Dólar tem maior alta em duas semanas com aversão a risco externa por tensão EUA-Irã

Publicado em 03/01/2020 17:38

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SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou esta sexta-feira com a maior alta percentual diária em duas semanas, ficando acima de 4,05 reais, conforme as operações locais replicaram o movimento de valorização da moeda no exterior diante de maior aversão a risco depois do aumento das tensões no Oriente Médio.

No mercado interbancário, em que os negócios vão até as 17h, o dólar subiu 0,74%, a 4,0555 reais na venda.

É a maior alta percentual diária desde 20 de dezembro (+0,79%). O dólar fechou no maior patamar desde 26 de dezembro (4,062 reais na venda).

Na semana, a cotação avançou 0,14%, depois de quatro semanas consecutivas de queda, nas quais acumulou desvalorização de 4,50%.

No exterior, o dólar subia firme contra moedas emergentes, enquanto o iene japonês --demandado em tempos de maior incerteza geopolítica e econômica-- liderava os ganhos nos mercados globais de câmbio ao subir 0,5% ante o dólar.

Câmbio: Aumento da tensão no Oriente Médio leva dólar a R$ 4,05 (Ag Estado)

São Paulo - A escalada da tensão comercial no Oriente Médio, após o ataque da Casa Branca que matou o comandante da Guarda Revolucionária do Irã, Qassim Suleimani, provocou forte queda das moedas emergentes e com o real não foi diferente.

O dólar operou o dia todo em alta e, no mercado à vista, fechou com valorização de 0,78%, a R$ 4,0555. No mercado futuro, a moeda para fevereiro terminou com ganho de 0,81%, a R$ 4,0635.

O volume de negócios seguiu baixo no mercado local de câmbio, com muitos investidores ainda fora das mesas de operação por conta das festas de final de ano. Mas o clima de cautela predominou durante toda a sessão, com investidores buscando refúgio no dólar até entender os desdobramentos que a morte do iraniano pode ter para a economia mundial. A consultoria inglesa Capital Economics estima que uma guerra entre Estados Unidos e Irã poderia reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) global em cerca de 0,3 ponto porcentual.

"O ataque aéreo americano desencadeou uma fuga para portos seguros no mercado de moedas", avalia o chefe da área do moedas do banco alemão Commerzbank, Ulrich Leuchtmann. Com isso, o iene se fortaleceu e as moedas emergentes foram perdedoras, ressalta ele. No Chile, o dólar chegou a subir 2% e, na África do Sul, avançava 1,5% no final da tarde. O real foi a terceira com pior desempenho entre os principais emergentes.

Leuchtmann nota que a lira turca teve movimento bem mais contido (+0,31%) que outras moedas emergentes, um indício de que os investidores mais especulativos podem já ter deixado o país, que foi alvo recentemente de sanções americanas por conta dos ataques de Istambul a bases Curdas na Síria. Ante moedas fortes, o dólar acabou ficando praticamente estável, com o índice DXY subindo 0,02% no final da tarde.

"O mercado monitora os próximos acontecimentos no Oriente Médio", afirma o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagen. A expectativa inicial após a notícia da morte de Qassim Suleimani era de um dia ainda mais nervoso para o mercado, ressalta ele. Mas na falta de outros desdobramentos, o dólar chegou até a bater mínimas no começo da tarde, a R$ 4,03. Mas com o final de semana pela frente, o clima de cautela predominou.

Em meio aos eventos no Oriente Médio, a ata do Federal Reserve (Fed) acabou não afetando os preços. Para Nagen, um evento que pode afetar as cotações é a reunião no próximo dia 15 entre Estados Unidos e China que vai marcar a assinatura do acordo comercial fase 1 entre as duas maiores economias do mundo. Os dirigentes do Fed notaram que o avanço das negociações entre a Casa Branca e Pequim reduziu os riscos para a economia mundial.

