Queremos Amazônia preservada, mas que recursos não fiquem escondidos lá, diz Bolsonaro

Publicado em 11/02/2020 19:28

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira que o governo quer a preservação da floresta amazônica, mas deseja também que os recursos que ela contém não fiquem escondidos lá para sempre.

"Temos que nos preparar, temos a capacidade de antecipar problemas e realmente implementar políticas que passem cada vez mais a dizer que a Amazônia é nossa", disse Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto que para transferir o Conselho Nacional da Amazônia Legal do Ministério do Meio Ambiente para a Vice-Presidência da República.

"Nós queremos que ela seja preservada, mas que também os seus bens não fiquem lá simplesmente escondidos para sempre. Queremos a Amazônia cada vez mais brasileira", acrescentou.

No discurso, com forte tom nacionalista, o presidente fez questão de deixar "bem claro" que ninguém é contra dar a "devida proteção e terra aos nossos irmãos índios".

"Agora da forma que foi feito --hoje em dia reflete 14% do território nacional demarcado por terras indígenas-- é um tanto quanto abusivo", ressalvou.

Bolsonaro disse que o conselho é um projeto de governo e tem muita esperança que possa dar a devida resposta aos críticos.

"Ano passado, um chefe de Estado, da Europa, ousou dizer que a soberania sobre a Amazônia não era nossa, era relativa, e outros autoridades falaram coisas semelhantes no passado", disse ele, numa referência indireta ao presidente da França, Emmanuel Macron.

Durante a cerimônia, Bolsonaro fez afagos ao vice-presidente Hamilton Mourão, que vai presidir o conselho e com quem teve divergências no início do governo. Disse que Mourão tem "competência mais do que suficiente para que este conselho atinja o objetivo que é interesse de todos nós".

O presidente aproveitou a solenidade para exaltar o projeto de lei enviado na semana passada pelo governo ao Congresso que permite a mineração e outras atividades de exploração econômica em terras indígenas. Ele frisou que o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, "em boa hora" apresentou a proposta e que agora a questão está no Legislativo.

Segundo Bolsonaro, se a proposta passar, "os nossos irmãos índios, se assim o desejarem, poderão fazer na sua terra tudo aquilo que o seu colega branco fazendeiro faz ali do lado".

Durante a solenidade, o vice-presidente agradeceu à "honrosa" missão a quem Bolsonaro lhe confiou, destacou que o impulso ao conselho é uma das decisões mais importantes tomadas na história recente do país e que é preciso estabelecer as bases de uma verdadeira política de Estado para a região.

"Proteção, preservação e desenvolvimento sustentável da Amazônia é uma tarefa de todos os brasileiros", disse Mourão, para quem a região é um enorme espaço para oportunidades.

O conselho, segundo nota da Assessoria de Comunicação Social da Vice-Presidência, será composto pelos ministros da Casa Civil, da Justiça e Segurança Pública, da Defesa, das Relações Exteriores; da Economia, da Infraestrutura, da Agricultura, da Ciência e Tecnologia, das Minas e Energia, do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Regional, da Secretaria-Geral, da Secretaria de Governo e do Gabinete de Segurança Institucional.

O colegiado tinha sido criado inicialmente no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Em entrevista coletiva, Mourão disse que vai trabalhar para que haja uma coordenação e controle de iniciativas para a região amazônica que estão sendo feitas isoladamente em órgãos de governo e quer contar com o apoio de Estados, municípios, a sociedade civil e a área acadêmica.

O vice-presidente disse que buscará se antecipar a problemas e evitar que ocorram desmatamento e queimadas ilegais na região.

Conselho da Amazônia: Bolsonaro critica forma de demarcação de terras indígenas (Estadão)

Em evento para anúncio da criação do Conselho da Amazônia, o presidente Jair Bolsonaro criticou a forma como a demarcação de terras indígenas é feita no Brasil, mas, em seguida, afirmou que "ninguém é contra dar a devida proteção e terra aos nossos irmãos índios".

Bolsonaro reforçou que o conselho foi criado como forma de dar uma resposta à reação negativa no exterior sobre políticas do governo para proteção da floresta amazônica, que registrou alta nas queimadas. "Espero que possamos dar a devida resposta àqueles que nos criticam", declarou. "Temos de ter capacidade de implementar políticas que mostrem que a Amazônia é nossa", disse

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, pediu a palavra e reforçou o discurso da soberania nacional. Ele disse que os brasileiros tratam a Amazônia como "país amigo", mas que deve ser encarada como território nacional "A Amazônia é propriedade dos brasileiros, precisamos pensar grande", disse Heleno.

Em seguida, o ministro do GSI entoou um grito de guerra. Enquanto ele dizia "tudo pela Amazônia", os convidados diziam "selva!".

Bolsonaro é o terceiro chefe de governo mais popular do mundo nas redes sociais

O presidente Jair Bolsonaro é o terceiro chefe de governo mais popular do mundo nas redes sociais. O mandatário brasileiro fica atrás apenas de Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, e do presidente dos EUA, Donald Trump. É o que aponta o Índice de Popularidade Digital (IPD), elaborado pela consultoria Quaest a pedido do jornal O Estado de S. Paulo. A exemplo do presidente norte-americano, Bolsonaro utiliza as redes sociais para comunicar atos de governo, atacar adversários e criticar a imprensa.

O índice foi calculado para uma amostra selecionada de 18 líderes mundiais a partir da coleta de métricas de uso das redes sociais Facebook, Instagram e Twitter. Como resultado, foi dimensionado para cada líder um índice mensal, entre janeiro de 2019 e janeiro de 2020, além do índice médio no período. O IPD tem uma escala que varia de 0 a 100, indicando a popularidade mínima e máxima possíveis, respectivamente.

O índice médio no período analisado traz Narendra Modi em primeiro lugar, com 63,25 (de 100) pontos, Donald Trump em segundo, com 62,27, e Jair Bolsonaro na terceira colocação, com um IPD de 52,75. Na sequência, entre atuais líderes de governo, aparecem Recep Erdogan, presidente da Turquia, Luis Lacalle Pou, presidente eleito do Uruguai, e Alberto Fernández, mandatário argentino que derrotou Mauricio Macri no último pleito do país vizinho.

Metodologia

O IPD avalia a popularidade de políticos e marcas nas redes sociais. São processados dados usando um algoritmo de inteligência artificial que determina a força de determinado perfil no ambiente digital.

O índice leva em consideração em 40 variáveis de redes, divididas em cinco dimensões: presença digital (perfis ativos nas redes sociais); fama (número de seguidores); engajamento (interação, comentários e curtidas, por postagens); mobilização (compartilhamento das postagens) e valência (proporção de reações positivas por reações negativas).

O cientista político e diretor da consultoria Quaest, Felipe Nunes, explica que o tamanho da população, o idioma e o tempo de permanência no cargo são levados em conta no cálculo. "O fato de Trump e Modi postarem em inglês pode explicar em alguma medida essa popularidade, uma vez que isso possibilita atingir mais gente e atrair mais seguidores ao redor do mundo", disse.

Ele ressalva que o tamanho da população da Índia - cerca de 1,3 bilhão de pessoas - influencia em parte no "sucesso" de Modi, mas não é determinante. O algoritmo leva em consideração a população e faz os cálculos sempre per capita nas métricas consideradas qualitativas. "Mas não dá para descartar a influência do tamanho da população, principalmente na dimensão fama, que leva em conta o número de seguidores.

O líder da China, país mais populoso do mundo, Xi Jinping, não entrou na relação por não possuir uma conta oficial nas redes sociais.

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Fonte:
REUTERS/ESTADÃO

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