Alguém precisa conversar com Maduro, defende Mourão
BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente Hamilton Mourão defendeu nesta sexta-feira que é preciso abrir o diálogo com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para que se faça uma transição no país.
Mourão foi questionado sobre uma fala do presidente Jair Bolsonaro que, em café da manhã na quinta com alguns jornalistas, teria cogitado a hipótese de se encontrar com Maduro em "território neutro" para tratar de sua saída do poder.
"Alguém tem que conversar né? Trump não foi conversar com Kim Jon-un?", disse.
Mourão acrescentou, no entanto, que não houve nenhum contato prévio com o governo venezuelano e ressaltou que, ao tratar do tema ,Bolsonaro estava respondendo uma pergunta e era apenas algo hipotético.
Mais cedo, ao sair de um encontro com o próprio Mourão, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que não havia negociações com Maduro e nenhuma perspectiva concreta de mudança no país ao vizinho. No entanto, ao contrário de Mourão, afirmou que o Brasil não admitia negociações com o governo venezuelano.
“Qualquer diálogo tem que ser entre eles. Nós não queremos colocar no mesmo pé o regime que consideramos legítimo e o de Maduro”, disse Araújo. “Se outros países quiserem intermediar ou interferir nesse diálogo não nos parece que seja o caminho.”
O chanceler defendeu que a visita de Guaidó foi um sucesso e serviu para o Brasil mostrar que considera o autoproclamado presidente uma alternativa séria de poder na Venezuela. E que esse continua sendo o caminho do Brasil e do grupo de Lima.
“Nosso próximo passo é o reforço do governo Guaidó, é com eles que nós falamos", disse Araújo, acrescentando que "no momento não tem articulação" para intermediação.
Questionado sobre a possibilidade de envolver países como China e Rússia, que ainda apoiam Maduro, Araújo afirmou que já existe uma articulação no Grupo de Lima com “diferentes atores internacionais”, inclusive os dois países. Lembrou ainda que o Brasil já se ofereceu para “esclarecer a situação da Venezuela” aos dois países.
O chanceler brasileiro avaliou que seria um “absurdo completo” se Guaidó for preso ao voltar a Caracas, como ameaça Maduro, e disse que espera que isso não aconteça. Uma reação, no entanto, dependeria de articulação com o grupo de Lima.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)
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