China muda taxas para reduzir custo de financiamento, mas bancos devem resistir em repassar
Por Kevin Yao e Cheng Leng
PEQUIM (Reuters) - A decisão da China de mudar a maneira como os bancos estabelecem os preços dos empréstimos pode ajudar a reduzir os custos dos financiamentos, especialmente para pequenas empresas, mas a expectativa é que os credores tentarão limitar o impacto em seus ganhos não repassando o corte adiante em sua totalidade.
As ações dos bancos do país caíram até 1,5% nesta segunda-feira, lideradas pelo Industrial Bank Co Ltd, após a notícia da mudança de benchmark do final de semana, que deve afetar a precificação de empréstimos pendentes de trilhões de dólares.
Mas o índice chinês blue-chip CSI300 subiu mais de 1% e atingiu sua maior marca em oito meses, já que os investidores acreditam que a diretriz reduzirá os custos dos empréstimos corporativos.
No sábado, o Banco Popular da China (PBOC) disse que usará a taxa de empréstimo prime (LPR) para precificar os empréstimos de taxa flutuante existentes a partir de 1o de março, ampliando uma reforma divulgada em agosto, quando a LPR foi aplicada a novos empréstimos pela primeira vez.
A LPR reformulada adotada pelo PBOC em agosto está 16 pontos-base mais baixa a 4,15%, enquanto a taxa de empréstimo padrão de um ano anterior está em 4,35% desde outubro de 2015.
"Essa é uma medida importante para induzir ainda mais os bancos a cederem alguns lucros em favor da economia real", explicou Wang Yifeng, analista sênior da Everbright Securities.
"Mas como os bancos têm mais voz na precificação de empréstimos, haverá resistência", disse Wang, que estimou que a precificação de empréstimos em geral diminuirá cerca de 10 pontos-base (bps) em 2020.
A alteração representa uma grande iniciativa da China para apoiar a economia em meio a uma guerra comercial com os Estados Unidos.
Há quase dois anos os formuladores de políticas vêm tentando cortar os custos dos empréstimos para empresas pequenas e privadas que são vitais para o crescimento econômico e os empregos, mas vêm tendo que avançar cautelosamente por medo de afetar os bancos e fomentar riscos financeiros.
(Reportagem adicional de Stella Qiu e Yawen Chen, em Pequim, e Samuel Shen, em Xangai)
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