Governo já vê "efeitos" de avanço do coronavírus
O secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, disse ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que o governo já identificou "efeitos isolados" do avanço do novo coronavírus no Brasil sobre setores da indústria e dos serviços, com retração do nível de atividade.
"A partir da semana que vem, teremos um plantão de informações. Por enquanto, identificamos efeitos isolados em alguns setores da indústria e de serviços, mas no curto prazo o impacto maior é sobre os setores aéreo e de eventos", disse Costa.
O setor aéreo tem muitos custos atrelados ao dólar, que já subiu 20% neste ano e fechou o último pregão cotado a R$ 4,8163, um recorde histórico. Já o setor de eventos tem sido afetado diante das recomendações do Ministério da Saúde para que a população evite aglomerações. Capitais como Rio e São Paulo já restringiram a realização de eventos com grande número de pessoas.
Como efeito da pandemia, bancos cortaram nos últimos dias sua projeção para o crescimento do PIB neste ano, que poderia não passar de 1,5%. O próprio Ministério da Economia alterou sua estimativa, de 2,4% para 2,1% - ainda assim, mais alta do que a do mercado.
A secretaria está monitorando os que sofreram impacto da crise no setor produtivo desde o carnaval e tem subsidiado as discussões no recém-criado comitê de monitoramento no ministério.
Segundo Costa, o secretaria tenta atuar "com serenidade e o máximo de agilidade", mantendo contato com todas as associações e confederações do setor produtivo. "Estamos trabalhando em medidas que garantam o mínimo de impacto sobre nossa produção e emprego", disse, sem antecipar quais seriam essas ações.
Na última quinta-feira, o Ministério da Economia anunciou as primeiras medidas de enfrentamento aos impactos do novo coronavírus no País. Haverá, por exemplo, antecipação de 50% do 13.º de aposentados e pensionistas do INSS para o mês de abril, com injeção de R$ 23 bilhões na economia, além de redução nas taxas de juros de empréstimos consignados para esse público. O governo também vai propor ao Congresso a ampliação da margem do benefício que pode ser comprometida com desconto em folha, hoje em 30% para empréstimos e 5% para cartão de crédito.
Em outra frente, o governo vai isentar de tarifas de importação alguns produtos médicos e hospitalares. Essas aquisições também terão facilidades diante da burocracia para ingresso no País. Os bancos públicos, por sua vez, estão comunicando a clientes a existência de linhas de crédito para fornecer capital de giro em momento de eventual dificuldade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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