Dólar fecha perto de R$ 4,19 em dia sem Wall St e atento a declarações de Guedes

Publicado em 20/01/2020 17:23

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Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar começou a semana em firme alta ante o real, fechando perto de 4,19 reais e das máximas da sessão desta segunda-feira, em pregão sem a referência de Wall Street e de dólar forte em outras praças financeiras.

O mercado analisou ainda a repetição pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de declarações sobre o novo normal para a economia brasileira contemplar juro baixo e dólar mais alto.

O comentário de Guedes vem num momento de contínuas altas do dólar neste início de ano, as quais têm desafiado previsões do mercado de que a cotação poderia se beneficiar de um período sazonalmente benéfico para o real.

No fim de novembro passado, o ministro fez as mesmas declarações e também em meio a um quadro de fragilidade da taxa de câmbio. Naquele mês, o dólar bateu recorde atrás de recorde, flertando com 4,30 reais e obrigando o Banco Central a intensificar intervenções no mercado para reduzir a volatilidade.

"Não sei se é uma estratégia (da parte de Guedes) ou se é a menos ruidosa, mas acredito que a ideia é dizer que a taxa de câmbio será determinada por movimentos de mercado, com interferência mínima", disse Fabrizio Velloni, chefe da mesa de câmbio e sócio da Frente Corretora.

O dólar sobe 4,39% no acumulado de janeiro, o que faz do real a divisa com pior desempenho neste início de ano. A escassez de fluxo cambial continua a ser um fator citado por analistas para essa performance mais fraca. Dados do governo mostraram nesta segunda que a balança comercial teve na semana passada saldo negativo de 816 milhões de dólares.

O dólar à vista fechou esta segunda-feira em alta de 0,59%, a 4,1892 reais na venda, depois de alcançar 4,1930 reais na venda no pico intradiário.

Na B3, o contrato de dólar futuro mais negociado tinha ganho de 0,64%, a 4,1915 reais, por volta de 17h45.

No exterior, o dólar subia frente a várias divisas emergentes, como iuan chinês, lira turca e rand sul-africano.

Bolsa acentua alta no fim (+0,32%) e renova máxima histórica, a 118.861,63 pontos

 
São Paulo - Sem a referência de Nova York no feriado de Martin Luther King, o Ibovespa parecia a caminho de fechar perto da estabilidade, no nível de 118 mil pontos, contido mais uma vez pelo segmento de bancos. Próximo ao fechamento, contudo, o principal índice da B3 acentuou os ganhos e encerrou a primeira sessão da semana em alta de 0,32%, a 118.861,63 pontos, na máxima do dia e em novo recorde histórico. Durante a sessão, o Ibovespa foi a 117.927,53 pontos na mínima. No encerramento, superou a máxima histórica anterior, de 118.573,10, que coincidiu com o fechamento do último dia 2. No ano, o Ibovespa acumula agora alta de 2,78%.

Em dia de volume financeiro condicionado pelo vencimento de opções sobre ações, o giro totalizou R$ 28,5 bilhões. O vencimento de opções movimentou R$ 12,693 bilhões nesta segunda-feira, 20, segundo informações da B3. Foram R$ 9,911 bilhões em opções de compra e R$ 2,781 bilhões em opções de venda.

A progressão do Ibovespa rumo a novos níveis históricos continua a depender do engajamento do investidor doméstico: o saldo estrangeiro em janeiro está negativo em R$ 6,579 bilhões, resultado de R$ 109,559 bilhões em compras e de R$ 116,138 bilhões em vendas, de acordo com os mais recentes dados disponíveis, até o dia 16, quinta-feira.

Nesta segunda-feira, o Bank of America Merrill Lynch reduziu a recomendação de Bradesco PN para neutra e cortou o preço-alvo da ação para R$ 39, enquanto a referência de preço para o Santander Brasil (com recomendação neutra) caiu para R$ 46. A instituição também alterou a recomendação para Itaú Unibanco a "underperform", com preço-alvo reduzido a R$ 34.

Os analistas do BofA Merrill Lynch - Mario Pierry, Giovanna Rosa e Ernesto Gabilondo - apontam que dois fatores exógenos contribuem para expectativas baixas para o setor bancário no Brasil: o aumento de cinco pontos porcentuais na Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) e os limites para os juros do cheque especial que, de acordo com a instituição, devem diminuir em 3% o lucro dos bancos brasileiros neste ano.

Nesta sessão, a ação ON do Banco do Brasil fechou em baixa de 0,64%, a ON do Bradesco cedeu 1,55% e a PN, 1,95%, enquanto Itaú Unibanco perdeu 2,03% - a segunda maior queda do dia no Ibovespa, superada apenas por Cielo - e a unit do Santander caiu 0,48%. No ano, BB acumula perda de 5,72%, Bradesco ON, de 2,92%, e PN, de 3,86%, ItaúUnibanco, de 7,70%, e Santander, de 3,23%. No lado oposto, destaque para as ações de varejo, em particular Magazine Luiza (+3,04%), o sexto melhor desempenho na sessão entre as componentes do Ibovespa. Desempenho positivo também para os carros-chefes Vale (+0,63%) e Petrobras (+0,41% na ON e +0,50% na PN).

O setor bancário está ingressando em cenário desafiador, de juros em queda sustentada, movimento que afeta as margens das instituições e os ganhos em operações de tesouraria. Tal conjuntura tem como pano de fundo uma transformação estrutural de longo prazo, no âmbito de iniciativas oficiais para aumentar o grau de competição, especialmente por meio de fintechs e bancos digitais. "A permissão do pagamento de títulos públicos por fintechs tem efeito direto sobre grandes bancos, especialmente Itaú e Bradesco, mais expostos a isso", diz Renato Chain, estrategista da Arazul.

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Fonte:
Reuters

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