Só nesta quarta-feira China tem 73 novas mortes por coronavírus; robôs farão testes de contágios

Publicado em 05/02/2020 20:58

XANGAI (Reuters) - A China continental registrou na quarta-feira mais 73 mortes em decorrência do surto de coronavírus, levando a contagem total a 563, informou a autoridade de saúde do país.

A Comissão Nacional de Saúde da China afirmou ainda que 3.964 novos casos de coronavírus foram reportados no país em 5 de fevereiro, o que eleva o total para 28.018.

Província de Hubei registra 70 novas mortes por coronavírus na quarta-feira.

  • Foto publicada em rede social pelo Hospital Central de Wuhan mostra pacientes sendo atendidos 25/01/2020 THE CENTRAL HOSPITAL OF WUHAN VIA WEIBO /via REUTERS

  • Brasil tem 11 casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus, diz ministério

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    • BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil tem 11 casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus e se mantém sem nenhuma confirmação da doença no país, conforme balanço atualizado pelo Ministério da Saúde divulgado nesta quarta-feira.

    São dois casos suspeitos a menos do que na véspera, segundo a pasta. Os casos sob suspeita que estão sendo monitorados, conforme o ministério, são dos seguintes Estados: 5 no Rio Grande do Sul, 4 em São Paulo, 1 no Rio de Janeiro e também 1 em Santa Catarina. 

    Até o momento, 21 casos foram descartados no país.

    De acordo com a pasta, todas as notificações foram recebidas, avaliadas e discutidas com especialistas do Ministério da Saúde, caso a caso, junto com as autoridades de saúde dos Estados e municípios.

    A epidemia do novo coronavírus já atingiu mais de 20 países e matou mais de 400 pessoas, quase todas na China.

    QUARENTENA

    Em entrevista coletiva, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, disse que não iria dar detalhes a respeito da quarentena das pessoas envolvidas na operação de vinda da China para o Brasil. Segundo ele, essas ações estão a cargo do Ministério da Defesa, responsável pela coordenação da operação.

    "Não há divergências em relação aos protocolos adotados pelo Ministério da Defesa", disse o diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do ministério, Júlio Henrique Rosa Croda. 

    Aviões do governo seguiram nesta quarta para Wuhan, cidade epicentro da crise da doença, para trazer de volta ao país brasileiros e chineses parentes desses que queiram vir para cá.

    Croda afirmou que na quinta e sexta-feiras o Brasil vai oferecer, numa parceria com a Organização Panamericana de Saúde (Opas), um treinamento para detecção e outras ações referentes ao novo coronavírus.

    Resposta à epidemia deve ser baseada na ciência, não no medo, diz porta-voz da chancelaria chinesa

    Beijing, 5 fev (Xinhua) -- O pânico é mais mortal e contagioso do que qualquer vírus, e todas as respostas à epidemia devem ser baseadas na ciência e não no medo, disse nesta quarta-feira a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying.

    A funcionária fez as observações quando solicitada a comentar algumas reportagens da mídia norte-americana que afirmam que as medidas restritivas causadas pelo coronavírus tomadas pelos Estados Unidos prejudicariam gravemente as empresas americanas que dependem de produtos ou clientes chineses.

    Além disso, segundo um relatório divulgado pelo Goldman Sachs recentemente, o crescimento anual dos EUA deve desacelerar 0,4 ponto percentual no primeiro trimestre devido ao surto do coronavírus, já que as restrições norte-americanas reduzirão o número de turistas chineses em 28% e suas despesas em US$ 5,8 bilhões.

    Hua destacou que a mídia, think tanks, especialistas e estudiosos de muitos países já manifestaram preocupação com as medidas restritivas excessivas adotadas por algumas nações. Ela acrescentou que a Organização Mundial da Saúde enfatizou muitas vezes que não recomenda medidas de intervenção desnecessária nas viagens e no comércio internacional e pediu a todos os países que combatam a disseminação de rumores, se baseiem na ciência e tomem medidas fundamentadas em evidências.

    "Esperamos que o país relevante respeite as recomendações profissionais certificadas da OMS e dê uma resposta racional e baseada na ciência à situação atual, em vez de exagerar na reação", apontou a porta-voz.

    Observando que a gripe sazonal nos Estados Unidos tinha infectado 19 milhões de pessoas e causado cerca de 10 mil mortes segundo estatísticas do lado norte-americano, Hua lembrou que, a partir de 1º de fevereiro, o número de pessoas curadas da infecção por coronavírus tem excedido o de mortes. "Até o final de 4 de fevereiro, 892 pacientes foram curados e receberam alta, quase o dobro do número de mortes pelo vírus. A quantidade de novos casos suspeitos caiu pelo segundo dia consecutivo", destacou Hua.

    Salientando que os interesses e destinos de todos os países estão entrelaçados na era da globalização, Hua enfatizou que, perante uma crise de saúde pública, todos devem se unir e superar as dificuldades com solidariedade, a fim de salvaguardar os interesses comuns.

