Nesta 4ª feira o mundo se deu conta da ameaça de morte a seus idosos e vulneráveis e do desastre econômico prolongado

Publicado em 19/03/2020 06:41 e atualizado em 19/03/2020 10:04
Número de mortos dispara na Itália e França; Casos confirmados de coronavírus no Brasil chegam a 428; mortes sobem para 4

MADRI/PEQUIM (Reuters) - Centenas de milhões de pessoas de todo o mundo se adaptam nesta quarta-feira a medidas vistas uma vez a cada geração para enfrentar a crise do coronavírus, que não só está matando os idosos e vulneráveis, mas ameaçando causar um desastre econômico prolongado.

"Este é um evento do tipo que acontece uma vez a cada 100 anos", disse o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, alertando que a crise pode durar seis meses, com seu país tornando-se o mais recente a restringir reuniões e viagens ao exterior.

A doença de disseminação rápida, que migrou de animais para humanos na China, já infectou mais de 212 mil pessoas e causou quase 8.700 mortes em 164 nações, desencadeando interdições de emergência e injeções de dinheiro que não eram vistas desde a Segunda Guerra Mundial.

"Nunca passamos por algo assim", afirmou o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, a um Parlamento quase vazio, com mais de 90% dos parlamentares afastados e uma pessoa com máscara e luvas limpando os corrimãos entre os discursos.

"E nossa sociedade, que se acostumou a mudanças que ampliam nossas possibilidades de conhecimento, saúde e vida, agora se encontra em guerra para defender tudo o que tomamos como garantido."

Existe alarme particularmente na Itália, que testemunha uma taxa de mortalidade anormalmente alta --quase 3.000 de 35.713 casos-- e está convocando milhares de estudantes de medicina para que entrem em ação antes da conclusão dos cursos e ajudem um sistema de saúde sobrecarregado.

Na quarta-feira, a Itália registrou 475 novas mortes, o maior aumento desde o início do surto e o maior total de um dia registrado por qualquer país.

A França também relatou um aumento nas mortes - elevando em 89, ou 51%, para um total de 264 em 24 horas.

Em todo o globo, tanto ricos quanto pobres viram suas vidas viradas de ponta-cabeça por causa de cancelamento de eventos, comércio escasso, locais de trabalho esvaziados, ruas desertas, escolas fechadas e viagens reduzidas ao mínimo.

"A higiene é importante, mas aqui não é fácil", disse Marcelle Diatta, de 41 anos e mãe de quatro filhos no Senegal, onde anúncios emitidos em alto-falantes exortam as pessoas a lavarem as mãos -- mas a água é cortada com frequência em seu bairro pobre.

A crise esta gerando uma onda de solidariedade em alguns países. Vizinhos, famílias e colegas se unem para cuidar dos mais necessitados, chegando a deixar suprimentos nas portas das pessoas forçadas a ficar em casa.

Ao redor da Espanha, aplausos ecoam todas as manhãs às 8h quando vizinhos que se isolaram agradecem os serviços de saúde por seu trabalho e cumprimentam uns aos outros.

Os Estados Unidos, que fecharam a fronteira com o Canadá, exceto para as viagens essenciais, estão enviando dois navios militares de assistência hospitalar - Comfort e Mercy - ao porto de Nova York e à costa oeste, enquanto os militares suecos estão montando um hospital de campanha perto de Estocolmo.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta quarta-feira que o país estava em pé de guerra e invocou poderes especiais por meio da Lei de Produção de Defesa para expandir rapidamente a fabricação de máscaras e equipamentos de proteção em falta.

Assombradas por uma recessão global aparentemente inevitável, nações ricas estão liberando bilhões de dólares em estímulos para as economias, auxílio para os serviços de saúde, empréstimos para negócios ameaçados e ajuda para pessoas físicas.

Mas o dinheiro extra de governos e bancos centrais não bastou para acalmar os mercados: as ações e os preços do petróleo voltaram a sofrer abalos.

