Ibovespa fecha em queda com rumores sobre cena eleitoral; Magazine Luiza avança

Publicado em 07/08/2018 18:18

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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, em meio a uma onda de boatos relacionados ao cenário eleitoral, conforme a bolsa paulista segue sensível a perspectivas relacionadas à corrida presidencial, enquanto Magazine Luiza fechou em máxima histórica após resultado forte no segundo trimestre.

O Ibovespa caiu 0,87 por cento, a 80.346,52 pontos. O volume financeiro somou 11,89 bilhões de reais.

Mais cedo, no melhor momento, o Ibovespa subiu 0,85 por cento, encontrando suporte no cenário externo favorável, com Wall Street no azul e commodities em alta.

Na parte da tarde, contudo, o humor mudou apesar do quadro ainda benigno lá fora, em movimento puxado pelas ações de bancos e da Petrobras.

De acordo com profissionais da área de renda variável, os rumores incluíam pesquisas com resultados desagradando o mercado e iminente eventual delação envolvendo o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, candidato à Presidência pelo PSDB.

"Não tem nada de concreto, cada um com quem você fala ouviu algo diferente", afirmou um operador de uma corretora no Rio de Janeiro.

De fato, investidores estão na expectativa de novas pesquisas eleitorais, principalmente Datafolha e Ibope, após a definição das chapas que estarão na disputa presidencial, conforme o quadro ainda segue bastante nebuloso.

DESTAQUES

- MAGAZINE LUIZA subiu 5,72 por cento, para 145,90 reais, máxima histórica de fechamento, tendo atingido 148,49 reais no melhor momento do dia, recorde intradia, após a varejista quase dobrar o lucro líquido do segundo trimestre para 140,7 milhões de reais, registrando no período a maior expansão trimestral de vendas em cinco anos. Para o Morgan Stanley, os resultados foram surpreendentemente fortes.

- BRADESCO PN caiu 1,51 por cento, respondendo pela maior pressão de baixa no Ibovespa, conforme o setor de bancos segue vulnerável a expectativas sobre o rumo das eleições. ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 0,6 por cento, BANCO DO BRASIL recuou 2,13 por cento e SANTANDER BRASIL UNIT perdeu 1,59 por cento.

- PETROBRAS PN caiu 1,57 por cento, também revertendo os ganhos da primeira etapa da sessão, apesar de o petróleo Brent fechar em alta no exterior com apreensão sobre oferta após sanções dos EUA ao Irã. Destaque também para a notícia de que o diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Aurélio Amaral, disse que a autarquia segue avaliando documentos para poder pagar a Petrobras e outras companhias valores referentes à primeira fase do programa de subsídio ao diesel.

- VALE valorizou-se 0,67 por cento, favorecida pelo avanço dos preços do minério de ferro na China

- BRADESPAR PN caiu 4,73 por cento, após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) não conceder medida cautelar para suspender ordem judicial para que a holding e a Litel depositem cerca de 4,5 bilhões de reais em ação de indenização à Elétron. O BTG Pactual considerou a notícia negativa, dizendo que uma perda relevante parece mais provável no curto prazo.

- IGUATEMI perdeu 2,99 por cento, também entre as maiores quedas. A administradora de shopping centers divulga balanço após o fechamento e a expectativa é de números fracos para o segundo trimestre. Também no radar esteve notícia do portal G1 de que a Polícia Civil do Distrito Federal fez buscas nesta terça-feira para investigar crimes de tráfico de influência no governo, para favorecer negócios privados, com o shopping Iguatemi em Brasília entre os alvos. Procurada pela Reuters, a empresa disse que o "todos os requerimentos inerentes aos planos de expansão do empreendimento foram devidamente protocolados atendendo aos trâmites legais".

Tributar dividendos vai contra desenvolvimento de mercado de capitais, diz Ancord

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A tributação sobre dividendos que vem sendo defendida por muitos candidatos à Presidência teria um efeito contraproducente no desenvolvimento do mercado de capitais no Brasil, disse o presidente Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord).

"O mercado de capitais precisa de incentivos...é muito cedo para ter essa discussão", afirmou Caio Villares, citando que a queda recente dos juros no país tem alimentado apostas positivas para o setor, mas que o crescimento da indústria ainda é contido por fatores como o perfil dos investidores brasileiros, questões macroeconômicas e até mesmo a concentração no segmento.

A opção de tributar a remuneração paga a acionistas de empresas por meio de dividendos tem sido aventada por candidatos de diferentes ideologias como alternativa para melhorar as contas públicas, que fecharam junho com déficit primário de 13,491 bilhões de reais.

Em entrevista recente ao canal Globonews, o presidencial do PSDB, Geraldo Alckmin, citou a tributação de dividendos como contrapartida, por exemplo, a uma eventual redução do que chamou de "imposto corporativo" --imposto de renda sobre a pessoa jurídica e a contribuição social sobre lucro líquido (CSLL).

Na mesma linha, o candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, afirmou também em entrevista à Globonews que um dos focos na sua reforma tributária é a tributação de lucros e dividendos, afirmando que "o mundo inteiro cobra tributo sobre lucros e dividendos empresariais, só Estônia e Brasil que não".

Villares, da Ancord, pondera que o assunto pode começar a ser discutido, mas reforça que o mercado brasileiro ainda precisa amadurecer mais, com uma medida dessas neste momento apenas reduzindo o apetite dos já relativamente poucos investidores de ações.

Dados da B3 de julho mostram apenas 736.781 pessoas físicas investindo ações ou outros ativos na bolsa, em um universo de mais de 100 milhões de pessoas, considerando a medida com pessoas de 14 anos ou mais de idade na força de trabalho, conforme Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) contínua do IBGE.

Para Villares, a queda da Selic para a mínima histórica de 6,5 por cento ao ano tem ajudado a fomentar o interesse dos investidores por ativos mais arriscados, como as ações, em busca de melhor rentabilidade. "Muitos (investidores) estão aproveitando esse momento de juros decrescentes para ter contato com o mercado de capitais, com a bolsa."

Tal cenário tem endossado investimentos no setor por várias casas, particularmente em tecnologia, mas ele afirma não vislumbrar um 'boom' no setor, por exemplo, no que diz respeito a novas casas ou mesmo na migração de fintechs, como fez a Toro Investimentos no passado recente, que colocou sua corretora de valores em operação em meados de julho.

"Acho improvável... A Toro foi um caso específico, já tinha um histórico na área de investimentos, tinha sido agente autônomo, tinha uma massa crítica", afirmou, ponderando, contudo, que não descarta que algumas fintechs busquem "plugar" seus sistemas na infraestrutura de algumas corretoras, estratégia que parece mais interessante e é mais barata.

Ele não descarta uma ou outra operação de fusão e aquisição entre casas menores, mas afirma não observar interesse de investidores estrangeiros neste momento no setor no Brasil, o que atribui, em parte, ao momento eleitoral.

"Devemos sentir o apetite dos estrangeiros no segmento quando o novo presidente for conhecido e o que ele pretende fazer."

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Fonte:
Reuters

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