Wall Street recua após ataques na Arábia Saudita, ações de energia disparam

Publicado em 16/09/2019 21:01

(Reuters) - As ações de energia em Wall Street dispararam nesta segunda-feira, embora os três principais índices acionários tenham perdido terreno na sessão, após ataques a instalações de petróleo da Arábia Saudita no final de semana adicionarem preocupações a investidores quanto ao risco geopolítico e à economia mundial cambaleante.

O índice Dow Jones fechou em queda de 0,52%, a 27.076,82 pontos. O S&P 500 caiu 0,31%, para 2.997,96 pontos, enquanto o Nasdaq Composto recuou 0,28%, para 8.153,54 pontos.

Os ataques à maior exportadora de petróleo do mundo levaram os preços da commodity a uma alta de mais de 20% antes de devolverem parte dos ganhos, com vários países afirmando que irão liberar reservas de emergência para garantir a estabilidade da oferta.

O índice de energia do S&P 500, um dos setores de pior performance neste ano até aqui, avançou 3,3%, seu maior ganho percentual diário desde janeiro. As ações de Apache, Helmerich and Payne e Cimarex Energy saltaram entre 12% e 17% e lideraram os ganhos no S&P 500.

A coalizão militar liderada pela Arábia Saudita que luta contra o movimento iemenita Houthi disse que os ataques foram realizados com armas iranianas, elevando a perspectiva de um conflito global envolvendo Estados Unidos e Irã.

"O investidor norte-americano está esperando ansiosamente o que os EUA e seus aliados podem fazer", disse Jake Dollarhide, presidente-executivo da Longbow Asset Management.

A antecipação de maiores custos para os combustíveis derrubou as ações de companhias aéreas e operadoras de cruzeiros, com o índice de aéreas do S&P 1500 cedendo 2,1%, enquanto a Carnival recuou 3,2%.

Trump diz que alta em preços do petróleo após ataque na Arábia Saudita "não é um problema"

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, minimizou nesta segunda-feira o impacto de um salto nos preços do petróleo após ataques a instalações petrolíferas sauditas, dizendo que os valores não subiram tanto e que os EUA e outros países podem compensar a alta liberando mais oferta.

"Eles não subiram muito e nós temos reservas estratégicas de petróleo, que são massivas, e podemos liberar um pouco disso, e outros países... podem ser um pouco mais generosos com o petróleo, e você traria (os preços) para baixo na hora", disse Trump a repórteres na Casa Branca, onde se encontrou com o príncipe do Barein, Salman bin Hamad al-Khalifa.

"Isso não é um problema", afirmou.

Qual o significado dos ataques a unidades sauditas de petróleo? (análise da Reuters)

NOVA YORK (Reuters) - Os ataques às instalações sauditas de petróleo no sábado irão elevar os preços dos combustíveis em todo o mundo, na maior interrupção global em 50 anos. Saiba o que isso pode significar para os consumidores.

ONDE SENTIREI OS AUMENTOS DOS CUSTOS?

Os consumidores em todo o mundo poderão ver aumentos nos custos de tudo, de gasolina e diesel a passagens aéreas, após os ataques do final de semana causarem um salto nos preços mundiais do petróleo. Conforme os valores do transporte crescem, isso pode significar que os embarques de outros produtos, como alimentos, também possam subir de valor nos próximos meses.

COMO O PREÇO DO PETRÓLEO INFLUENCIA NO VALOR DE DIESEL E GASOLINA?

O petróleo é transformado, via refino, em vários produtos, incluindo gasolina e diesel. Os preços desses produtos flutuam de acordo com a disponibilidade de oferta, impostos e aditivos, como o etanol. O petróleo, no entanto, é o principal fator.

"O petróleo representa 50% do preço de varejo nos Estados Unidos, então à medida que o valor do petróleo sobe, o varejo acompanha", disse a porta-voz da Associação Norte-Americana de Automóveis, Jeanette Casselano.

POR QUE A ARÁBIA SAUDITA É TÃO IMPORTANTE PARA ESSA EQUAÇÃO?

A Arábia Saudita foi, por décadas, a maior produtora de petróleo do mundo, e mesmo com o impulso dos EUA e da Rússia às suas produções, o reino possui mais capacidade ociosa --a possibilidade de elevar sua produção quase que imediatamente-- do que qualquer outra nação. Essa interrupção é o maior choque de oferta em termos absolutos das últimas cinco décadas.

Como resultado, suas decisões como líder da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) ainda possuem influência substancial sobre o preço global do petróleo. Além disso, o país segue como o maior exportador petrolífero mundial, embarcando 7 milhões de barris por dia, boa parte deles para compradores asiáticos.

QUANDO OS PREÇOS COMEÇARÃO A SUBIR?

Muito em breve. Os preços nas bombas respondem muito rapidamente às mudanças nos mercados futuros, que avançaram acentuadamente nesta segunda-feira em resposta aos ataques.

Nos EUA, motoristas podem notar os preços nas bombas começando a subir ainda nesta semana, com os valores podendo avançar até 25 centavos de dólar neste mês. Os contratos futuros de gasolina e diesel na Bolsa de Valores de Nova York subiram mais de 10% nesta segunda-feira.

No Brasil, porém, a Petrobras deve buscar evitar o "nervosismo do mercado" e "aguardar um pouco" antes de reajustar preços de combustíveis, disse uma fonte da companhia à Reuters.

COMO OS CRESCENTES PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS PODEM ELEVAR OUTROS CUSTOS?

