Dólar sobe 2,9% no acumulado de semana de dados negativos
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda ante o real nesta sexta-feira, mas acumulou firme ganho na semana, marcada pela divulgação de dados em todo o mundo que destacaram a profundidade da recessão global.
No mais recente, a China divulgou a primeira contração trimestral de seu Produto Interno Bruto (PIB) desde pelo menos 1992. O número se seguiu a dados bastante negativos na quarta e quinta-feira nos Estados Unidos. Os países são as duas maiores economias do mundo.
Os relatórios foram divulgados na mesma semana que o Fundo Monetário Internacional (FMI) previu que a economia global sofrerá neste ano a maior contração desde a década de 1930, com o Brasil devendo amargar a maior retração desde pelo menos 1962.
Períodos de recessão aumentam a demanda por ativos seguros, o que acaba valorizando o dólar.
O dólar à vista caiu 0,39%, a 5,2359 reais na venda.
Na semana, a divisa ganhou 2,85%.
Em 16 semanas deste ano, o dólar subiu em 14, caindo em apenas duas.
Em 2020, a moeda norte-americana acumula valorização de 30,48%.
Para Joaquim Kokudai, gestor na JPP Capital, mesmo considerando a recessão global, o preço do dólar no Brasil parece estar excessivamente alto. "Acho que não temos tanto espaço para queda de juros, mas de toda forma ainda está difícil ter uma clareza de quando voltamos ao normal", disse.
Em teoria, uma interrupção no processo de cortes de juros poderia dar suporte ao real, já que evitaria nova queda nas taxas de títulos de renda fixa, que, assim, teriam mais chance de atrair capital externo.
Na avaliação do gestor, o que o Banco Central pode fazer agora é continuar ofertando liquidez via leilões de câmbio e deixar a Selic estável.
O juro básico está na mínima histórica de 3,75% ao ano.
Ibovespa engata 2º semana de alta com esperanças sobre droga contra Covid-19 e abertura dos EUA
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira, garantindo mais um resultado semanal positivo, embalado pelo otimismo em Wall Street, mas sem conseguir superar os 80 mil pontos novamente, em meio a ruídos no cenário político-financeiro brasileiro.
Índice de referência no mercado acionário nacional, o Ibovespa subiu 1,51%, a 78.990,29 pontos, chegando a 79.846,43 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somou 19,76 bilhões de reais.
Na semana, o Ibovespa teve um ganho de 1,68%, ampliando a performance positiva em abril para 8,18%. No ano, ainda contabiliza um declínio de 31,7%.
Notícias sobre planos para uma reabertura gradual da economia norte-americana e um potencial medicamento contra o Covid-19 animaram o começo dos negócios, após duas sessões seguidas de queda na bolsa paulista.
Na visão do analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, as bolsas responderam bem especialmente ao resultado do novo remédio. "É de fato algo novo e que pode se mostrar uma alternativa interessante para o combate ao vírus", afirmou, ponderando, contudo, ser ainda cedo para apontar a sua acurácia.
O medicamento, remdesivir, da farmacêutica Gilead Sciences, foi usado em testes de baixa escala por hospital de Chicago, mas mostrou resultados positivos no tratamento dos sintomas de febre e respiratórios produzidos pelo Covid-19. As ações da Gilead subiram quase 10% nesta sexta-feira.
O presidente dos EUA, Donald Trump, também apresentou na véspera planos para reabrir a economia norte-americana o que animou os mercados nesta sexta-feira. A doença já matou mais de 32,6 mil norte-americanos.
"Ter um plano, ter algo materializado tira algumas incertezas e começa a responder algumas questões-chave do processo, o que é interessante para o mercado", disse Arbetman.
Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 2,68%.
A trajetória no pregão brasileiro, contudo, perdeu fôlego ao longo do dia, com o Ibovespa chegando a ficar com sinal negativo, a 77.754,45 pontos, na mínima da sessão.
Para o analista de investimentos José Falcão, da Easynvest, o clima político no país está por trás desta perda de força do Ibovespa, com a guerra declarada entre o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o presidente Jair Bolsonaro, além da demissão de Luiz Henrique Mandetta do comando do Ministério da Saúde.
Falcão ponderou que a crise relacionada ao coronavírus está longe de ser solucionada no Brasil, e a demissão de Mandetta traz mais instabilidade.
Na mesma linha, Arbetman reforçou que uma crescente divisão entre Executivo e Legislativo coloca em dúvida as perspectivas para o país, sobretudo no âmbito pós-pandemia, "onde a necessidade de um acerto entre as partes é flagrante para a economia local voltar a crescer".
O novo texto da PEC do orçamento de guerra, aprovado pelo Senado nesta sexta-feira, com mais restrições para a atuação Banco Central na compra de títulos no mercado, também foi citado por Falcão como outro fator negativo.
Ainda assim, o analista da Easynvest destacou que, no curto prazo, a bolsa brasileira tem demonstrado mais racionalidade. Além da alta acumulada em abril, o Ibovespa contabiliza uma valorização de 28% desde a mínima intradia do ano, em 19 de março, de 61.690,53 pontos.
DESTAQUES
- VALE ON subiu 2,9%, após dados um pouco melhores do que o esperado sobre produção industrial em março na China, além de promessa de novas medidas para estimular a segunda maior economia do mundo. A companhia reporta dados de produção e vendas ainda nesta sexta-feira.
- PETROBRAS PN avançou 2,61% guiada por alta dos preços do petróleo Brent no exterior. Do noticiário sobre a companhia, a Petrobras afirmou que vê breve retomada de plataformas após coronavírus, bem como rebateu o setor de etanol e disse que taxa extra na gasolina geraria riscos.
- MULTIPLAN ON saltou 11,44%, com o setor de shopping entre as maiores altas do Ibovespa. IGUATEMI ON ganhou 3,28% e BRMALLS ON subiu 2,24%.
- ITAÚ UNIBANCO PN e BRADESCO PN avançaram 1,8% e 1,95%, respectivamente, após perdas nos últimos dois pregões, endossando a melhora. BANCO DO BRASIL ON valorizou-se 2,71%.
- COSAN ON recuou 5,64%, após divulgar que as vendas da Raízen Combustíveis no ciclo otto (gasolina e etanol) chegaram a cair 50%, enquanto no diesel a retração foi de 25%. "Já no segmento de aviação, a demanda segue impactada pela redução das malhas operadas por seus principais clientes, chegando a cair até 80%", afirmou a Cosan.
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