No Brasil, a bolsa de valores de São Paulo encerrou nesta quarta-feira em queda de 10,3%, acumulando no ano perda de cerca de 42%. No país, o governo de São Paulo recomendou fechamento de shopping centers nos próximos dias e a prefeitura da capital determinou fechamento de toda atividade comercial com exceção de supermercados, farmácias, postos de combustíveis e restaurantes até o início de abril. O Estado registrou nesta quarta-feira mais três mortes em decorrência da doença, elevando para quatro o total de vítimas.

 

Casos confirmados de coronavírus no Brasil chegam a 428; mortes sobem para 4

SÃO PAULO (Reuters) - O número de casos confirmados do novo coronavírus no Brasil chegou a 428 nesta quarta-feira, aumento de 137 em relação à véspera, de acordo com uma plataforma online do Ministério da Saúde para contagem dos registros.

São Paulo continua sendo o Estado com maior número de infecções confirmadas, 240, crescimento de 76 na comparação com terça-feira. O Rio de Janeiro vem a seguir, com 45 casos. [nL1N2BB29T]

O ministério contabiliza ainda quatro mortes em decorrência do coronavírus, todas em São Paulo. A primeira delas foi revelada na terça-feira, e a Secretaria de Saúde paulista atualizou o número com mais três óbitos no início da noite desta quarta-feira. [nL1N2BB34K]

No Brasil, 16 Estados e o Distrito Federal já registraram casos confirmados da doença. Os municípios de São Paulo e Rio de Janeiro possuem ocorrências de transmissão comunitária.

Enquanto isso, os casos suspeitos da doença chegaram a 11.278, ante 8.819 verificados na véspera, quando houve um salto de mais de 300% por causa de uma alteração nos mecanismos de contagem do ministério, que passaram a ser automatizados. [nL1N2BA24Q]

A maior parte dos suspeitos, 5.334, também está em São Paulo.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou em entrevista coletiva na terça-feira esperar que o país atinja o pico da doença entre abril e junho, prevendo de 60 a 90 dias de "muito estresse", antes de o surto perder fôlego até outubro. 

No mundo, o coronavírus já infectou cerca de 180 mil pessoas, matando perto de 7.500, ainda segundo dados do ministério.

JPMorgan prevê que PIB do Brasil vai cair 10% no 2º tri; Goldman Sachs também estima recessão

SÃO PAULO (Reuters) - Os bancos JPMorgan e Goldman Sachs passaram a prever contração da economia brasileira neste ano, com o PIB afetado pelos efeitos globais do coronavírus, somando-se a outras instituições financeiras que também pioraram seus cenários para a atividade.

O mais conservador é o JPMorgan, que projeta declínio de 1,0% no PIB em 2020 (ante expectativa anterior de crescimento de 1,6%), com uma "profunda recessão" no primeiro semestre.

O banco espera retração de 3,5% da economia no primeiro trimestre deste ano ante os três meses anteriores (com ajuste sazonal), devido sobretudo ao golpe contra o PIB global e a temores do Covid-19 no país.

Já no segundo trimestre o JPMorgan calcula um tombo de 10%, à medida que os efeitos de baixa da disseminação do coronavírus e as medidas para conter o surto, junto com o aperto nas condições financeiras e uma recessão globais, terão um "papel crucial".

"Julgamos que o segundo trimestre poderia ser ainda pior, mas as medidas fiscais anunciadas por autoridades devem suavizar os efeitos", disse o banco em relatório.

O Goldman Sachs também cortou sua projeção para a economia em 2020, de expansão de 1,5% para contração de 0,9%.

"A combinação de demanda externa por bens e serviços em declínio, piora dos termos de troca, aperto significativo das condições financeiras domésticas e impacto econômico das medidas em rápida escalada para lidar com o surto de Covid-19 dentro das fronteiras nacionais, nos levaram a revisar ainda mais para baixo nossas perspectivas para as economias" da América Latina, disse o Goldman também em relatório.

Nesta quarta-feira, o UBS baixou a 0,5% sua expectativa de crescimento para o PIB brasileiro neste ano, depois de uma taxa já revisada para baixo de 1,3% (contra 2,1% antes).