Os preços de combustíveis, especialmente do diesel, que move veículos de carga pesada, como caminhões e máquinas agrícolas, devem subir. Isso afetará os custos de transporte para que as empresas embarquem produtos. Consumidores, assim, podem ver altas nos preços de itens em seus mercados locais.

Aumentos nos preços dos combustíveis são esperados nas principais economias do mundo, com os países da Ásia especialmente sensíveis a saltos devido ao consumo energético intensivo de suas indústrias manufatureiras, disse John Kilduff, sócio da Again Capital.

Dependendo do tempo pelo qual as exportações sauditas forem afetadas, consumidores também poderão notar aumentos nos preços das passagens aéreas, por causa do prêmio sobre o valor do combustível de aviação, disse Phil Flynn, analista do Price Futures Group.

POR QUE O PREÇO DEVE SUBIR? NÃO HÁ RESERVAS DE PETRÓLEO NO MUNDO?

Sim, há. É solicitado que membros da Administração Internacional de Energia, com sede em Paris, mantenham ao menos 90 dias de importações de petróleo bruto e/ou produtos refinados em estoque para o caso de situações como essa. Os EUA já disseram que poderão usar suas reservas de petróleo caso necessário, e a Arábia Saudita também possui estoque suficiente para cobrir as exportações por um certo período.

Entretanto, os mercados globais ainda assim são afetados, pois é incerto o tempo que será necessário para que a Arábia Saudita repare os danos e retome as exportações.

Fed discute quão positivo cenário está em meio a tentativa de manter economia nos trilhos

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  • WASHINGTON (Reuters) - Um ano atrás, o chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, mantinha uma "perspectiva notavelmente positiva" para uma economia que desfrutava de uma combinação "historicamente rara" de boas notícias, incluindo baixo desemprego, inflação estável e forte crescimento --com todos devendo continuar.

Quando o Fed se reunir nesta semana, a discussão será sobre quanto dessas perspectivas foi minada e se as autoridades ainda devem descrever suas ações como simples ajustes numa política correta ou se passaram a travar uma luta mais agressiva para manter a recuperação dos EUA nos trilhos.

A ampla expectativa é que o Fed corte os juros em mais 0,25 ponto percentual na próxima quarta-feira. Mais importante, a linguagem do BC dos EUA e as novas projeções econômicas mostrarão quão profundamente uma série de problemas foi sentida --desde a intensificação da guerra comercial EUA-China e o relançamento de estímulos "à la crise" pelo Banco Central Europeu (BCE) até um conjunto de fracos dados do setor manufatureiro que pode sugerir problemas maiores para os Estados Unidos.

"No final de 2018, parecia que a economia estava avançando de maneira contínua e sólida", disse David Wilcox --até o fim do ano passado era diretor da divisão de estatística e pesquisa do Fed e hoje membro do Instituto Peterson para Economia Internacional.

"Os riscos eram predominantemente positivos e não era proeminente em nossa tela de radar ou de ninguém que as tramas da guerra comercial fossem ser levadas para o patamar em que estão... As notícias de fora, por amplo consenso, foram decepcionantes."

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) se reúne na terça e na quarta-feira, com Powell devendo falar em coletiva de imprensa na sequência.

A provável ação do Fed de reduzir a meta de taxa de juros para um intervalo entre 1,75% e 2,00%, esperam os formuladores de política monetária, impulsionará a economia, aliviando os custos de empréstimos desde financiamento para carro a títulos corporativos.

Novas projeções a serem divulgadas na quarta-feira mostrarão se as autoridades consideram que o cenário está piorando e quanto mais acham que precisam ir em termos de redução de taxas de juros ou outras medidas para se anteciparem a qualquer problema em curso.

É uma decisão difícil que tem dividido as autoridades do Fed entre aqueles que querem cortar os juros rápida e intensamente, aqueles que querem ir devagar e aqueles que não querem fazer absolutamente nada.

A "gama de pontos de vista", como Powell chama, reflete a incerteza dos últimos 12 meses, época que pode ser vista como uma das feridas autoinfligidas que empurraram os Estados Unidos --e o mundo-- de um período de crescimento estável e amplo para uma potencial estagnação.

Os indicadores econômicos dos EUA têm vindo mistos desde a última reunião do Fed em julho.

O investimento das empresas tem permanecido fraco. Os indicadores da produção industrial caíram. O crescimento do emprego desacelerou.

Ainda que tenha vindo abaixo dos 130 mil esperados, o número de empregos criados em agosto é mais do que suficiente para absorver mão de obra que ingressa no mercado de trabalho e manter a taxa de desemprego em 3,7%.

O crescimento dos salários tem continuado, e "os consumidores continuam sendo a locomotiva da economia", disse Michael Feroli, economista do JPMorgan, depois que as vendas no varejo aumentaram em agosto mais do que o esperado.

"Há poucas razões para esperar uma redução no curto prazo", pois as famílias se beneficiam de um mercado de trabalho apertado e, se o Fed reduzir as taxas de juros conforme o esperado, diminuirá os custos para financiar reformas nas casas ou outras grandes compras.

Em seus últimos comentários públicos antes da próxima reunião do Fed, Powell descreveu o mercado de trabalho dos EUA como em "uma posição bastante forte" e minimizou qualquer risco de recessão nos Estados Unidos.

No entanto, não é apenas com os dados dos EUA que Powell está preocupado.

Com os países desenvolvidos preocupados com tendências mais estruturais, como o envelhecimento populacional e a baixa produtividade que todos parecem compartilhar, cada vez mais as autoridades norte-americanas também estão observando a estagnação agora endêmica na Europa e a luta geracional do Japão para manter o crescimento e imaginando o que precisam fazer para evitar o mesmo destino.

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Fonte:
Reuters

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