Moro reafirma que vazamentos querem "anular" condenações; psolista ofende o ministro

Publicado em 02/07/2019 10:09
Sergio Moro foi preciso: “Há uma tentativa criminosa de invalidar condenações” e que por trás das mensagens roubadas está alguém interessado em impedir que as investigações prossigam, mas que é preciso esperar o resultado das investigações que estão sendo feitas pela PF.(em O Antagonista)

Após quase oito horas de audiência, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) afirmou que o “a história não absolverá” o ministro, que será lembrado “pelos livros de história como o juiz que se corrompeu, como um juiz ladrão”.

A fala do parlamentar gerou um forte tumulto na comissão e congressistas da base do governo fizeram um cordão de isolamento para retirar o ministro da sessão, encerrando de forma brusca a audiência sem que os deputados ainda inscritos pudessem fazer questionamentos a Sergio Moro.

 A gritaria, que quase chegou às vias de fato, começou após faça do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que chamou o ex-juiz de “corrupto” e “ladrão”. Na sequência, puxados pelo deputado Éder Mauro (PSD-PA), os governistas foram para cimado psolista. A presidente da sessão, Marcivania Flexa (PCdoB-AP), optou por encerrar a sessão após Mauro e Bibo Nunes (PSL-RS) falarem que ela não tinha pulso para comandar a comissão. Moro deixou a sessão escoltado por seguranças.

Antes da confusão que o obrigou a deixar a CCJ da Câmara, Sergio Moro respondeu a dezenas de perguntas dos deputados durante quase 8 horas.

Em resposta à deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT, Moro respondeu: "Não sou eu que sou investigado por corrupção", em uma provável referência indireta a processos contra a petista.

Discussão entre parlamentares na Câmara após depoimento de Sergio Moro

Moro classificou o vazamento das mensagens de "escândalo fake já afundado ou afundando”, "um balão vazio”, e criticou o Intercept. Disse ter ficado com a impressão de que o veículo queria que fosse ordenada uma busca e apreensão. “Talvez para aparentar uma espécie de vítima, um mártir da imprensa ou coisa parecida”, afirmou. 

Ele disse que a OAB "embarcou no sensacionalismo barato dos primeiros dias", ao sugerir que o ministro saísse do cargo para que as investigações fossem conduzidas de forma isenta.

Na troca de mensagens, o à época juiz dá orientações aos procuradores, sugere a inversão de ordem de fases da Lava Jato e até indica testemunha de acusação ao Ministério Público Federal.

Na Câmara, Moro disse ser “um grande defensor das instituições” e fez referência aos atos realizados no domingo (30) pelo país, que tiveram entre as pautas a sua defesa. 

“Houve um movimento expressivo no fim de semana em que várias pessoas apoiaram o trabalho da Lava Jato", afirmou. "O Brasil saiu nos últimos anos do lugar comum, da impunidade e da grande corrupção”, completou.

O Antagonista listou abaixo os principais pontos destacados pelo ministro:

Sergio Moro: “Há uma tentativa criminosa de invalidar condenações” (na Reuters)

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, reafirmou, durante forte embate entre apoiadores e críticos do ex-juiz da Lava Jato na audiência nesta terça-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que o vazamento das supostas conversas entre ele e um procurador da força-tarefa da operação visa "anular" condenações e o avanço de atuais apurações

"Minha opinião informal é que alguém está por trás dessas informações e o objetivo principal é invalidar decisões da Lava Jato e impedir novas investigações", disse Moro.

Nas primeiras horas da audiência, Moro adotou a mesma linha de atuação da semana passada, quando participou de audiência na CCJ do Senado para falar sobre os supostos diálogos divulgados no mês passado pelo site Intercept Brasil.