Dólar recua ante iene com busca por segurança após escalada de tensões EUA-Irã

O dólar recuou ante o iene nesta sexta-feira, 3, em meio à busca por segurança impulsionada no mercado internacional pelo aumento das tensões entre os Estados Unidos e o Irã, após um bombardeio americano no Aeroporto Internacional de Bagdá ter matado o general Qassim Suleimani, comandante das Forças Quds, uma unidade especial da Guarda Revolucionária do país islâmico.

Perto do horário do fechamento das bolsas de Nova York, o dólar caía a 108,07 ienes, enquanto o euro recuava a US$ 1,1163 e a libra esterlina registrava queda a US$ 1,3075. O índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de seis rivais fortes, fechou o dia quase estável, em leve alta de 0,008%, a 96,838 pontos, com queda semanal de 0,08%.

Nesta tarde, o presidente americano, Donald Trump, disse que o país "agiu para evitar uma guerra e não para começar uma" ao matar o general Qassim Suleimani, comandante das Forças Quds, uma unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã. O líder da Casa Branca também afirmou que os EUA vão "encontrar e eliminar terroristas" e que "o mundo está mais seguro" sem Suleimani.

Depois do ataque americano na noite de ontem, o Irã prometeu "retaliação severa" e o primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdul-Mahdi, também condenou a operação. Segundo oficiais de defesa consultados pela NBC News, os EUA enviarão cerca de 3.500 soldados adicionais ao Oriente Médio após a morte de Suleimani.

As tensões entre os dois países aumentaram recentemente quando membros do Kataib Hezbollah, grupo de milícias apoiado pelo Irã, tentaram invadir a embaixada americana em Badgá, em resposta a um ataque dos EUA ao grupo. Os americanos, por sua vez, acusam o Kataib Hezbollah de uma série recente de ataques contra tropas americanas posicionadas no Iraque.

Na avaliação do ING, o iene deve continuar em alta, "especialmente contra as moedas sensíveis ao risco diretamente expostas às exportações de petróleo pelo Estreito de Ormuz".

Ante divisas emergentes, o dólar subia a 18,9426 pesos mexicanos e a 14,3160 rands sul-africanos, mas caía a 59,7625 pesos argentinos, no final da tarde em Nova York.

Ouro fecha em alta com busca por segurança em meio a tensões EUA e Irã

 

Os contratos futuros do ouro subiram nesta sexta-feira, 3, em meio à busca por segurança nos mercados internacionais, com a escalada nas tensões entre os Estados Unidos e o Irã. Ontem, um bombardeio americano no Aeroporto Internacional de Bagdá matou o general Qassim Suleimani, comandante das Forças Quds, uma unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã.

O ouro para fevereiro subiu 1,59%, em US$ 1.552,4 a onça-troy, na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), com alta semanal de 2,26%.

Na esteira da morte do líder militar, o Irã prometeu "retaliação severa" e o primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdul-Mahdi, também condenou a operação dos EUA.

O presidente americano, Donald Trump, por sua vez, disse que o Irã "nunca ganhou uma guerra, mas nunca perdeu uma negociação", enquanto seu secretário de Estado, Mike Pompeo, afirmou duvidar que o país islâmico realize algum ataque contra os EUA.

Segundo oficiais de defesa consultados pela NBC News, os EUA enviarão cerca de 3.500 soldados adicionais ao Oriente Médio após a morte de Suleimani.

As tensões entre Washington e Teerã aumentaram nesta semana quando membros ligados ao Kataib Hezbollah, grupo de milícias apoiado pelo Irã, tentaram invadir a embaixada americana em Badgá, em resposta a um ataque dos EUA ao grupo perto da fronteira entre Iraque e Síria no domingo. Os americanos acusam o Kataib Hezbollah de uma série recente de ataques com mísseis contra bases iraquianas, onde estão posicionadas forças americanas.

Na avaliação da Capital Economics, "dado que Teerã prometeu 'retaliação severa', o preço do ouro poderia permanecer apoiado inicialmente por temores de um conflito militar maior". "Se os piores temores não se concretizarem, é provável que os preços do ouro caiam", acrescenta a consultoria.

 

 

 

 
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Fonte:
Reuters/Agencia Estado

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