Na véspera, o Credit Suisse havia reduzido sua projeção de expansão de 1,4% para zero, e o Santander Brasil também baixou suas estimativas.

Em relatório desta quarta, o Bradesco disse que os impactos da pandemia sobre a economia "serão inevitáveis", com simulações feitas para o PIB global levando a economia brasileira para uma faixa de crescimento "bem menor do que a expansão de 2,0% que projetávamos".

"Mas há importantes atenuantes também no Brasil. O país tem reservas internacionais da ordem de US$ 380 bilhões, que inclusive se valorizaram nessa crise com o fechamento da curva de juros americanos", disse o banco.

138894795_15845942377191n.jpg

Uma mulher passa por uma loja fechada no centro de Lisboa, Portugal, em 17 de março de 2020. (Foto por Pedro Fiuza/Xinhua)

Presidente português declara estado de emergência de 15 dias para combater ao coronavírus

Lisboa, 18 mar (Xinhua) -- O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, declarou nesta quarta-feira em um discurso nacional pela TV "estado de emergência", na tentativa de conter a propagação da COVID-19, a doença causada pelo novo coronavírus.

A declaração veio depois que medidas mais fortes foram concordadas em uma reunião do Conselho de Estado na manhã do mesmo dia por teleconferência e aprovadas pelo Parlamento, de acordo com a SIC TV, uma das principais emissoras privadas em Portugal.

O estado de emergência, o primeiro do gênero na história portuguesa, pode ser prorrogado por mais 15 dias, segundo a lei do país.

O presidente disse que esta é uma decisão excepcional e que a pandemia será intensa, "um teste nunca vivido ao Serviço Nacional de Saúde e à sociedade portuguesa".

A pandemia também será um desafio "enorme" para a economia, destacou ele, acrescentando que é uma "guerra".

"Acabei de decretar o estado de emergência", explicou o presidente, observando que sabe que "os portugueses estão divididos" sobre o assunto e que todos esperam um "milagre".

O primeiro-ministro António Costa garantiu na manhã do mesmo dia que seu governo só tomará medidas "necessárias e proporcionais" para conter a propagação do novo coronavírus, mas não prevê o recolher obrigatório.

"Com a declaração do estado de emergência, a democracia não será suspensa", disse o primeiro-ministro em um comunicado após a reunião do Conselho de Ministros.

Ele prometeu cumprir a tarefa com enorme determinação, adotando em todos os momentos as medidas necessárias e proporcionais, e dependendo das necessidades.

"O país não vai parar. Só continuando damos um combate eficaz a esta pandemia", afirmou.

Costa admitiu que este instrumento poderá permitir ao governo "fazer mais e melhor", mas avisou que "não há nenhum decreto de emergência que tenha um efeito salvador de resolver a crise pandêmica".

Portugal está em alerta desde a última sexta-feira e suspendeu atividades presenciais em todas as escolas e todas as ligações aéreas, hidroviárias e ferroviárias com a vizinha Espanha.

O número de casos positivos da COVID-19 em Portugal subiu para 642 nesta quarta-feira, aumento de 194 ante o dia anterior, de acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS).

138894795_15845942377201n.jpg

A Avenida de Liberdade vazia é vista durante a hora de ponta da tarde no centro de Lisboa, Portugal, em 17 de março de 2020. (Foto por Pedro Fiuza/Xinhua)

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

1 comentário

  • Marcelo Castilho

    O Brasil está acordando para o fato.., aqui na Alemanha, já estamos há alguns dias reclusos e sem vida social. O presidente é o representante máximo do descaso com a situação.

    9
    • carlo meloni sao paulo - SP

      ARI, todo mundo sabe que voce e' um ASNO, mas nao custa repetir... Diz que nao e' pessimista mas considera GENOCIDIO a morte de sete pessoas ( cinco em Sao Paulo, onde o Doria tomou muitas providencias) ... UTILIZAR A MORTE PARA FAZER POLITICA MOSTRA A SUA FALTA DE CARATER... -

      0