Petrobras avalia ajuste em plano de negócios após queda do petróleo (Reuters)

Publicado em 17/03/2020 16:44 e atualizado em 18/03/2020 02:56

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RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras avaliará a possibilidade de ajustes de curto prazo no seu plano negócios, que inclui investimentos e desinvestimentos para um período de cinco anos, enquanto a crise gerada pelo coronavírus e uma guerra de preços de petróleo declarada por sauditas derrubam as cotações da commodity para mínimas desde 2016.

"Vamos avaliar a necessidade de ajustes no plano no curto prazo, mas no médio prazo achamos que a situação se normaliza", disse uma fonte da companhia, na condição de anonimato.

Para a pessoa, o cenário ainda é incerto, e a empresa trabalha até mesmo com uma possibilidade de recuperação nos preços do petróleo, ao final do ano.

A cotação da commodity já caiu mais de 50% neste ano, e o Brent fechou nesta terça-feira abaixo de 30 dólares o barril pela primeira vez desde janeiro de 2016.

"O Brent deve se manter em baixa enquanto durar a crise. A demanda caiu e a Arábia Saudita aumentou a oferta", disse a fonte.

Contudo, a Petrobras entende que há uma possibilidade de retomada nos preços, se algo mudar na guerra de cotações entre Arábia Saudita e Rússia.

"Na nossa avaliação, o petróleo volta ao patamar de 50-60 dólares até o final do ano... (Com) Aumento da demanda e corte da produção... Rapidinho sobe", disse.

Com relação ao plano de negócios, disse a fonte, "alguns marcos podem ser postergados", enquanto o mundo atravessa a crise, "mas os trabalhos continuam, a vida segue".

O plano da Petrobras prevê desinvestimentos entre 20 bilhões a 30 bilhões de dólares para o período 2020-2024, tendo a maior concentração nos anos de 2020 e 2021, quando a estatal planeja vender oito refinarias.

Com relação a investimentos, a Petrobras aprovou no final do ano passado 75,7 bilhões de dólares dentro do plano para o período de 2020 a 2024, com redução de 10% ante o programa anterior.

A maior parte dos aportes está prevista em Exploração e Produção.

Para este ano, considerando a média anual projetada no plano, só o segmento de Exploração da Petrobras poderia receber aportes de 2,3 bilhões de dólares, mas especialistas da Wood Mackenzie disseram à Reuters esperar uma redução diante da derrocada dos preços.

No país, considerando todas as empresas, deve haver um corte de 300 milhões a 600 milhões de dólares em investimentos previstos para exploração de petróleo em 2020, segundo a consultoria.

Antes do colapso dos preços, a Wood Mackenzie previa para este ano aportes de 3 bilhões de dólares no Brasil, incluindo gastos de outras petroleiras, como a anglo-holandesa Shell, da norueguesa Equinor, dentre outras.

Procurada, a Petrobras preferiu não comentar o assunto.

À medida que vírus destrói demanda por combustíveis, refinarias consideram cortes

Refinarias costumam celebrar as quedas no preço do petróleo, algo que tende a impulsionar seus lucros, mas dessa vez se veem obrigadas a considerar longas manutenções e contemplar a desaceleração da produção, à medida que a demanda é afetada por restrições a viagens em meio à pandemia de coronavírus.

Na Ásia, as margens para a produção de combustíveis despencaram nesta semana para mínimas de vários meses ou anos, depois que mais países impuseram restrições a viagens internacionais e limitaram movimentações domésticas, parte das medidas para desacelerar o espalhamento do vírus.

As refinarias asiáticas estão produzindo gasolina com perda de 0,78 dólar por barril de petróleo Brent, a maior em 13 meses.

Já na Europa, as refinarias perdem quase 7 dólares para cada barril de gasolina produzido, cifra que não era vista há 11 anos. Enquanto isso, os diferenciais para os carregamentos de combustível de aviação recuaram para uma mínima recorde devido à falta de demanda.

"Quando os preços do petróleo recuaram com força no início da semana passada, eles deram um incentivo para que as refinarias mantivessem operações inalteradas. Eventualmente, com o avanço da situação relacionada ao vírus, este se tornou um momento para que as refinarias do mundo considerem promover cortes", disse um operador com base em Seul.

Sob condição de anonimato, operadores afirmaram que é muito difícil para refinarias planejar taxas de operação, já que a situação se altera diariamente.

As refinarias enfrentam uma escolha entre estender os períodos de manutenção enquanto as margens se mantêm fracas ou aproveitar os baixos preços para acelerar trabalhos e preencher as reservas com produtos refinados.

No entanto, uma vez que os estoques estiverem cheios, as taxas de refino teriam de ser reduzidas acentuadamente.

"As refinarias europeias terão de reduzir as operações para o menor nível possível tecnicamente, ou seja, 70% a 80%", afirmou um trader, considerando a segunda possibilidade.

 

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Fonte:
Reuters

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