Dólar toca R$ 4,02 pela 1ª vez no ano com dados fracos de China e EUA
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia ante o real nesta quarta-feira, tendo superado o patamar de 4,02 reais pela primeira vez no ano, em meio à renovada aversão ao risco após a divulgação de dados fracos sobre a economia chinesa e queda inesperada nas vendas no varejo dos Estados Unidos em abril.
Às 10:18, o dólar avançava 1,02%, a 4,0163 reais na venda.
Na máxima da sessão, a moeda tocou 4,0225 reais. O dólar futuro ganhava cerca de 1% neste pregão.
Na véspera, a moeda norte-americana encerrou com variação negativa de 0,09%, a 3,9758 reais na venda.
A moeda norte-americana acelerou a alta após dados que mostraram uma queda inesperada de 0,2% nas vendas no varejo dos EUA em abril, enquanto pesquisa Reuters projetava aumento de 0,2%.
Mais cedo, o dólar já era impulsionado por dados que mostraram que o crescimento das vendas no varejo e na produção industrial da China de abril foi inesperadamente fraco.
"A frustração das expectativas faz preço e se soma ao cenário de alta tensão no âmbito comercial, alimentando a falta de 'coragem' de investidores em ensaiar uma recuperação mais expressiva dos principais ativos de risco globais após delicadas sessões recentes", disse a corretora H.Commcor em nota.
No entanto, a expectativa de que o governo chinês atuará com novas medidas de estímulo, pressionado também pela guerra comercial com os EUA, traz certo alívio e, se confirmadas tais medidas, podem beneficiar ações e moedas emergentes.
A disputa comercial ainda permanece no radar, mas fica em segundo plano após declarações conciliatórias do presidente norte-americano Donald Trump, na véspera.
Do lado doméstico, o mercado segue monitorando o noticiário político em dia que deverá ser marcado por manifestações contra o governo de Jair Bolsonaro devido a cortes nas verbas das universidades públicas.
No fim da terça-feira, parlamentares da oposição e do centrão se uniram e conseguiram aprovar uma convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que deverá ir à Câmara para explicações sobre o contigenciamento.
"Toda a história com o ministro da Educação, com a possibilidade de greve por conta do corte no MEC e a decisão unânime da Câmara em chamá-lo sugere mais um ponto de fraqueza do governo", afirmou a estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte.
Bolsonaro e alguns de seus ministros, incluindo o da Economia, Paulo Guedes, viajam aos Estados Unidos nesta quarta-feira.
O Banco Central realiza nesta sessão leilão de até 5,05 mil swaps cambiais tradicionais, correspondentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de julho, no total de 10,089 bilhões de dólares.
(Por Laís Martins)
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