Cena externa abre espaço para realização de lucros na bolsa apesar de PIB melhor
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista perdia força nesta terça-feira, contaminada pelo viés mais negativo no cenário externo, após novos movimentos do presidente Donald Trump relacionados ao comércio global, enquanto o crescimento acima do esperado da economia brasileira no terceiro trimestre agradava agentes financeiros.
Às 11:37, o Ibovespa caía 0,23 por cento, a 108.675,51 pontos. O volume financeiro somava 3,47 bilhões de reais. Mais cedo, na máxima do dia até o momento, o Ibovespa chegou a 109.197,77 pontos.
Na cena internacional, repercutia declaração de Trump de que um acordo comercial com a China pode ter que esperar até depois da eleição presidencial norte-americana em novembro de 2020. O comentário reduziu esperanças para um fim da disputa iniciada por Washignton e que tem pesado sobre a economia mundial.
O índice norte-americano S&P 500 perdia 0,9%, mesma direção já adotada pelos principais pregões europeus.
Para a equipe da Tullet Prebon Brasil, o comportamento dos mercados no exterior favorece movimentos de realização de lucros na bolsa brasileira. Vale notar que o Ibovespa acumulava até a véspera elevação de 24% em 2019.
No Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB) acelerou a expansão para 0,6% no terceiro trimestre em relação ao segundo, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanços de 0,4% na base trimestral.
Em nota a clientes mais cedo, o estrategista Dan Kawa, sócio na TAG Investimentos, destacou que dados recentes no Brasil confiram que o país em um estágio inicial do ciclo econômico, o que deverá ficar mais evidente ao longo de 2020.
DESTAQUES
- VALE ON caía 1,6%, acompanhando o movimento de outras ações de mineradoras e siderúrgicas no exterior em meio ao noticiário mais negativo sobre o comércio global, com CSN recuando 2,4%, GERDAU PN perdendo 2,2% e USIMINAS PNA cedendo 1,4%, após ganhos na véspera.
- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON cediam 0,5% e 1%, respectivamente, alinhadas à fraqueza dos preços do petróleo no mercado global.
- SMILES ON desabava 9%, com as cotações tocando mínimas desde 2018, após a administradora de programa de fidelidade estimar na véspera desaceleração de receitas e queda de margens em 2020. O "pesadelo está se tornando realidade", disse o Bradesco BBI em relatório a clientes. A Smiles realiza encontro anual com investidores nesta terça-feira. GOL PN, controladora da Smiles, subia 1,1%.
- BANCO DO BRASIL ON subia 2,1%, maior alta do Ibovespa. Agentes financeiros citavam notícia do jornal O Globo de que a equipe econômica se prepara para começar um processo que pode levar à prvatização do BB. Autoridades do governo e o próprio presidente-executivo do banco já sinalizaram tal propósito, porém, ressalvaram as dificuldades para os planos avançarem. BB SEGURIDADE, contralada pelo BB, avançava 2,4%.
- BRADESCO PN e ITAÚ UNIBANCO PN avançavam 0,6% e 0,5%, respectivamente, contribuindo do lado positivo, enquanto SANTANDER BRASIL UNIT cedia 0,45% e BTG PACTUAL UNIT recuava 1,1%.
- BRASKEM PNA avançava 1%, tendo de pano de fundo notícias envolvendo empresa, entre elas, que a Odebrecht, controladora da petroquímica, está propondo a bancos credores manter o recebimento da maior parte dos dividendos pagos pela Braskem e que os bancos esperem um período mais longo antes de tentar vender as ações do conglomerado na empresa, conforme afirmaram à Reuters fontes a par do assunto.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)
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