Bolsonaro diz que aguardará gestões de Guedes com EUA para decidir se telefona para Trump
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse que vai aguardar as gestões que o ministro da Economia, Paulo Guedes, está fazendo junto às autoridades dos Estados Unidos para então decidir se telefonará para o presidente dos EUA, Donald Trump, após ele anunciar no Twitter nesta segunda-feira que elevará tarifas sobre o aço e o alumínio que o Brasil vende ao país.
"Paulo Guedes está entrando em contato com o governo americano, com seus correspondentes, para tratar deste assunto. Em última análise... eu ligarei para o presidente Trump", disse Bolsonaro em entrevista à TV Record.
"Sabemos que tem eleições ano que vem, isso faz parte da sua estratégia política, mas somos um grande parceiro. Acreditamos que dá para solucionar essa questão", acrescentou o presidente, referindo-se à eleição presidencial de 2020 nos Estados Unidos, quando Trump buscará a reeleição.
Mais cedo, o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, já havia dito que Bolsonaro vai avaliar a conveniência de telefonar para Trump.
Segundo o porta-voz, Bolsonaro determinou aos ministérios da Economia, das Relações Exteriores e da Agricultura que adotem medidas necessárias a fim de trazer uma solução para o assunto "que atenda os interesses dos dois países".
"Não temos a profundidade devida para tomarmos uma solução de pronto", disse Rêgo Barros, ao destacar ser "óbvio" que o presidente acompanha o tema com "muito interesse" por ser fator importante para a balança comercial brasileira.
Durante o briefing à imprensa no Palácio do Planalto, o porta-voz disse que seria "intempestivo" da parte de Bolsonaro, ainda sem ter conhecimento de todos os dados, de realizar uma ligação para Trump para discutir a questão da sobretaxa dos minérios.
Ainda assim, segundo Rêgo Barros, Bolsonaro entende que a medida tomada pelos Estados é "unilateral", mas ele tem a oportunidade de falar direto com o presidente dos Estados Unidos.
Por ora, repetindo discurso anterior de outras autoridades brasileiras, o porta-voz disse que a conversa sobre o tema está em nível técnico. Ele exemplificou que se deve falar sobre a valorização ou sobrevalorização do real frente ao dólar.
Trump justificou a retomada da taxação de aço e alumínio do Brasil e da Argentina pelo fato de, segundo ele, os dois países estarem promovendo uma "forte desvalorização" de suas moedas. [nL1N28C07N]
(Reportagem de Ricardo Brito, em Brasília, e Eduardo Simões, em São Paulo)
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