    China trabalha em desenvolvimento de robôs para testes de coronavírus

    Shenyang, 5 fev (Xinhua) -- Os desenvolvedores chineses estão trabalhando na pesquisa e desenvolvimento de um robô que pode substituir os enfermeiros na realização de testes da garganta para reduzir a disseminação do novo coronavírus.

    O trabalho de pesquisa e desenvolvimento foi iniciado há uma semana pela Siasun, o maior fabricante de robôs do país, e pelo Instituto de Automação de Shenyang da Academia Chinesa de Ciências.

    Vários departamentos foram mobilizados no trabalho de desenvolvimento, instalação e testes para poupar tempo.

    Atualmente, no teste do coronavírus, uma enfermeira usa um cotonete para coletar secreções da garganta do paciente para o teste, correndo o risco de infecção devido à exposição ao vírus.

    O robô, que incluirá um braço mecânico em forma de cobra e uma parte de coleta de cotonete, pode ser controlado remotamente para proteger a equipe médica de ser infectada, de acordo com a Siasun Robot and Automation Co., Ltd.

    Com sede em Shenyang, capital da Província de Liaoning, nordeste da China, a Siasun foi fundada em 2000 e listada no Growth Enterprise Market (GEM, mercado acionário chinês no estilo NASDAQ para as empresas de crescimento) em 2009.

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    Uma fábrica de produção de robôs da Siasun. (Foto fornecida pela Siasun)

    Aeronaves da FAB decolam com destino à China para buscar brasileiros (Agencia Brasil)

    Aviões da Força Aérea Brasileira decolam de Brasília para buscar brasileiros que estão em Wuhan, na ChinaMarcelo Camargo/Agência Brasil
        

    Já estão a caminho de Wuhan, na China, as duas aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) que trarão, de volta ao Brasil, as 34 pessoas (brasileiros e parentes) que se encontram na cidade epicentro do surto de coronavírus.

    As aeronaves VC-2 – uma delas destinada ao transporte presidencial – deixaram o solo brasileiro por volta das 12h22.

    "As pessoas que vão embarcar na China estão sadias e sem evidência da doença. Na chegada ao Brasil, serão feitos exames para identificar quaisquer problemas", disse o responsável pela missão, brigadeiro Damasceno.

    Cada avião sai do Brasil com 18 tripulantes. Desses, sete são da área de saúde (seis médicos militares e um ligado ao Ministério da Saúde). 

    Aviões da FAB trarão brasileiros que estão em Wuhan, epicentro do surto de coronavírus, para o Brasil

    Ministério da Defesa/Divulgação

    Antes de chegar à cidade destino, as aeronaves farão escala em Fortaleza, Las Palmas (Espanha), Varsóvia (Polônia) e Ürümqi (já na China). No retorno, as aeronaves passarão pelas mesmas cidades.

    A previsão é que as aeronaves levem 62 horas no processo de ida e volta, sendo 47 horas de voo. Com isso, a chegada à China está prevista para amanhã (6) ao fim do dia (horário de Brasília). A chegada ao Brasil está prevista para sábado (8).

    Quando chegarem ao Brasil, todos os resgatados, bem como a tripulação de militares e o cinegrafista da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) que estão a bordo, passarão por uma quarentena de 18 dias na cidade de Anápolis (GO), seguindo protocolos e instruções oficiais visando à segurança de todos envolvidos. Os cidadãos isolados terão tratamento gratuito e o direito de serem informados permanentemente sobre seu estado de saúde.

    Porto de Santos segue orientações da Anvisa contra coronavírus

    Para evitar a transmissão do coronavírus, o Porto de Santos, em São Paulo, adotou medidas preventivas sanitárias sob orientação Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com a administração do porto, ainda não há casos suspeitos nos navios atracados.

    Os terminais portuários do complexo receberam instruções para veicular avisos sonoros sobre o vírus e intensificar a limpeza dos navios, além de reforçar o uso de equipamentos de proteção individual e manter as equipes em alerta nos postos médicos.

    Porto de Santos

    Porto de Santos segue recomendações da Anvisa contra o coronavírus - Arquivo Agência Brasil

    Caso tripulantes das embarcações apresentem sintomas indicativos da doença, o recomendado é manter a pessoa possivelmente infectada em isolamento até que faça todos os exames necessários e a suspeita seja descartada.

    A administração destaca ainda a importância de evitar o compartilhamento de objetos pessoais, como talheres, e de higienizar as mãos várias vezes ao dia.

    Navios

    Para a madrugada desta quinta-feira (6), está prevista a chegada do navio Tian Jian ao Porto de Santos. De proveniência chinesa, a embarcação tem uma carga de 10500 toneladas de fertilizante e 190 metros de comprimento e deverá atracar às 6h, no Cais Saboo.

    A assessoria do porto informou à Agência Brasil que 1.683 embarcações de origem chinesa ou que passaram pela China ancoraram em seus terminais, em 2019. O balanço de janeiro deste ano ainda está sendo fechado.

