Brasil não apoia eventual intervenção militar na Venezuela para forçar saída de Maduro, diz Mourão
Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Brasil não vai apoiar uma eventual intervenção militar na Venezuela para forçar a saída do presidente Nicolás Maduro da Presidência do país vizinho, disse à Reuters o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, nesta sexta-feira.
O que se busca na Venezuela, segundo Mourão, é uma solução para a crise que evite decisões dessa natureza. “Nossa visão é sem apoio a uma intervenção (militar)”, afirmou.
O líder da oposição venezuelana e presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se declarou na quarta-feira presidente interino do país, sendo reconhecido como tal pelos Estados Unidos, Brasil e outros países.
Rússia, México e alguns outros países, no entanto, declararam apoio ao governo Maduro.
Mourão reforçou a ideia de que o ideal seria que Maduro e seus aliados deixassem a Venezuela para o bem da população.
Com o aumento da tensão na Venezuela que gerou protestos e manifestações de rua que deixaram mortos e feridos, uma das preocupações do Brasil é com um possível aumento no êxodo de venezuelanos para o Brasil, disse o vice-presidente.
“Estamos atentos a isso”, afirmou.
Desde o agravamento da crise econômica, social e institucional no país vizinho muitos venezuelanos cruzaram a fronteira com o Brasil para fugir dos problemas no próprio país.
Após a autodeclaração de Guaidó como presidente interino, o governo brasileiro afirmou, em nota do Ministério das Relações Exteriores, que está comprometido em apoiar o "processo de transição" na Venezuela, e o presidente Jair Bolsonaro comentou a situação do país vizinho durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos.
"A história tem nos mostrado que ditaduras não passam o poder para a oposição de forma pacífica, e nós tememos as ações da ditadura Maduro", disse Bolsonaro em entrevista à TV Record na noite de quarta-feira.
"Obviamente tem países fortes dispostos a outras consequência... como anunciado pelo governo Trump. Obviamente o Brasil acompanha com muita atenção e estamos no limite daquilo que podemos fazer para restabelecer a democracia naquele país".
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