Dólar segue exterior, fecha em alta e sobe pela 4ª semana consecutiva ante real
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta contra o real nesta sexta-feira e engatou a quarta semana consecutiva de ganhos, mais longa sequência do tipo em cerca de cinco meses, puxado por um dia de aversão global a risco por causa dos temores sobre um vírus oriundo da China.
Os temores sobre o coronavírus aumentaram depois de um segundo caso ter sido reportado nos Estados Unidos. Na sequência, a França anunciou também dois casos confirmados. O vírus já matou 26 pessoas e infectou mais de 800, com a maioria dos casos e todas as mortes sendo registradas na China.
O receio econômico do mercado é que o surto afete a demanda dos consumidores e tenha impactos mais diretos e abrangentes sobre a atividade econômica.
Várias divisas consideradas de risco se depreciavam ante o dólar nesta sessão, enquanto moedas seguras, como iene japonês, ganhavam terreno. As bolsas de valores dos Estados Unidos caíam.
No plano local, o mercado monitorou ainda declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que o movimento atual de desvalorização do real "desta vez é bem diferente" do visto no passado, uma vez que tem ocorrido concomitantemente a queda nos prêmios de risco.
As declarações referendam entendimento no mercado de que o BC não vê urgência em atuar para impedir uma desvalorização mais acentuada do real, que ao cair 4,1% no acumulado de janeiro tem o pior desempenho entre 33 rivais do dólar.
"O mercado entende que o BC atua para conter volatilidade", disse Felipe Pellegrini, gerente de tesouraria do Travelex Bank. "A piora do real neste mês é em parte uma devolução dos ganhos de dezembro e, no ano, dificilmente deveremos ver a moeda oscilando abaixo de 4 ou acima de 4,40 (por dólar)", acrescentou Pellegrini.
A última atuação do BC no mercado cambial via leilões ocorreu em 20 de dezembro passado, quando a autoridade monetária vendeu 465 milhões em dólar à vista e, ao mesmo tempo, negociou 9.300 contratos de swap cambial reverso --como parte da estratégia de trocar posição cambial do mercado de derivativos por dólar spot.
O dólar à vista fechou em alta de 0,45%, a 4,1856 reais na venda.
Na semana, a cotação acumulou ganho de 0,50%, movimento ditado pelo desempenho desta sessão.
Em quatro semanas consecutivas de valorização, a moeda se fortaleceu 3,35%.
Na B3, o dólar futuro de maior liquidez registrava alta de 0,35%, a 4,1875 reais.
No exterior, o índice do dólar subia 0,19%, chegando a alcançar uma máxima desde 2 de dezembro do ano passado.
0 comentário
Dólar recua após dados de inflação dos EUA apontarem afrouxamento maior pelo Fed
Preços ao consumidor dos EUA sobem um pouco mais do que o esperado em dezembro
Negociadores retomam conversas sobre detalhes finais do acordo de cessar-fogo em Gaza
Dólar oscila pouco com mercados à espera de dados de inflação dos EUA
Importadores dos EUA correm para comprar produtos da China enquanto ameaça de tarifas de Trump se aproxima
Volume de serviços no Brasil recua mais do que o esperado em novembro