    O país asiático merece atenção por concentrar a maioria dos casos confirmados da doença. Ao todo, foram registradas até agora 490 mortes resultantes da infecção por coronavírus na China, que também conta 24.324 pacientes contaminados.

    Além da China, outros 27 países e regiões reportaram 226 ocorrências. Dois dos pacientes, um nas Filipinas e outro em Hong Kong, tiveram uma piora no quadro clínico e acabara falecendo.

    "Subestimando o vírus", por FÁBIO ALVES, no ESTADÃO

    Há ainda muitas incertezas sobre a magnitude e duração da crise do coronavírus

    É crescente o temor de que analistas internacionais tenham subestimado o impacto do surto do coronavírus nas economias chinesa e global nas suas projeções iniciais e que os investidores não tenham precificado totalmente esse impacto nos ativos de risco, como as bolsas de valores.

    Há ainda muitas incertezas sobre a magnitude e duração da crise com o surto do coronavírus, que vão desde a confiabilidade dos dados reportados pelo governo chinês até a taxa de disseminação e de controle do vírus, o que poderá afetar o tempo em que o comércio e a indústria ficarão fechados, assim como a extensão das restrições de circulação de pessoas e de produtos.

    O feriado do Ano Novo Lunar, por exemplo, foi estendido oficialmente pelo governo da China em uma semana até o domingo passado, mas as autoridades de, pelo menos, 24 províncias chinesas ordenaram que escolas e fábricas seguissem fechadas até a próxima segunda-feira, dia 10. Nos cálculos da rede de TV americana CNBC, essas 24 províncias respondem por 80% do PIB e 90% das exportações chinesas.

    Até a segunda-feira, conforme dados da Comissão Nacional de Saúde da China, foram confirmados 20.438 casos de coronavírus e o total de mortes aumentou para 425. Na atualização anterior, haviam 17.205 casos confirmados e 361 óbitos. Fora da China, foram registrados 162 casos em 24 países, com duas mortes.

    Mas pesquisadores da universidade americana Johns Hopkins estimam que, até o dia 31 de janeiro, havia 58 mil pessoas infectadas pelo coronavírus apenas na China continental. Esse número inclui os casos não reportados às autoridades de pessoas sem sintomas ou com sintomas leves da doença. Ou seja, o surto pode ter uma magnitude muito maior do que o imaginado.

    Na semana passada, os analistas do banco JPMorgan reduziram sua projeção do PIB mundial no primeiro trimestre de 2020 em 0,3 ponto porcentual, mas alertaram, em nota a clientes, que essa revisão inicial pode ter sido “muito pequena”.

    Mais ainda: os analistas do JPMorgan dizem que, diante da interrupção nos gastos dos consumidores e da produção nas fábricas, em razão da extensão dos feriados e do fechamento de espaços públicos e de empresas, a desaceleração da economia chinesa poderá ser maior do que o 1,4 ponto porcentual de redução prevista por eles na projeção para o PIB chinês neste primeiro trimestre de 2020.

    Por enquanto, os analistas do JPMorgan consideram o surto do coronavírus um choque de demanda, afetando vendas no varejo e gastos com turismo, mas se as fábricas permanecerem fechadas por muito mais tempo do que o previsto, especialmente nas províncias com indústrias integradas nas cadeias globais de produção, a doença também resultará num choque de oferta. Os analistas do banco americano dizem ainda que, como mais de 25% das exportações brasileiras vão para a China, cada 1 ponto porcentual de queda no PIB chinês reduz o crescimento do PIB brasileiro em 0,2 ou 0,3 ponto.

    “Espero novas revisões para baixo das projeções do crescimento do PIB global, com o mercado convergindo para um impacto negativo de 1 a 2 pontos porcentuais no crescimento do PIB chinês (no trimestre)”, diz o estrategista macro sênior da Nordea Asset Management, Sebastien Galy. “Suspeito que muito pouco desse choque no crescimento global tenha sido precificado nos preços das ações negociadas em bolsas.”

    Todavia, os indicadores de atividade econômica para o mês de janeiro em vários países, incluindo China e Estados Unidos, ainda não refletiram o impacto do surto do coronavírus no consumo ou na produção. Isso significa que a reação dos mercados globais, especialmente em bolsa e câmbio, tem ficado a reboque unicamente do noticiário sobre novos casos e mortes do vírus – ou de anúncios de restrição de voos e de circulação de pessoas, através da não concessão de vistos, por exemplo.

    Quando os indicadores de atividade ao redor do mundo começarem a fraquejar, a partir de fevereiro, em razão do impacto do surto do coronavírus nas economias chinesa e global, não se pode descartar uma nova rodada de forte correção nos preços dos ativos de risco. No Brasil, a pesquisa Focus, do Banco Central, ainda não captou revisões para baixo do desempenho da economia, com o consenso das estimativas apontando um crescimento de 2,30% do PIB. Mas isso pode mudar em breve. 

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Fonte:
Reuters/Xinhua/Estadão

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