Coronavírus tem potencial para se tornar pandemia, avalia OMS
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou para a possibilidade de o avanço do coronavírus se tornar uma pandemia, mas ponderou que o surto ainda pode ser contido. "Estamos em um ponto decisivo", definiu durante entrevista coletiva em Genebra, na Suíça.
Segundo dados mais recentes da entidade, 78.630 casos da doença foram registrados na China, com 2.747 mortes. Mas, de acordo com Tedros, o principal foco de preocupação se deslocou para fora do país asiático. "Nos últimos dois dias, o número de novos casos de coronavírus no resto do mundo superou o número de novos casos na China", destacou.
Ainda de acordo com a OMS, além do gigante asiático, 44 países relataram 3.474 diagnósticos do vírus, com 54 mortes. "Minha mensagem para cada um desses países é a seguinte: esta é sua janela de oportunidade. Se agirem agressivamente agora, podem conter o coronavírus e salvar vidas", disse Tedros.
A organização explicou que a maior parte dos países que já registraram a doença está em fase de importação do vírus, mas que há casos de redes de transmissões próprias. "As epidemias no Irã, na Itália e na Coreia do Sul demonstram o que o coronavírus é capaz", lembrou o diretor-geral.
O médico etíope citou a África como região que requer maior atenção, por ter sistemas de saúde mais frágeis, mas disse que todos os países do mundo têm comunidades vulneráveis. Para ele, o surto está em uma fase "delicada" e pode ir para qualquer lugar.
Olimpíada
A OMS está trabalhando com autoridades japonesas para avaliar a viabilidade dos Jogos Olímpicos de Tóquio, marcados para julho. "Não teremos uma decisão sobre as Olimpíadas em breve", explicou o diretor-executivo da entidade, Michael Ryan, em entrevista coletiva.
Ryan lembrou que outros grandes eventos aconteceram durante epidemias anteriores, como a do zika, em 2016, quando foram realizados os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
FMI deve reduzir projeção para crescimento global por coronavírus, diz porta-voz
WASHINGTON (Reuters) - O coronavírus claramente terá um impacto no crescimento econômico global e o Fundo Monetário Internacional provavelmente reduzirá sua previsão de crescimento como resultado, disse nesta quinta-feira um porta-voz do FMI.
A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, sinalizou o rebaixamento esperado no sábado, durante uma reunião de autoridades financeiras das 20 maiores economias do mundo, em Riad. Em comunicado, ela disse que o surto de vírus provavelmente reduzirá o crescimento econômico da China este ano para 5,6%, 0,4 ponto percentual a menos em relação às perspectivas de janeiro, e reduzirá 0,1 ponto percentual do crescimento global.
"É provável que rebaixaremos nossas projeções de crescimento para o mundo", disse o porta-voz do FMI Gerry Rice em um briefing regular. Ele acrescentou que não tinha novos números além dos da declaração de Georgieva, mas disse que mais detalhes surgirão à medida que o FMI se prepara para lançar um novo Panorama Econômico Mundial em abril.
Os mercados financeiros dos EUA foram afetados nesta quinta-feira pela rápida disseminação do coronavírus fora da China, intensificando os temores sobre o impacto no crescimento econômico e nos balanços das empresas.
"Claramente, o vírus terá um impacto no crescimento. Depende muito da velocidade da recuperação na China e em outros países, dos efeitos de transbordamento, dos efeitos nas cadeias de suprimentos e da extensão em que outros países podem ser significativamente afetados", disse Rice.
Ele disse que espera uma decisão em breve sobre o impacto do coronavírus para as reuniões do FMI e do Banco Mundial em abril, observando que uma série de opções está sendo considerada. A Reuters informou na quarta-feira que autoridades estão considerando reduzir as reuniões ou realizá-las por teleconferência.
Rice disse que o FMI está em contato constante com autoridades da Organização Mundial da Saúde, Banco Mundial, bancos regionais de desenvolvimento e outros sobre o impacto do vírus.
O FMI disse que uma ação coordenada ou sincronizada da comunidade internacional será útil se o impacto piorar, mas Rice disse que esse ponto ainda não foi alcançado.
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