Irã anuncia enriquecimento ilimitado de urânio; Trump promete atingir 52 alvos se o Irã retaliar

Publicado em 05/01/2020 16:48

DUBAI (Reuters) - O Irã anunciou neste domingo que vai renunciar ainda mais aos compromissos feitos em um acordo nuclear em 2015 com seis potências mundiais, mas que continuará cooperando com o órgão de fiscalização nuclear da ONU (Organização das Nações Unidas), a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), de acordo com a televisão estatal. 

Um porta-voz do governo iraniano disse à emissora que o país não vai mais respeitar os limites estabelecidos sobre o número de centrífugas de enriquecimento de urânio que pode usar, o que significa que não haverá limites para a capacidade de enriquecimento, ou à pesquisa e desenvolvimento nuclear da nação.

A partir de agora, essas diretrizes seguirão as necessidades técnicas iranianas. 

O porta-voz disse que as medidas podem ser revertidas com a retirada de sanções dos Estados Unidos sobre Teerã.

.
  • Mídia e autoridades visitam instalação nuclear do Irã. 23/12/2019.

  • Parlamento iraquiano aprova expulsão de tropas estrangeiras do país

  • BAGDÁ (Reuters) - O Parlamento do Irã aprovou neste domingo uma sugestão do primeiro-ministro de que todas as tropas estrangeiras devem deixar o país, após os Estados Unidos terem matado o comandante militar iraniano e o líder de uma milícia iraquiana em Bagdá.

        Segundo o governo xiita, que é próximo ao Irã, a resolução aprovada ema sessão extraordinária do Parlamento deve cancelar o pedido de assistência de uma coalizão liderada pelos EUA.

        "Apesar das dificuldades internas e externas que podemos enfrentar, ainda é melhor para o Iraque em princípio e praticidade", disse o primeiro-ministro interino, Adel Abdul Mahdi, que renunciou em novembro em meio a protestos nas ruas.

        A sessão foi convocada após um ataque que matou o comandante da Guarda Revolucionária do Irã, Qassem Soleimani, arquiteto do projeto iraniano de aumentar sua influência na região, e o líder de milícia iraquiano Abu Mahdi al-Muhandis.

        Políticos xiitas rivais, inclusive os que se opõem à influência do Irã, uniram-se em pedir a saída das tropas dos EUA, e o eventual sucessor de Abdul Mahdi deve ter a mesma visão.

        Mas um legislador sunita afirmou que as minorias sunita e curda do Iraque temem que a expulsão da coalizão liderada pelos Estados Unidos deixe o país vulnerável à insurgência de militantes, minando a segurança e dando mais poder às milícias xiitas apoiadas pelos iranianos.

        A maioria dos legisladores sunitas e curdos boicotaram a sessão especial do Parlamento, e os 168 presentes superaram em apenas três cabeças o quórum exigido.

        Congressistas da milícia Asaib Ahl al-Haq, apoiada pelo Irã e que o departamento de Estado norte-americano vai passar a tratar como uma organização terrorista, carregavam retratos de Soleimani e Muhandis. Em vários momentos, os próprios parlamentares entoaram cânticos contra os EUA.

        Apesar das décadas de animosidade entre o Irã e os Estados Unidos, as milícias e as tropas dos EUA lutaram do mesmo lado na guerra contra o Estado Islâmico, que durou de 2014 a 2017.

        Cerca de 5 mil soldados norte-americanos permanecem no Iraque, a maioria em funções não combativas.

        Hadi al-Amiri, favorito a suceder Muhandis, também pediu a saída das tropas dos EUA em procissão de funeral pelos mortos no ataque. Na cidade petrolífera de Basra, dezenas de manifestantes se juntaram perto de uma instalação na empresa norte-americana Exxon Mobil para condenar o ataque.

        Dezenas de cidadãos norte-americanos trabalhando para petrolíferas em Basra deixaram o país na sexta-feira, após a embaixada ter pedido que todos os cidadãos saíssem da nação imediatamente.

        No Iraque, muitos protestos desde outubro exigem uma mudança completa do sistema político. Eles vêem as elites políticas como subservientes aos EUA e ao Irã.

  • Trump promete atingir 52 alvos iranianos se o Irã retaliar

  • BAGDÁ/WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou atingir 52 alvos iranianos se o Irã atacar americanos após um ataque de drone que matou o comandante militar iraniano Qassem Soleimani e um líder da milícia iraquiana.

  • Não mostrando sinais de tentar aliviar as tensões provocadas pelo ataque ocorrido no aeroporto de Bagdá na sexta-feira, Trump lançou uma ameaça ao Irã no Twitter. A greve levantou o espectro de um conflito mais amplo no Oriente Médio.

    Trump escreveu: "O Irã está falando muito ousadamente sobre alvejar certos alvos dos EUA" em vingança pela morte de Soleimani. Trump disse que os EUA "alvejaram 52 alvos iranianos" e que alguns foram "em um nível muito alto e importante para o Irã e a cultura iraniana, e esses alvos, e o próprio Irã, serão atingidos com muita rapidez e com muita força".

