Líderes do blocão fecham com Alckmin, mas "dever de casa" precisa ser feito antes de formalizar apoio

Publicado em 20/07/2018 09:45

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Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - Líderes dos partidos do chamado blocão --grupo formado por DEM, PP, PRB, PR e Solidariedade-- decidiram fechar apoio ao pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, mas a formalização do apoio depende ainda do "dever de casa" a ser feito pelas partes, disse à Reuters um presidente de uma sigla do grupo. "Fechado, desde que os deveres de casa sejam feitos", disse esse presidente de partido à Reuters nesta sexta-feira, referindo-se à necessidade de acerto de palanques regionais. Ele acrescentou que o anúncio oficial deverá ser feito na quinta-feira da próxima semana.

De acordo com esta fonte, que pediu para não ter seu nomerevelado, o acerto inclui o compromisso de Alckmin de, se eleitono pleito de outubro, buscar uma solução para o financiamento desindicatos, após a extinção do imposto sindical na reformatrabalhista. A demanda atende ao Solidariedade, partidopresidido pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SP), presidenteda Força Sindical. Ficou combinado, ainda de acordo com essa fonte, que oacordo incluirá a reeleição do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ)como presidente da Câmara dos Deputados em 2019. Maia lançou suapré-candidatura ao Planalto, mas já desistiu da postulação, apesar de ainda não ter anunciado publicamente. A decisão do blocão de apoiar Alckmin aconteceu depois deuma reunião de lideranças deste grupo de partidos com opresidenciável tucano na quinta-feira, em São Paulo, e implicaem uma reviravolta na corrida presidencial, já que as siglas do blocão vinham pendendo para um apoio ao pré-candidato do PDT, Ciro Gomes. Uma contraofensiva de Alckmin e de interlocutores ligados aele, somado à entrada do PR na negociação, mudou o jogo, depois que a cúpula do PDT e até mesmo lideranças do blocão admitirem que estava praticamente certo um acordo com Ciro. Uma sucessão de atitudes do próprio presidenciável pedetista contribuiu para uma mudança de humor nesse xadrez. Alckmin desmarcou uma agenda de pré-campanha no interior deMinas Gerais na quinta para permanecer em São Paulo e intensificar as tratativas para atrair o blocão para suacandidatura. O tucano será formalizado candidato do PSDB àPresidência na eleição de outubro na convenção do partido,marcada para 4 de agosto em Brasília. O secretário-geral do PSDB, deputado federal Marcus Pestana(MG), afirmou à Reuters na quinta-feira que a negociação parafechar a aliança com o blocão estava indo bem, mas que haviaquestões pontuais que estavam sendo conduzidas por Alckminpessoalmente. "Nós temos que respeitar o tempo dos potenciais aliados. Nóstemos mais afinidades, e o Ciro Gomes ajuda a realçar isso.Quando ele mostra o apreço que ele tem pelo Ministério Público,quando ele trata da questão da Boeing com a Embraer, facilitabastante o nosso trabalho", disse Pestana (MG), que enfatizouque um anúncio caberá aos partidos do blocão. Outras lideranças do grupo de legendas já haviam afirmado à Reuters na quinta que o acerto com o pré-candidato do PSDB estava mais perto. Uma dessas lideranças, quando indagada sobre o motivo quelevou o blocão a voltar-se a Alckmin, disse apenas que o "juízo"tem pesado em favor do tucano. Nesta semana, Ciro voltou a criar polêmica ao xingar umapromotora, sem saber tratar-se de uma mulher, que pediu aberturade inquérito contra ele por injúria racial, após o pedetistachamar o vereador paulistano Fernando Holiday de "capitãozinhodo mato". Também gerou controvérsia ao divulgar uma carta enviada àslideranças das fabricantes de aviões Boeing e Embraer solicitando que seja desfeito um acordo de parceriaentre as companhias. O governo brasileiro tem uma "golden share"na Embraer que lhe dá poder de veto sobre decisões da companhia. REUNIÕES Na quarta-feira à noite, dirigentes do grupo, em encontro que contou com a presença do cacique do PR, Valdemar CostaNeto, definiram que vão tomar uma posição conjunta na sucessãopresidencial e ofereceram o nome do empresário Josué Gomes,filiado ao PR, para ser candidato a vice. Dirigentes do blocão voltaram a se reunir na manhã e inícioda tarde de quinta em Brasília e divulgaram uma nota em queafirmam que o momento é de "ponderar, em conjunto, o melhorcaminho do Brasil" e que uma decisão comum será anunciada nasemana que vem. Por ora, Alckmin só tem o apoio formal do PTB, o primeiropartido a anunciar uma aliança presidencial para outubro. Otucano tem ainda promessas de acordo com o PSD e o PPS e, seemplacar um acerto com o blocão, poderá ter um bomtempo da propaganda eleitoral de rádio e TV --tradicionalmenteum dos principais trunfos para a disputa presidencial. Já o PDT, que realiza convenção nesta sexta-feira paraoficializar a candidatura de Ciro, não fechou aliança formal comqualquer partido até agora. Eufórico dias atrás com o possível acordo com o blocão, opresidente do PDT, Carlos Lupi, minimizou, ainda na quinta, o impacto de não ter o apoio do grupo, após a reunião de Alckmin com líderes do blocão. "Qual o prejuízo de perder aquilo que nunca tivemos? Nãovamos ficar isolados. Vamos dar tempo ao tempo", disse, ementrevista na noite de quinta-feira na sede do PDT em Brasília.

(Reportagem adicional de Ricardo Brito e Maria Carolina Marcello, em Brasília, e de Eduardo Simões, em São Paulo; Edição de Alexandre Caverni e Raquel Stenzel)

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Fonte:
Reuters

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