Bolsonaro pode desistir de viagens a Davos e Índia em janeiro
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro pode desistir das duas viagens internacionais previstas para este mês, a participação no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, e depois uma visita oficial à Índia, que tinham como foco principal a economia.
O porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, disse em briefing à imprensa no início desta noite que há a possibilidade de Bolsonaro desistir das duas viagens. Mais cedo, em contato com a reportagem da Reuters, ele havia garantido a ida do presidente.
"A primeira, Davos, está sub judice", disse Barros no briefing, após revelar que em reunião nesta manhã foram discutidas as viagens do presidente para o Fórum Econômico e também para a Índia.
A perspectiva de Bolsonaro não ir a Davos, segundo uma fonte com conhecimento do assunto, tem levado em conta uma série de variáveis: o esvaziamento do evento, com uma série de líderes governamentais desistindo de comparecer ao encontro, e até o receio decorrente do aumento da tensão internacional por causa do assassinato por forças dos EUA do comandante militar iraniano Qassem Soleimani, decorrente de um ataque de drone ordenado pelo presidente Donald Trump.
A eventual participação de Bolsonaro em Davos seria a segunda ele no fórum, onde estreou, em janeiro do ano passado, em suas viagens internacionais como presidente.
Na ocasião, o presidente disse em discurso ter a credibilidade para fazer as reformas necessárias ao Brasil e que o mundo esperava que fossem feitas pelo país, sem detalhar, no entanto, quais seriam essas reformas e deixando de citar naquele momento até mesmo a reforma da Previdência, apontada por todos como a prioridade.
Este ano, Bolsonaro teria como apresentar a aprovação da reforma da Previdência e os primeiros sinais de melhoria do ambiente econômico, como a retomada do crescimento do país e uma leve redução da taxa de desempregados. Este problema, contudo, ainda atinge 11,9 milhões de brasileiros.
Há ainda a possibilidade de o presidente só ir para a Índia, onde seria recebido como convidado de honra para as celebrações do Dia da República da Índia, em 26 de janeiro, quando é comemorada a entrada em vigor da Constituição indiana.
Em uma de suas declarações na sexta-feira, Bolsonaro destacou que a Índia é um país que tem um comércio enorme e que está interessado em abrir mais portas para o Brasil no exterior. O país asiático, com 1,3 bilhão de pessoas, tem alcançado elevadas taxas de crescimento nos últimos anos.
Em novembro, durante a Cúpula dos Brics em Brasília, Bolsonaro recebeu o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em encontro bilateral, no Palácio do Planalto. A reunião serviu para discutir a relação comercial entre os dois países.
Uma terceira viagem internacional inicialmente prevista para este mês, à Antártida, foi cancelada, segundo o porta-voz mais cedo.
No briefing, o porta-voz disse que a decisão sobre as viagens internacionais em janeiro tem levado em conta uma série de aspectos, não apenas o da saúde de Bolsonaro. Ele havia sido questionado sobre a hérnia no abdômen do presidente, mas descartou uma nova intervenção cirúrgica.
"A possibilidade de o presidente se submeter a uma nova cirurgia é zero", disse Barros, para quem Bolsonaro está sendo muito bem acompanhado pela equipe médica.
O porta-voz disse que a viagem do presidente aos Estados Unidos em março incluirá idas a Miami e Dallas para encontros com empresários do setor da defesa.
(Reportagem de Ricardo Brito)
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