, senhor ministro, o senhor não vai me chamar de mentiroso. Não existe uma acusação mais grave para um homem como eu, militar, cristão e presidente da República ser acusado disso", afirmou.
Moro, em sua fala, afirmou que não assinou a exoneração de Valeixo, apesar do decreto publicado no DO nesta madrugada ter a assinatura digital do ministro. No início da noite, o governo federal republicou a demissão de Valeixo, desta vez sem a assinatura de Moro.
Também foi publicada a demissão, a pedido, de Sergio Moro.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito criminal para apurar os "fatos narrados e as declarações" apresentadas mais cedo pelo agora ex-ministro, segundo pedido apresentado à corte.
Aras pediu que Moro seja ouvido no inquérito para apresentar provas que comprovem os fatos que narrou. Ainda não houve escolha do relator do caso nem autorização determinada pelo Supremo.
"DECEPCIONADO"
Bolsonaro disse ter ficado "decepcionado e surpreso" com a decisão de Moro de comunicar seu pedido de demissão publicamente sem antes informá-lo, e afirmou ainda que não pode ter sua autoridade confrontada por nenhum ministro. Ele acusou Moro de ter postos "projetos pessoais" acima do país.
"Não posso aceitar minha autoridade confrontada por qualquer ministro. Assim como respeito a todos, espero o mesmo comportamento. Confiança é uma via de mão dupla", afirmou. "O governo continua, o governo não pode perder a sua autoridade por questões pessoais de alguém que se antecipa a projetos outros."
Bolsonaro disse que, mesmo antes de saber o que Moro falaria, avisou em um café da manhã com parlamentares que eles saberiam às 11h --horário em que Moro anunciou sua demissão-- quem não o queria na cadeira de presidente.
"Uma coisa é admirar uma pessoa, outra é conviver com ela, trabalhar com ela. Hoje pela manhã disse a parlamentares: 'Vocês conhecerão aquela pessoa que tem compromisso consigo, com seu ego, e não com Brasil´. O que eu tenho a meu lado é o povo brasileiro. Hoje essa pessoa vai buscar colocar uma cunha entre eu e o povo brasileiro'", contou.
No Congresso, segundo uma fonte, um eventual impeachment do presidente não é uma alternativa considerada no meio da crise do coronavírus, mesmo porque o presidente conseguiu força política ao se aproximar do centrão, ainda que a correlação de forças políticas possa mudar num piscar de olhos.
Essa mesma fonte avaliou que Bolsonaro pode perder popularidade -- e, portanto, capital político -- entre a ala que se considerava bolsonarista principalmente pelo discurso contra a corrupção, por conta do antipetismo e ainda devido ao próprio Moro.
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