O ministro repetiu que não reconhecia a autenticidade das conversas, foi vítima de uma atuação criminosa de hackers, afirmou que haveria elementos para dizer que elas teriam sido adulteradas pelo fato de o site ter reconhecido erro em informações públicas e mais uma vez minimizou o suposto conteúdo sob o argumento de que não conteria qualquer irregularidade.

"Atuei com correção, dentro da legalidade e com imparcialidade. isso é confirmado pela manutenção das minhas decisões por instâncias superiores", disse, rechaçando partidarismo porque a operação atingiu "praticamente" todos os partidos políticos.

Moro também exaltou os feitos da Lava Jato e o apoio popular que a operação recebeu, citando as manifestações populares de domingo que apoiaram a atuação dele e defenderam o governo Bolsonaro. Ele novamente disse que aceitou o convite para atuar no governo após as eleições.

O ministro estava se beneficiando dos embates entre aliados e críticos na comissão e do andamento dos trabalhos da CCJ --as perguntas são feitas em bloco por vários deputados e ele escolhido quais responder durante seus 7 minutos de fala.

Durante os embates, o presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), chegou a afirmar que encerraria a reunião e comparou o tumulto à "Escolinha do Professor Raimundo", programa humorístico da TV Globo. Em outra intervenção, Francischini disse que os embates podem ser resolvidos no diálogo.

(Reportagem de Ricardo Brito)

Moro reitera que conversa entre juízes e promotores é trivial

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, reafirmou hoje (2), que “são coisas absolutamente triviais no cenário jurídico” brasileiro conversas entre juízes, membros do Ministério Público e advogados. Moro é ouvido neste momento por três comissões da Câmara dos Deputados: Constituição e Justiça (CCJ); de Trabalho, Administração e Serviço Público; de Direitos Humanos e Minorias.

“Vamos esclarecer que, na tradição jurídica brasileira, é comum que juízes falem com procuradores, é comum que juízes falem com advogados”, afirmou. “Isso são coisas absolutamente triviais dentro do cenário jurídico”, acrescentou ao reiterar o que já havia falado no Senado, no mês passado.

O ministro disse que consultou alguns colegas estrangeiros, e também obteve afirmações de pessoas estrangeiras, que também não vislumbraram qualquer maior ilicitude no conteúdo que foi divulgado pelo site de notícias The Intercept Brasil.

O ministro reiterou que não reconhece o conteúdo das mensagens veiculadas pela imprensa e que elas podem ter sido adulteradas. Para ele, até o momento, as conversas atribuídas a ele “são um balão vazio cheio de nada”.

Moro foi convidado pelas comissões para apresentar sua versão sobre as supostas conversas que teria mantido com integrantes da força-tarefa quando ainda era juiz da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba, onde são julgados os processos da Lava Jato que tramitam no Paraná.

Os deputados querem esclarecimentos sobre supostas conversas mantidas por meio de um aplicativo de troca de mensagens por celular obtidas por uma fonte anônima e entregues ao site The Intercept Brasil. O site está, desde o dia 9 de junho, publicando reportagens com base nos diálogos atribuídos ao ministro Sergio Moro e aos procuradores, entre eles, o coordenador da força-tarefa, o procurador Deltan Dallagnol.

Ao abrir a audiência, o ministro argumentou ainda que a invasão de celulares de autoridades para obter mensagens faz parte de uma "tentativa criminosa de invalidar condenações" da Operação Lava Jato.

“A minha opinião, e aqui é uma opinião informal, é que alguém com muitos recursos está por trás dessas invasões e que objetivo principal seria invalidar condenações da Operação Lava Jato e impedir novas investigações. Seria alguém com recursos, porque não é tentativa de ataque a um celular, mas tentativa de ataque a vários, em alguns casos talvez com sucesso, o que não parece corresponder à atividade de um adolescente com espinhas na frente do computador”, ressaltou.

Por Heloisa Cristaldo - Repórter da Agência Brasil

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Por:
Luiz Cláudio Canuto
Fonte:
Câmara dos Deputados

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