BRF acerta venda de mais de R$ 800 mi em ativos de plano de R$ 5 bi até fim do ano
SÃO PAULO (Reuters) - A BRF assinou acordos para venda de 822 milhões de reais em ativos de um plano de desinvestimentos total de 5 bilhões de reais até o final deste ano, afirmou nesta sexta-feira o vice-presidente de operações da companhia dona das marcas Sadia e Perdigão, Lourival Luz.
Segundo o executivo, o valor envolve os acordos anunciados mais cedo nesta sexta-feira com a Marfrig para a venda da empresa argentina Quickfood e de uma fábrica de produtos de carne bovina em Várzea Grande (MT), e ativos considerados não essenciais pela empresa como imóveis no Brasil e no exterior.
Além da meta de venda de 5 bilhões de reais, decidida em meados do ano em um momento em que a empresa vivia os efeitos de uma crise de fracos resultados e investigações desencadeadas pela operação Carne Fraca, da Polícia Federal, Luz confirmou objetivo da BRF de obter uma relação de dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 4,35 vezes neste ano ante 6,74 vezes no fim de setembro.
Luz não deu detalhes sobre o estágio das negociações da BRF sobre o restante dos ativos a serem vendidos, que inclui outras instalações produtivas na Argentina, além de fábricas na Europa e Tailândia.
"Nosso objetivo é buscar a contratação dessas transações até o final do ano", disse Luz acrescentando que deve viajar para a Argentina na próxima semana.
As ações da BRF exibiam estabilidade às 12h25, a 23,07 reais, enquanto o Ibovespa tinha valorização de 0,75 por cento.
Luz disse que os 60 milhões de dólares oriundos da venda da Quickfood e os 100 milhões de reais da venda da fábrica e terreno no Mato Grosso devem entrar no caixa da BRF em janeiro. A BRF tem vencimentos de 1,7 bilhão de reais em dívidas no primeiro trimestre, e vai usar os recursos com as vendas de ativos para reduzir alavancagem.
Segundo o executivo, a BRF tem "excesso de caixa" se for considerado que a empresa tem recursos disponíveis de 6,3 bilhões de reais, além dos 822 milhões de vendas de ativos e a geração de caixa de 2019. "Temos mais do que o suficiente para pagar toda a dívida", disse o executivo.
Ele acrescentou que a venda da Quickfood deve gerar uma perda contábil para a BRF no balanço do quarto trimestre, diante do valor menor de venda da unidade em relação ao pago pela BRF para ficar com empresa sete anos atrás. O valor do impacto contábil, no entanto, ainda não foi calculado, disse Luz.
(Por Alberto Alerigi Jr.)
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