    "Os EUA não querem mais ameaças!" Trump disse, acrescentando que os 52 alvos representavam os 52 americanos que foram mantidos reféns no Irã por 444 dias depois de serem apreendidos na embaixada dos EUA em Teerã em novembro de 1979 - um ponto doloroso duradouro nas relações entre EUA e Irã.

    Trump não identificou os alvos. O Pentágono encaminhou perguntas sobre o assunto à Casa Branca, que não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

    Trump fez referência a um número incomumente específico de alvos iranianos em potencial depois que um comandante sênior da Guarda Revolucionária Iraniana também mencionou um número específico de alvos americanos - 35 - para possíveis ataques de retaliação em resposta ao assassinato de Soleimani.

  • Irã classifica Trump como "terrorista de terno" após ameaça de ataque

  • DUBAI (Reuters) - O Irã classificou neste domingo o presidente norte-americano, Donald Trump, como um "terrorista de terno", após o republicano ter ameaçado atingir 52 alvos no Irã caso Teerã ataque cidadãos ou ativos dos Estados Unidos em retaliação à morte do comandante militar Qassem Soleimani.

        Em meio à guerra de palavras entre os dois lados, a União Europeia, o Reino Unido e o Omã pediram para que os envolvidos diminuam o tom.

        Soleimani, então comandante militar do Irã, foi morto na sexta-feira por um drone norte-americano enquanto estava em um comboio no aeroporto de Bagdá. O ataque elevou as longas hostilidades entre Teerã e Washington e aumentou o temor de conflito no Oriente Médio.

        Milhares de pessoas, muitas gritando contra os EUA e batendo no peito, protestaram no Irã depois de o corpo de Soleimani ter chegado ao país com ares de herói nacional.

        "Como o Estado Islâmico, como Hitler, como Genghis! Eles todos odeiam as culturas. Trump é um terrorista de terno. Ele aprenderá em breve que NINGUÉM pode derrotar a 'grande nação e cultura iranianas", disse pelo Twitter o ministro da Informação e das Telecomunicações, Mohammad Javad Azari-Jahromi.    Soleimani era o arquiteto por trás das operações militares e inteligência no exterior da Força Quds, da Guarda Revolucionária do Ira. O líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, prometeu uma dura vingança pela sua morte.

        O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse que se o Irã atacar alvos norte-americanos Washington responderá com ataques contra as pessoas que orquestraram tais atos.

    Trump postou no Twitter que o Irã "está muito agressivo na retórica sobre atingir alguns ativos dos EUA" e que os EUA têm "52 alvos no Irã, alguns de valor e importância muito grandes para o Irã e a cultura iraniana, e que esses alvos, e o próprio Irã, SERÃO ATINGIDOS MUITO RÁPIDO E MUITO FORTEMENTE”.

        Os 52 alvos representariam os 52 reféns norte-americanos que foram capturados pelo Irã na Embaixada dos EUA durante a Revolução Islâmica de 1979, de acordo com Trump.

        O Irã convocou neste domingo o embaixador suíço, representante dos EUA em Teerã, para protestar contra os "comentários hostis de Trump", segundo a TV estatal do Irã.

        As tensões entre as nações aumentaram após os EUA saírem do acordo nuclear com o país em 2018 e restaurarem sanções econômicas sobre o país. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Abbas Mousavi, disse que o país avaliará neste domingo sobre seu compromisso futuro com o acordo.

        O chefe do Exército iraniano, major-general Abdolrahim Mousavi, disse à TV estatal neste domingo que os EUA não têm coragem para entrar em um conflito armado com o Irã. 

  • Bolsas árabes desabam por conflito EUA-Irã, ação da Aramco cai ao piso desde IPO 

  • DUBAI (Reuters) - As bolsas de valores do Kuwait e da Arábia Saudita caíram neste domingo, após um ataque de drones dos EUA em Bagdá que matou o comandante militar do Irã.    

    As ações da gigante petrolífera Saudi Aramco caíram 1,7%, para o nível mais baixo desde a listagem no mês passado, em uma oferta inicial (IPO) recorde.

    O comandante militar iraniano Qassem Soleimani, arquiteto das operações militares no exterior de Teerã, foi morto na sexta-feira em um ataque por drone dos EUA em seu comboio no aeroporto de Bagdá.     

    O índice do Kuwait, o de melhor desempenho da região em 2019, caiu quase 4,1%, enquanto as ações sauditas tiveram recuo de 2,2%. O índice de ações de Dubai caiu 3,1%. O índice Abu Dhabi cedeu 1,41%.     

    "Uma guerra EUA-Irã poderia reduzir 0,5 ponto percentual ou mais do PIB global, principalmente devido ao colapso da economia iraniana, mas também devido ao impacto de um aumento nos preços do petróleo", disse Jason Tuvey, economista sênior de mercados emergentes da Capital Economics, em nota.    

    O preço do petróleo saltou para 63,05 por barril na sexta-feira, o pico em mais de três meses, em meio a temores de que o conflito na região atrapalhe o fornecimento global de petróleo.

     

     

     

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário