Preços do petróleo sobem mais de 3% após ataque aéreo dos EUA matar comandante militar iraniano

Publicado em 03/01/2020 18:59

NOVA YORK (Reuters) - Os preços do petróleo saltaram para seu maior nível em mais de três meses nesta sexta-feira, depois de os Estados Unidos matarem o principal comandante militar iraniano no Iraque, gerando preocupações de que a escalada dos conflitos na região possa afetar as ofertas globais de petróleo.

Um ataque aéreo no aeroporto de Bagdá matou o major-general Qassem Soleimani, arquiteto da crescente influência militar do Irã no Oriente Médio, levando o líder supremo da República Islâmica, aiatolá Ali Khamenei, a jurar vingança.

O petróleo Brent fechou em alta de 2,35 dólares, ou 3,6%, a 68,60 dólares por barril, após tocar máxima de 69,50 dólares na sessão, maior valor desde meados de setembro, quando instalações petrolíferas da Arábia Saudita sofreram ataques.

Já o petróleo dos EUA avançou 1,87 dólar, ou 3,1%, para 63,05 dólares por barril. A máxima da sessão foi de 64,09 dólares, o mais alto nível desde abril de 2019.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta sexta-feira que Soleimani planejava matar cidadãos norte-americanos.

As tensões entre EUA e Irã aumentaram no ano passado, quando Washington voltou a impor sanções contra Teerã, e foram exacerbadas por um ataque com mísseis e drones a instalações de petróleo da Saudi Aramco, pelo qual autoridades norte-americanas culparam o Irã.

A morte de Soleimani reacendeu as tensões, gerando preocupações quanto a um possível aperto na oferta de petróleo, embora o efeito do maior risco geopolítico permaneça incerto.

"O mercado está tentando avaliar se veremos uma interrupção de oferta", disse Andy Lipow, presidente da consultoria Lipow Oil Associates.

"O Irã já viu suas exportações reduzidas aos volumes mínimos; eles têm pouco a perder em termos de exportação de petróleo."

Mais de 840 mil contratos de primeiro mês do WTI trocaram de mãos, enquanto os volumes negociados do Brent superaram os 464 mil lotes --ambos em máximas desde os ataques à Arábia Saudita.

A embaixada dos EUA em Bagdá pediu nesta sexta-feira a todos os seus cidadãos que deixem o Iraque imediatamente devido à escalada nas tensões. Dessa forma, dezenas de norte-americanos que trabalham para petroleiras estrangeiras na cidade iraquiana de Basra se preparavam para sair do local, disseram fontes corporativas à Reuters.

Ainda assim, todos os campos de petróleo do país estão operando normalmente e produção e exportações não foram afetadas, de acordo com comunicado do Ministério do Petróleo do Iraque. O órgão acrescentou que cidadãos de outras nacionalidades não estão deixando o país.

O mercado de futuros do petróleo já está começando a precificar um aperto das ofertas no curto prazo. O spread entre os contratos para dezembro de 2020 e dezembro de 2021 do petróleo dos EUA, bem como o spread correspondente para o Brent, dispararam para os maiores níveis desde outubro de 2018.

"Se a situação piorasse e as ofertas de petróleo fossem interrompidas, isso poderia gerar amplos impactos econômicos e no mercado financeiro por meio de uma forte alta nos preços do petróleo", disse em nota o diretor de investimentos da UBS Global Wealth Management, Mark Haefele.

"No entanto, a capacidade ociosa (da indústria de) petróleo continua adequada (a capacidade não utilizada da Opep e da Rússia é de cerca de 3,3 milhões de barris por dia). E nós ainda esperamos um mercado com excesso de oferta em 2020", ponderou.

Os preços também encontraram suporte em dados semanais divulgados pela Administração de Informação sobre Energia (AIE) dos EUA, que mostraram que os estoques de petróleo norte-americanos tiveram na semana passada sua maior redução desde junho.

Petróleo fecha em alta de mais de 3% após aumento de tensões entre EUA e Irã

Os contratos futuros do petróleo subiram nesta sexta-feira, 3, após o aumento das tensões entre os Estados Unidos e o Irã ter desencadeado temores de queda na oferta da commodity. Ontem à noite, um bombardeio americano no Aeroporto Internacional de Bagdá matou o general Qassim Suleimani, comandante das Forças Quds, uma unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato do WTI para fevereiro subiu 3,06%, a US$ 63,05 o barril, com alta semanal de 2,15%. E o Brent para março avançou 3,55%, a US$ 68,60 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE), com 2,59% de avanço na semana. Os dois contratos chegaram a subir mais de 4% durante o pregão.

O Irã prometeu "retaliação severa" à operação dos EUA, que também foi condenada pelo primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdul-Mahdi. Do lado americano, o presidente Donald Trump disse que o Irã "nunca ganhou uma guerra, mas nunca perdeu uma negociação", enquanto o secretário de Estado Mike Pompeo afirmou duvidar que o país islâmico realize algum ataque contra os EUA.

Segundo oficiais de defesa consultados pela NBC News, os EUA enviarão cerca de 3.500 soldados adicionais ao Oriente Médio após a morte de Suleimani.

As tensões entre Washington e Teerã aumentaram nesta semana quando membros ligados ao Kataib Hezbollah, grupo de milícias apoiado pelo Irã, tentaram invadir a embaixada americana em Badgá, em resposta a um ataque dos EUA ao grupo perto da fronteira entre Iraque e Síria no domingo. Os americanos acusam o Kataib Hezbollah de uma série recente de ataques com mísseis contra bases iraquianas, onde estão posicionadas forças americanas.

Na avaliação do ING, "até que fique mais claro como os iranianos responderão, é provável que os preços no mercado de petróleo continuem, de alguma forma, com um prêmio de risco". Segundo o banco holandês, retaliações do país islâmico podem vir por meio de ataques a petroleiros e a instalações petrolíferas ou com um interrupção dos fluxos de petróleo através do Estreito de Ormuz.

Para a BMO Markets, ainda é cedo para oferecer uma previsão de como esses eventos influenciarão, de fato, o mercado da commodity, mas "os investidores estão claramente incorporando um certo grau de preocupação de que novas escaladas disruptivas possam estar por vir".

Também hoje, o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) americano informou que os estoques de petróleo nos Estados Unidos caíram 11,463 milhões de barris, para 429,896 milhões de barris, na semana encerrada em 27 de dezembro, queda maior do que a prevista por analistas ouvidos pelo Wall Street Journal, de 3,3 milhões de barris.

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Fonte:
Reuters/Agencia Estado

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